Capítulo 15

Acho que já se passaram umas duas semanas desde ocorrido.

Eu não saí de casa, não abri as janelas, não vi a luz do sol e quase não comi nada durante esses dias.

Não tenho forças para levantar da cama, estou com a mesma roupa, com o mesmo sapato nos pés.

A dor piorou, a dor de perder o grande e único amor da minha vida, a solidão me acompanha, a tristeza, a vontade de morrer para não ter que lidar com isso.

Já tive sonhos e alucinações com ele. E acordar e perceber que era tudo mentira, dói ainda mais.

Consigo ouvir batidas na porta, deve ser a Lilly, ela me ligou, mas não tive forças para atender o celular.

- onde você esteve durante todo esse tempo?

- Lilly? - olho para minha amiga, que agora está sentada ao meu lado, com o semblante preocupado - está ardendo em febre, o que houve? Tive na casa do Nicolas mas não me deixaram entrar, quase chamei a polícia.

- ele se foi Lilly - sinto as lágrimas molharem meu rosto novamente - meu Nick se foi para sempre.

- eu vou chamar uma ambulância, você não está bem.

(...)

Eu apaguei depois que vi a Lilly, perdi totalmente os sentidos e acordei já no hospital, já é noite, a enorme janela de vidro, mostra as estrelas no céu.

Já faz tempo que não as vejo.

Lilly está sentada na poltrona ao lado, tem um soro ligado ao meu braço, um aparelho no meu dedo monitorando os meus batimentos.

Minha garganta está seca, e meus olhos ardendo.

- Lilly - chamo pela mesma que acorda logo em seguida.

- finalmente acordou - ela coça os olhos e vem até mim - como você está?

- estou com sede - suspiro.

- Cecília me contou tudo que aconteceu - ela segura minha mão - eu sinto muito, Jai, eu nunca pensei que seu irmão fosse tão canalha.

- ele destruiu a minha vida, Lilly - como descobriu que eu estava lá?

- eu não sei, só tinha certeza que estava precisando de mim - ele nega com a cabeça - o que vai fazer agora?

- eu não sei - tento segurar minhas lágrimas - eu só queria que tudo fosse um pesadelo.

- eu estou tão confusa, não sei o que pensar - ela se afasta e cruza os braços acima do peito - eu não sei como te ajudar, Jai - vejo algumas lágrimas caírem pelo seu rosto - seu irmão está lá embaixo.

- ligou para ele?

- sabe que eu jamais faria isso, acho que me seguiu - ela enxuga suas lágrimas - a gente poderia fugir, ir para qualquer lugar longe daqui.

- como? Ele vai atrás de mim.

- se não fosse por mim, estaria morta, ele nem se deu o trabalho de ir até sua casa saber como estava, talvez ele te deixe em paz.

- finalmente a mocinha acordou - nossa conversa foi interrompida pela chegada da médica - como se sente?

- com sede, e o corpo um pouco dolorido - olho para ela - quando vou poder ir embora?

- vai ficar em observação por vinte e quatro horas, chegou aqui delirando de febre e muito fraca, precisa comer alguma coisa - ela olha o monitor e anota algumas coisas.

- estou sem fome - não sinto vontade de comer nada, eu só quero ir embora daqui.

- mas precisa comer, se quer que seu bebê cresça saudável, terá que se alimentar bem.

- o que disse? - eu ouvi bem? Ela disse bebê?

- está grávida, e pelo valor do seu exame de sangue, deve está de aproximadamente sete a oito semanas.

Um bebê! Um neném meu e dele, do meu Nicolas.

Agora eu tenho uma parte dele aqui, crescendo dentro de mim, fruto do nosso amor, a minha esperança.

- e está tudo bem com ele?

- Eu mandei trazerem o aparelho da ultrassonografia para vermos o bebê, mas fica tranquila, tenho certeza que está tudo bem - ela sorrir de lado - seu irmão está lá embaixo, deseja te ver.

