É bom estar em casa, mesmo com toda dor que estou sentindo agora, posso dizer que é um pouco suportável.
O fato de ter um bebê crescendo em mim muda tudo. É um novo sentido a minha vida, a minha existência.
Marcos matou todo amor que existia por ele em mim.
Como nunca pude perceber a sua mudança? Eu estava cega?
- ei, já chega de pensamentos ruins por hoje - Lilly estala os dedos a minha frente e sorri - o que acha de um filme?
- nada de romance - já faz umas duas horas que chegamos do hospital. Ela deu uma organizada na casa, instalou suas coisas no quarto de hóspedes, e fez uma comida bem leve.
Eu tomei banho e estou sentada no sofá olhando algumas coisas no meu celular.
Tem muitas chamadas perdidas.
Números desconhecidos e mensagens no whatsapp.
- já está com fome?
- não, mas eu vou fazer um esforço para comer - deixo o celular de lado e levanto do sofá seguindo até a cozinha.
Vesti uma calça moletom velha e uma blusa de manga confortável.
Já é dezembro, e a neve está querendo se fazer presente junto ao frio.
Preciso comprar uma árvore de natal e arrumar a casa, quero deixar o aconchego de fim de ano presente aqui.
Sempre gostei dessa época do ano.
- tem algumas chamadas perdidas no meu celular.
- eu te liguei várias vezes - Lilly me entrega um prato com arroz, frango frito, e salada de verduras.
Eu pedi para que não fizesse feijão, prefiro comer algo leve mesmo.
- mas tem ligações de números desconhecidos - sento na mesa junto a ela.
- come primeiro e depois vasculhamos todos esses números.
(...)
Fizemos uma bela refeição, conversamos, demos umas boas risadas e ela também contou sobre uma paquera que conheceu no trabalho.
Agora estamos terminando de assistir o filme, já se passa das três da tarde, e os meus pensamentos como sempre estão nele.
O quanto o Nick não deve ter sofrido nas mãos deles?
Como seu próprio irmão pode ter tirado a sua vida? Pensei que o amava.
Nicolas estava disposto a ir embora não apenas por mim, mas por ele também.
Meus Deus, que tipo de mostrou são eles?
- o que acha de olharmos as mensagens agora?
- deixa para lá, não deve ser ninguém - dou de ombros e suspiro pesado.
- acha que deveria descansar um pouco, o que acha?
- eu só quero ficar aqui com você - deito minha cabeça em seu colo - preciso arrumar outro trabalho.
- e o café?
- não vou voltar para lá. Bruno deve ter tomado conta de tudo junto com o Marcos.
- você tem algumas econômicas, não precisa se preocupar com isso agora, e eu tenho meu trabalho também - ela afaga minha cabeça - pensa apenas no bebê, ele precisa que você fique bem agora.
- você ouviu isso? - levanto do sofá ao ouvir um barulho na porta.
- tem alguém tentando abrir a porta.
- Jaiane, abre essa merda!
- É o Marcos! - ando até a porta - sai daqui, Marcos, se não for embora eu vou chamar a polícia.
- então chama, quero ver se terão coragem de me prender - ele é sarcástico em suas palavras - abre a essa merda, só quero conversar com você.
- eu não quero ouvir nada que venha da sua boca.
- eu sei que está grávida.
- o que?
- se não me escutar, vai acabar correndo perigo sem saber.
- eu não confio em você - nunca pensei que falaria tal coisa sobre ele.
Mas é verdade, eu não confio no meu próprio irmão.
- por favor, me escute, prometo que vou embora depois.
olho para Lilly que acente e suspiro abrindo a porta.
- eu posso entrar?
Dou passagem para ele e fecho a porta.
- o que quer? - vou direito ao assunto.
Nunca pensei que doeria tanto ficar frente a frente com o meu próprio irmão.
- quero que venha morar comigo na mansão - ele leva as mãos até o bolso de sua calça.
Seu semblante está diferente, não é ao mesmo Marcos com quem cresci.
- você é idiota ou oque?
- olha só, eu fiz tudo isso por nós dois, pensando na gente.
- na gente? Você destruiu a minha vida duas vezes! A primeira quando me fez chorar a sua " morte " , e a segunda quando fez eu chorar a morte da pessoa que eu amava, do único homem que eu amei.
- pode conhecer outra pessoa, vocês nem conviveram por tanto tempo.
- o tempo que convivemos juntos foi o suficiente para o amor surgir entre nós dois, foi o suficiente para essa criança ser gerada - toco minha barriga - aliás, como soube da gravidez? Ah, claro! Deve ter subornado a médica.
- não importa como eu soube - ele suspira - eu quero que você venha comigo, e pode trazer a sua amiga.
- eu não vou sair daqui, é a minha casa, o meu lar e você não é bem vindo aqui.
- não se esqueça, garotinha, que essa casa agora me pertence, e todo o resto também - ele se aproxima de mim - e no momento, você não vai querer ser a minha inimiga.
- e o que vai fazer? Vai me matar também? - nego com a cabeça - que tipo de monstro você se tornou?
- eu só cansei de viver na miséria, cansei de ser despejado de toda casa em que morávamos, cansei, Jaiane, cansei de me humilhar para conseguir emprego, cansei de tudo isso! - ele leva as mãos até a cabeça - acha que foi fácil matar o Nicolas sabendo que você o amava?
- então por que fez isso?
- por que eu não tive escolha, era esse o plano desde o início.
- ele iria deixar essa vida, Marcos, iria deixar tudo isso por mim e pelo desgraçado do irmão dele! - deixo as lágrimas caírem pelo meu rosto - a gente iria embora, iríamos ser felizes juntos com o nosso bebê - fico de costas para ele - bebê que ele não vai conhecer, bebê que vai ser criado sem pai por sua culpa.
- Bruno está disposto a casar com você para assumir a criança.
- o que?
- ele está apaixonado por você, minha irmã.
- desde quando? Hum? - sou sarcástica.
- desde quando não importa, mas se ele planejou tirar a vida do irmão, foi por você também, e o mesmo está te esperando lá fora.
- a gente nunca trocou mais de duas palavras, eu nunca nem se quer o encarei direito e do nada, ele apareceu apaixonado por mim?
- Jaiane...
- vai embora daqui! - abro a porta para ele sair - sai daqui, Marcos! Me deixem em paz, vocês são dois loucos!
- não vou sair daqui sem você.
- será que não ouviu? - Lilly fica entre nós dois - que tipo de monstro é você?
- só estou querendo o melhor para você.
- o melhor para mim é ficar longe de vocês! - me aproximo dele - vai me amarrar? Me obrigar a casar com ele? - nego com a cabeça - eu juro por Deus que se tentar fazer algo contra a minha vontade, eu mato você, está me ouvindo? - aponto meu dedo para ele - eu ligo para a polícia e denuncio vocês, e não vai ser para esses corruptos comprados por vocês.
- não teria coragem de fazer isso, eu sou seu irmão.
- eu não te considero mais o meu irmão, para mim você está morto.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Rosimeire Saraiva
Eita que eles não vão deixar ela em paz
2024-07-09
1
Janete Gonçalves
olha o celular
2024-05-01
2
Janete Gonçalves
e burra
2024-05-01
2