Um Destino... O Amor! "23 Noites de Prazer"

Um Destino... O Amor! "23 Noites de Prazer"

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Prólogo

A primeira coisa em que pensei quando ela entrou no meu consultório foi que as mulheres do mundo deveriam fazer um acordo de que nenhuma delas poderia ser gritantemente mais bonita do que as outras. Alta, curvilínea, ruiva, com a pele clara e os olhos verdes, Nahia Valar, minha nova paciente, era tão deslumbrante que chegava a ser constrangedor para nós, outras mulheres, ficarmos perto dela.

Tive que me lembrar de que eu deveria ser a pessoa mais segura do ambiente. Era difícil não me sentir intimidada pela sua presença. Mas uma psiquiatra que não passasse segurança para os seus pacientes não valeria a obscena quantia monetária que eu cobrava pela consulta.

– Boa tarde – ela me cumprimentou primeiro. Estava claramente acostumada adominar o ambiente.

– Boa tarde – devolvi um sorriso confortável. – Senhorita Valar, não é isso? –olhei para a ficha que tinha nas mãos para confirmar. – Sente-se onde preferir.

Ela escolheu a poltrona bem à minha frente do outro lado da sala. Levantei-me de trás da mesa e sentei-me no pequeno sofá ao seu lado.

– Sou a doutora Hanna Arzu, mas pode me chamar de Hanna. Minhasecretária me informou que a senhora gostaria de marcar dois encontros por semana.

– Exatamente – ela olhava à sua volta, medindo tudo ao seu redor. – Tenho umproblema de natureza bastante… peculiar. E gostaria de resolvê-lo o mais rápido possível.

– Infelizmente, tempo é uma coisa que não se pode prometer em tratamentospsiquiátricos. E, geralmente, depende muito mais do paciente que do médico.

– Bem, eu estou disposta a tentar, se a senhora estiver – ela sorriu para mim de uma forma dúbia e quase criminosa. Resolvi reassumir o controle.

– Muito bem, senhorita Valar…

– Nahia. Prefiro que me chamem de Nahia.

– Nahia, então – sorri. – Por que você não me conta o seu problema?

Ela levantou as sobrancelhas e sorriu como se aquilo fosse ser uma longa história.

– Comece do começo – sugeri.

Nahia me encarou nos olhos e eu sustentei seu olhar com um sorriso encorajador. Mas não era de coragem que ela precisava. Aquela mulher não era do tipo que precisava de coragem ou confiança – isso ela tinha de sobra. O que lhe faltava era uma decisão. Por alguns segundos ela ficou em silêncio, sentada ali, considerando se ia desistir ou se ia me contar sua história.

É muito comum. Os pacientes resolvem que precisam de ajuda, marcam a consulta, vêm até o consultório. Mas, no momento em que eles se sentam e eu digo “me conte”, o questionamento volta. Às vezes, é um questionamento moral ou ético, pois eles acham que outra pessoa não vai entender seus problemas. Outras vezes, é um questionamento de confiança, pois não estão acostumados a contar seus segredos mais íntimos para um desconhecido. Em ambas as situações, tudo o que eu fazia era esperar alguns segundos para, então, ouvir o paciente respirar fundo e a consulta começar.

No caso de Nahia, ela parecia estar quase encantada com a minha espera. Era como se ela se deliciasse nos momentos que antecediam o começo de sua narrativa. Através dos seus olhos, eu quase a ouvia dizer “Você não sabe o que a aguarda, doutora. Não faz a menor ideia”.

Ela respirou fundo. 

A primeira noite

“De todas as aberrações sexuais, a mais singular talvez seja a castidade”.

Rémy de Gourmont

– Até pouquíssimo tempo atrás, eu era o ser humano mais medíocre da face daTerra. Tímida, insegura, presa em um empreguinho que me impedia de mostrar meu potencial, vítima de um severo transtorno obsessivo-compulsivo e completamente insatisfeita sexualmente. Então uma coisa aconteceu: ele apareceu.

Sorri.

