Capítulo 14

Pensei que esse dia nunca chegaria, finalmente vou me ver livre de tudo isso.

Ainda parece um sonho, Nicolas finalmente vai deixar tudo isso para trás.

Vamos ser felizes sem ter medo de nada, sem ter medo que algo ruim venha nos acontecer em qualquer momento.

Estamos na casa dele esperando pelo Bruno, chegamos aqui e não o encontramos, espero que não demore muito, estou ansiosa para dar início a esse novo ciclo.

- ele não está atendendo o celular - Nicolas me olha preocupado e eu sorrio.

- fica calmo, ele deve ter ido fazer alguma coisa importante - olho para Cecília - vou sentir sua falta, Cecília.

- eu também vou sentir muita saudade de vocês - ela me puxa para um abraço - se cuidem, e sejam felizes, por favor.

- vamos ser - suspiro e ando até o sofá para me sentar - Nick, senta um pouco - Nicolas está super nervoso, são duas da madrugada, e apesar da ansiedade está me matando para ir logo embora desse lugar, o sono está quase vencendo.

- eu vou atrás dele - Nicolas pega a chave do carro na mesinha ao lado do sofá - fica aqui, e me espera, por favor - ele me olha nervoso - não sai daqui, Jai, por favor.

- Nick, ele já deve está vindo - ando até ele - não vai, por favor - estou com uma sensação ruim, como se algo fosse acontecer.

- não se preocupe, eu volto logo - ele deposita um beijo em minha testa.

- como vai encontrá-lo?

- vou localizá-lo pelo GPS do celular - ele me olha mais uma vez e sai apresado.

- ele não falou para onde iria? - olho para Cecília que nega e volto a me sentar no sofá.

- Bruno quase nunca fala o que vai fazer - Cecília senta ao meu lado visivelmente preocupada.

Está chovendo muito, faz tempo que não cai um temporal desse na cidade.

Tomara que não demorem.

- se despediu da sua amiga?

- Nick, acha melhor ninguém saber de nada enquanto não estivermos longe daqui, e confesso que... Meu coração dói com isso, Lilly é uma grande amiga, uma excelente pessoa, e fico triste em ir sem me despedir dela.

Não gostaria que fosse assim, mas alguém pode está de olho em nós, pode está planejado algo contra a nossa partida, e eu não quero que nada dê errado, quero ser livre com o meu amor, vamos reconstruir uma nova vida e deixar essa cidade que nos trás tantas lembranças ruins para trás.

(...)

Já são seis da manhã, Nicolas ainda não voltou e meu coração está quase saindo pela boca de tão nervosa que estou.

Meus pés estão suando, minha boca está seca e eu não sei o que pensar.

Ele não atende o celular, não manda uma mensagem, nada!

- aconteceu alguma coisa, Cecília - olho para ela deixando as lágrimas caírem pelo meu rosto - aconteceu alguma coisa com ele.

- fica calma, ele já vai voltar - Cecília me puxa para um abraço - tenha fé.

Me afasto de Cecília ao ouvir a porta mexer o trinco.

Ele chegou, meu Nick voltou.

Enxugo minhas lágrimas e me aproximo da porta com o coração acelerado ao ver a porta abrir.

- Nick! - olho para a pessoa à minha

 frente e desmancho meu sorriso.

É ele, como isso pode ser possível?

Só pode ser um pesadelo, isso não está certo.

- não vai dar um abraço no seu irmão?

- como isso é possível? - sinto minha voz falhar - você estava morto.

- eu estou bem, não consegue ver? - ele se aproxima e eu me afasto - aconteceram tantas coisas - vejo seu rosto mudar de expressão - me perdoe por ter te deixado para traz, mas foi preciso, correria perigo se estivesse comigo, e eu tinha planos para gente, planos para o nosso futuro.

- nossos futuro? Você me abandonou, me deixou sozinha e mentiu para mim! - aponto meu dedo para ele - dois homens quase abusaram de mim por sua causa! Eu corri perigoso, tive que sair do apartamento por sua causa! E se não fosse pelo Nick... Espera, oque está fazendo aqui? Como conseguiu entrar nessa casa?

