Capítulo 12

Nicolas preparou uma ótima lasanha para gente, estava bem saborosa.

Comemos, conversamos e agora estamos deitados na minha cama.

Ele tomou banho e vestiu uma peça de roupa que tinha dentro do seu carro.

Ele comprou e nem se quer tirou da sacola. Ainda estava com a etiqueta.

Estamos deitados de frente para o outro apenas nos observando.

- por que não me conta o que tanto está te deixando preocupado? - toco a ponta do seu nariz com meu dedo.

Eu sei que algo está afligindo ele, mas o mesmo não quer contar, talvez para não me deixar preocupada.

- são coisas minhas - ele segura a minha mão - não quero que se preocupe com nada - ele sorri de lado e me puxa para mais perto rodando os seus braços sobre o meu corpo.

Ele tem razão, eu prefiro não saber de nada relacionado ao " trabalho " dele, na máfia.

Não quero que isso nos atrapalhe.

Fecho os meus olhos e encolho o meu corpo para caber ainda mais em seus braços.

Eu só quero dormir sentindo seu cheiro e esquecer um pouco dos problemas.

Amanhã é domingo e eu vou ficar em casa, é meu dia de folga e eu vou aproveitar para descansar.

(...)

Eu acordei às cinco da manhã, passei uma vassoura em casa, arrumei meu guarda roupas sem fazer barulho para o Nick não acordar e fiz o nosso café da manhã.

Ele parece estar bem cansado, e também teve pesadelos durante a noite.

Ele se revirou na cama a noite toda, falava coisas que não dava para entender e eu fiquei apreensiva.

Foi angustiante vê-lo daquela forma.

- bom dia! - sorrio ao sentir seus braços rodearem minha cintura.

Sua voz rouca ao acordar é extremamente excitante.

- bom dia! - viro para encará-lo - conseguiu descansar?

- consegui, só tive alguns pesadelos durante a noite - ele se afasta passando as mãos no rosto e jogando o cabelo para trás.

- desculpa se te deixei assustada, não foi minha intenção.

- não se preocupe, eu só fiquei um pouco aflita em te ver daquele jeito - começo a colocar a mesa do nosso café - está com fome?

- estou faminto!

- então vamos comer - sento em uma cadeira observando ele fazer o mesmo - tá, eu quero saber o que está acontecendo.

- não quero que se preocupe com nada - ele dá um gole no café - fique tranquila.

- Nick, somos um casal agora - seguro sua mão em cima da mesa - e por mais que tudo isso para mim seja meio difícil, eu não consigo te ver assim, tão aflito sem me importar, quero que se abra comigo, mesmo eu não entendendo muita coisa, eu quero te ouvir e te dar apaio.

- eu estivesse com o Simon, ele é meu inimigo e está sempre tentando me sabotar - ele solta o ar dos pulmões - sabe que vou abrir o Casino em poucos dias e isso o deixou irritado, mas ontem, enquanto conversamos, ele deu a entender que existe um traidor ao meu lado.

- traidor?

- nesse mundo onde vivo, não se dá para confiar em ninguém, e eu acabo confinado demais nas pessoas ao meu redor - ele aperta minha mão - Bruno andou muito estranho durante esses dias.

- desconfia do seu irmão?

- não é que eu desconfie, mas fico apreensivo, Jai - ele fecha os olhos por alguns estantes - Bruno é jovem, sonhador, e mesmo que não queira agir contra mim, talvez alguém possa está tentando fazer a sua cabeça, alguém que queira me derrubar.

- já falou com ele sobre isso?

- eu fiz algumas breves perguntas, mas é claro que ele negou - ele olha para mim como se estivesse buscando uma solução.

- por quê não bota alguém para seguir ele? Alguém de extrema confiança ou um detetive particular, só assim vai tirar as suas dúvidas sem criar uma batalha contra ele - dou minha ideia sem ter muita certeza se dará certo, mas é uma ideia boa.

- ótima ideia! - ele acente com a cabeça.

- conversa com ele antes de contratar o detetive, pressiona o seu irmão, quem sabe ele conta o que está acontecendo?

- é, talvez eu consiga arrancar alguma coisa dele antes de tomar qualquer decisão - ele come um pedaço do bolo de milho e sorrir para mim - muito obrigada, confesso que estou me sentindo um pouco aliviado em ter me aberto com você.