– Sim – balancei a cabeça afirmativamente. – Homens podem fazer isso com agente. Onde vocês se conheceram?

Agora era ela quem sorria.

– Em um sonho.

Questionei sua afirmação com o olhar, afinal ela não me parecia uma romântica sem fundamentos.

– Sim, doutora. Em um sonho. É exatamente isso que a senhora ouviu. Não seise foi uma alucinação, um desejo do inconsciente ou obra do sobrenatural. Não sei o que aconteceu. Mas ele perturbou meu sono por semanas – ela fechou os olhos como se estivesse revivendo uma memória particularmente deliciosa. – Eu ainda me lembro da primeira vez que ele veio na minha cama.

***

Meus dias eram sempre iguais. Levantava, ia trabalhar, voltava, dormia… Nunca fazia nada diferente ou especial. Nunca. Pelo contrário, a rotina era a única coisa que me agradava. Por meio dela eu tinha uma falsa sensação de controle que achava muito confortável. Assim que qualquer coisa saísse da minha normalidade, por mais ínfima que fosse, eu entrava em desespero. Não sabia lidar com o inesperado e fazia o possível e o impossível para evitá-lo.

A primeira vez que ele apareceu em meus sonhos foi após um dia particularmente infernal. Lembro-me de ter entrado em casa batendo a porta atrás de mim. As palavras agressivas de um colega de trabalho continuavam girando em minha mente… “ela é só uma malcomida”. Odiei aquela expressão. Odiei o homem que a pronunciou. O que eu iria fazer? Gritar com alguém não era do feitio de uma pessoa com o meu nível de passividade. Mas eu estou me adiantando nos fatos.

Trabalho como assistente editorial para uma editora tradicional, a Manuscrito Editorial. Nunca tive talento para escrita, mas sempre fui viciada em literatura. Assim que saí da faculdade, tinha o sonho de descobrir a próxima Amélie Nothomb. Nos meus devaneios diários, eu nunca ousei sonhar que conquistaria algo, tamanha era a minha baixa autoestima, mas sonhava que encontraria pessoas que seriam autoras de gigantescas realizações. E eu, por tê-las descoberto, teria sua gratidão eterna e uma incondicional amizade.

Era uma quinta-feira e as sinopses de obras recém-recebidas estavam me esperando em cima da minha mesa. Meu trabalho sempre era conduzido com o máximo de presteza e perfeccionismo, mas isso nunca me garantiu qualquer promoção ou posição privilegiada dentro da empresa. Eu ressentia meus superiores por isso… mas o que eu poderia fazer?

Passei os dedos pelas folhas de papel.

– Com licença – não sei por que Vicent insistia em pedir licença quando se aproximava da minha mesa. Ele aparecia do nada e começava a falar como se eu não tivesse qualquer outra ocupação na vida a não ser ouvi-lo. – Meu relatório sobre o manuscrito do Igor. Revise e repasse pro pessoal da diagramação, sim?

E, sem nem ao menos um “bom dia” ou “até logo”, ele se foi. A educação de Vicent se reduzia ao seu “com licença” inexpressivo. Vicent era um dos membros da nossa equipe de edição. Ele lia e relia manuscritos várias vezes para encontrar falhas e para passar sugestões tanto ao pessoal de revisão quanto ao pessoal de diagramação sobre como tornar o texto mais encantador aos leitores. Eu esperava profundamente que dessa vez seus relatórios fossem inteligíveis, ao contrário das coletâneas de informações genéricas que ele geralmente jogava em uma folha de papel A4 semana após semana. O Caminho atrás da casa, de Igor Bolt, era o nosso manuscrito estrela do semestre, mas as correções que Vice fazia eram sem nexo. E por “sem nexo” eu quero dizer idiotas.

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Comments

Amanda

Amanda

🤔🤔🤔🤔

2023-08-16

0

Marley Terezinha

Marley Terezinha

só espero que este livro me emociona igual o interior que li

2023-07-31

1

Guerreira Mattos

Guerreira Mattos

vamos em frente com a narração da mulher

2023-07-26

2

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