- eu te livrei daquele cara, agora tudo isso aqui é nosso.

- o que?

- desde quando comecei a trabalhar para o Nicolas, esse sempre foi o meu plano, me tornar chefe da máfia de nova York, e veja só, eu consegui - ele sorrir e dar um giro ao redor da sala - eu sei que vocês tiveram um breve envolvimento, mas vai passar, tenho planos para você.

- um breve envolvimento? O que você fez com o Nicolas seu desgraçado! - avanço em cima dele descontando toda a raiva que estou sentindo no momento.

- para com isso! - ele me segura pelo braço - não seja ingrata! Tudo que eu fiz foi pensando em você, não estava cansada de trabalhar feito uma condenada? De ser humilhada e despejada dos apartamentos medíocres que morávamos? - ele olha nos meus olhos e eleva o tom de voz - eu matei o Nicolas, livrei a gente dele, livrei você, Jai - ele me solta - eu sei que vai ficar com raiva de mim, que vai me odiar, mas foi preciso fazer isso.

- como pode fazer isso? - sinto a dor tomar conta do meu coração, do meu corpo, da minha alma - como pode fazer isso comigo?

- eu fiz isso porque amo você.

- ama? que jeito estranho é esse de me amar? você destruiu a minha vida, matou o meu amor - tem um turbilhão de sentimentos transbordando o meu corpo nesse momento, não sei o que pensar, o que dizer.

Só quero acordar e perceber que tudo isso não passa de um terrível pesadelo.

- eu chorei a sua morte, seu desgraçado!

- Jaiane...

- eu odeio você, Marcos, odeio com todas as minhas forças, e acredite, eu preferia que estivesse morto nesse momento.

- bom dia, pessoal - observo o Bruno adentrar pela porta - o café da manhã já está pronto? - ele para ao lado do meu irmão - o que foi?

- Bruno? - Cecília passa a minha frente - foi você que planejou tudo isso? - ela pergunta incrédula - toda essa história do Dylan foi mentira?

- o que uma boa montagem de fotos não pode fazer, não é? - ele sorrir sarcástico - Nicolas sempre quis ser dono de tudo isso sozinho, ele sempre me deixou em segundo plano - ele muda seu olhar - eu estava cansado de ser o capacho dele.

- matou seu próprio irmão para ser capacho do Marcos? - nego com a cabeça - vocês são doentes, e eu não vou ficar aqui, vou atrás do Nick - tento passar pela porta, mas Marcos me impede.

- acho melhor não sair debaixo dessa chuva toda.

- vai me manter trancada agora? - olho para ele.

- não quero que me odeie.

- acho que é um pouco tarde para pensar nisso.

Puxo meu braço de sua mão e saio de casa debaixo de chuva.

Meu deus, oque está acontecendo? Como tudo isso pode ser possível, pode ser real?

Começo a andar sem rumo pelas ruas.

Meu Nick, meu amor se foi, me deixou sozinha outra vez e eu nem pude me despedir.

Que vida é essa minha? Pensei que finalmente seríamos felizes para sempre, que ficaríamos longe de toda essa vida, de tudo isso.

Onde será que ele está? o que fizeram com ele?

Será que o machucaram muito?

Deus, por que tanta dor? Por que fez isso comigo?

Minha lágrimas se misturaram com a chuva, minha visão está embasada.

Eu só queria o seu abraço, queria sentir o calor do seu corpo e ouvir que tudo ficaria bem, que vamos ser felizes e que foi apenas um pesadelo.

Não vou conseguir viver sem ele, sem o meu amor.

Levanto minha cabeça e suspiro ao ver que os meus pés me trouxe até a minha casa. O lugar onde nos amávamos, o lugar onde os problemas não nos perseguiam, onde era apenas nós dois contra o mundo.

Tiro as chaves do meu bolso e abro a porta entrando na casa.

Seu perfume ainda está aqui.

Fecho a porta e vou para o quarto me deitando na cama ainda molhada pela chuva.

Por favor, Deus, que seja tudo um pesadelo quando eu acordar.

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