- doutora, não deixe ninguém subir, por favor - eu sinto ódio só em ouvir falar o nome do Marcos, sinto repudia em escutar o nome dele - e não conta para ninguém sobre a minha gravidez.

- não se preocupe, você é a paciente e nao farei nada contra a sua vontade - ela se aproxima de mim - mas se estiver precisando de ajuda ou qualquer coisa, pode se abrir comigo.

- tá tudo bem, eu só fui pega de surpresa - toco minha barriga e respiro fundo - eu gostaria de comer alguma coisa.

- vou mandar trazer alguma coisa para você comer - ela sai da sala e olho para Lilly.

- dá pra acreditar?

- É a sua chance de ser feliz, amiga - ela toca minha barriga - nem tudo está perdido.

- sim, nem tudo está perdido - Será que o Nick ficaria feliz com a notícia? Será que ele reagiria bem? Acho que a gente nunca conversou sobre isso, não tivemos tempo.

(...)

Graças a Deus o dia amanheceu e já estou de alta.

Fiz duas ultrassom para ver o bebê, uma ontem, e outra hoje de manhã.

Foi mágico ouvir o som do coraçãozinho dele.

Parece um grãozinho de feijão de tão pequeno que é.

Tão indefeso e muito amado, é uma parte do Nicolas.

A médica passou alguns medicamentos e uma alimentação bem saudável e balanceada.

Estamos na recepção junto a médica assinando a minha alta.

Ainda me sinto fraca, eles recomendaram repouso e descanso.

Lilly vai morar comigo, ela decidiu sair da casa dos pais e vai se juntar a mim.

Fiz o convite e ela aceitou na hora, vai ser bom ter a companhia dela, vai ser bom ter alguém que eu amo por perto.

- por quê não deixou que eu subisse ontem?

Suspiro pesado ao ouvir a voz do Marcos atrás de mim.

- Marcos, eu só quero ir para casa - me viro para encará-lo.

Pensei que nunca desejaria isso, mas eu queria que ele estivesse morto agora.

- vêm, eu vou te levar - ele tenta pegar meu braço mas eu me esquivo.

- eu não vou com você para lugar algum - nego com a cabeça - eu tenho uma casa e é para lá que eu estou indo.

- não pode ficar lá sozinha - ele suspira pesado - pensei que toda essa sua raiva já tinha passado, eu lhe dei tempo suficiente para se recuperar de tudo isso.

- eu nunca vou me recuperar, Marcos, você matou o único homem que amei durante a minha vida, você tirou de mim a chance que eu tinha de ser feliz, você destruiu a minha vida.

- eu fiz tudo isso por nós dois.

- não me coloque no meio das suas armações - anda para fora do hospital com ele atrás de mim - esqueça que eu existo, não viveu sem mim durante todo esse tempo? Então, vai continuar sendo assim.

- você vai embora comigo, Jaiane, não seja teimosa! - ele bufa irritado - sempre foi nós dois contra o mundo, lembra?

- Nós dois deixou de existir desde o dia em que decidiu mentir para mim, desde o dia em que decidiu se envolver nessa vida, desde o dia em que você matou o meu amor - deixo algumas lágrimas caírem - Você morreu para mim, Marcos, todo amor que eu sentia por você se transformou em ódio, nojo.

- não fala assim.

- e se não quiser que eu te odeie mas, fica longe de mim, não traga as suas sujeiras para a minha vida, faça de conta de eu morri para você, assim como você morreu para mim.

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Comments

Rosimeire Saraiva

Rosimeire Saraiva

Os dois foram traídos pelos próprios irmãos

2024-07-09

2

Janete Gonçalves

Janete Gonçalves

nossa autora quanta dor

2024-05-01

2

Angélica Louzada

Angélica Louzada

ai autora faça com q o Nicolas esteja vivo poxa vida

2024-02-22

3

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