Sorrio ao ouvir suas palavras, ele parece ter sido sincero, e eu estou extremamente feliz em ajudá-lo.

- o que será que fizeram com o corpo do Marcos?

Esse é um assunto que machuca muito, e por mais que eu tente seguir a minha vida, ainda não consigo acreditar que perdi meu irmão.

Sempre fomos nós dois contra tudo, contra o mundo e do nada, de uma hora para outra ele mostrou um lado que eu não conhecia.

- eu juro que não sei o que houve com ele, mas se quiser, eu posso tentar descobrir.

- não, deixe para lá - engulo em seco tentando conter minha emoção - eu sinto falta dele, Marcos não era uma pessoa ruim - desisto de segurar minha emoção - eu o amava, era a minha única família e agora eu estou aqui, sozinha.

- não está só - ele levanta da cadeira e me puxa para um abraço - eu estou do seu lado e nunca, ouviu bem, nunca vou te deixar sozinha - ele me aperta em seus braços enquanto me desmancho em lágrimas.

- promete que nunca vai me deixar sozinha? - olho para ele.

- eu prometo - ele acaricia meu rosto - eu amo você, Jai - ele sorrir de lado - eu daria minha vida pela sua se fosse preciso.

- não fala isso.

- acha que eu poderia viver sem você? É a minha luz em meio a toda essa escuridão que vivo - ele deposita um beijo em minha testa.

- eu tenho medo de perder você também - deixo meu medo transparecer - medo de alguém chegar aqui e falar que você não está mas nesse mundo, de falar que acabaram de esmagar a outra metade do meu coração.

- isso não vai acontecer.

- você promete? - encaro ele esperando uma resposta - promete?

- eu prometo, Jai, nada vai acontecer comigo e muito menos com você.

(...)

Fizemos amor em seguida.

Acho que nunca me senti tão amada e desejada, Nicolas vem sendo minha terapia, e acho que criei uma dependência emocional em relação a ele.

- o que acha? - estou conversando com a Lilly enquanto preparo uma sopa para a gente.

Nicolas foi embora já tinha passado das duas da tarde, almoçamos o resto da lasanha de ontem a noite e ficamos assistindo um filme deitados na cama.

- acho que é normal você se sentir assim, nunca amou ninguém antes, e sem contar que a sua vida não esteve nos trilhos durante os últimos meses - ela está cortando os legumes enquanto eu termino de colocar a corne no fogo.

- para falar a verdade, acho que nunca me senti tão bem em toda minha vida - sento na cadeira ao lado dela para ajudar com os legumes - não me preocupar com aluguel, com trabalho ou ter medo de ser despejada é ótimo, Lilly, acho que nunca estive tão estável - é estranho me senti bem com tudo isso, se Marcos não tivesse feito tudo aquilo, eu não estaria aqui, com o Nick, nessa casa aconchegante e eu nem sem em que situação estaríamos vivendo agora.

- Jai, esquece o seu irmão, tá legal? - Lilly para de cortar os legumes e olha para mim.

- como sabe que os meus pensamentos estavam nele?

- eu percebi pelo seu pelo seu olhar - ela respira pesado - ele entrou nessa vida por que quis, se mostrou ser uma pessoa de zero confiava e um grande cretino! - ela bufa - se não fosse pelo Nicolas, talvez estivesse na rua, debaixo da ponte ou até mesmo se prostituindo.

- eu jamais faria isso!

- eu sei e eu jamais te deixaria na mão. Mas esquece seu irmão, se ele te amasse de verdade, ele jamais teria te deixado sozinha sabendo que alguém poderia te fazer mal. Está na hora de virar essa página e pensar mais em você, no seu relacionamento e na maravilha que a sua vida está. Eu nunca te vi tão bem, e eu garanto que se o Marcos estivesse aqui, a sua vida não estaria essa maravilha toda.

- você tem razão - seguro sua mão - você é como uma irmã para mim, Lilly, sabe que eu te amo, não é?

- eu sei - ela dá de ombros - página virada?

- página virada - volto a cortar os legumes com o sorriso no rosto.

Eu nunca vou entender quais foram os motivos que levaram o meu irmão a fazer tudo isso, mas Lilly está certa, chegou a hora de virar a página e seguir em frente.

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