Capítulo 9

Larissa

Tomei um banho quente, e tia Diana me deu um pijama confortável para vestir. Saí do banheiro e ela estava no quarto me esperando, com um olhar carinhoso, ao invés de pena.

-Senta aqui minha filha, vou passar uma pomada no seu rosto. - disse, dando leves batidinhas na cama.

Enquanto eu estava no banheiro, me olhei no espelho e vi a marca enorme e meio roxa no meu rosto, o que me fez chorar e pensar... será que eu mereço isso?!

Nunca imaginei que um dia eu passaria por algo assim novamente, ser agredida por um homem que dizia me amar, mas infelizmente acho que eu não nasci para ser amada de verdade, não como eu sonhei, pois, novamente aqui estou eu, com o rosto inchado e marcado pela violência de um covarde!

《••••》

-Aí...- resmunguei de dor, assim que senti tia Diana passar a pomada no local.

-Desculpe minha menina...- ela suspirou.

-Tudo bem tia, a senhora está me ajudando, cuidando de mim, eu que tenho que me desculpar por dar trabalho a vocês...eu estou tão envergonhada com tudo... - baixei o olhar.

-Ei. - ela segurou minhas mãos. - Não tem que se envergonhar de nada, ouviu? Você é uma vítima desse infeliz. E não é trabalho cuidar de quem amamos, meu bem.

-Obrigada tia. Mas... não quero que o Felipe se envolva nisso! - digo firme. - Ele deve estar pensando horrores sobre mim.

Eu e Felipe nos aproximamos bastante nos últimos meses, e ele se tornou uma pessoa especial.

Engraçado que, eu poderia jurar que ele tinha sentimentos por mim, mas com certeza é coisa da minha cabeça, porque um homem lindo, poderoso e que pode ter qualquer mulher ao seu lado, não iria se envolver com alguém como eu... com um passado cheio de vergonha!

-Shiiii, não pense nisso agora, está bem? - a voz doce da tia Diana me tira dos meus pensamentos. - Você precisa descansar, já passou por muita coisa hoje. Amanhã cedo nós conversamos. - ela me entrega uma xícara. - Beba esse chá e durma um pouco.

-Não tia Diana, eu preciso voltar para casa. Eu já dei muito trabalho e a Mônica deve estar preocupada... - pondero.

-Nem pensar...se eu te deixar sair daqui, o Felipe vai ficar louco!

-Louco? Porque? - pergunto, confusa.

-Aí, minha filha. - ela sorri e meneia a cabeça. - Vocês jovens são meio lentos as vezes, sabia?! - eu tombo o rosto de lado, e ela suspira. - Em breve você vai entender porque ele estava lá hoje para cuidar de você, e porque te trouxe pra cá. Mas por hora, ligue pra sua amiga e apenas diga que vai dormir na casa da sua tia mais querida! - eu sorrio levemente, pois a minha boca ainda dói no local do corte.

Ela beija a minha testa e sai.

Liguei para Mônica, e a acabei contando por alto o que aconteceu. Ela ficou preocupada, mas eu a tranquilizei, e ela também achou melhor eu passar a noite aqui, já que tem seguranças por toda a parte, e ela só vai estar em casa na manhã seguinte.

Tomei o chá, deitei naquela cama enorme e macia... Eu estava um caco, totalmente sem rumo. Confusa, triste, magoada, com medo... tantas coisas passando na minha cabeça ao mesmo tempo...

Quando reconheci o agressor e vi que era o Diogo, pensei que fosse mais uma tentativa de reatar o namoro, mas vi maldade nos olhos dele, uma maldade que sempre esteve ali, mas eu nunca consegui enxergar, e ele finalmente deixou a máscara cair.

Lembrei de quando, depois de meses de namoro, em que ele ficou viajando a maior parte do tempo eu resolvi fazer uma surpresa e viajar até Belo Horizonte, onde ele estava trabalhando numa filial das empresas Michellin.

Preparei tudo, mesmo contrariando a minha família, que achava um absurdo eu namorar uma pessoa que ficou mais de quatro meses longe, numa viagem interminável para o Canadá, mas eu entendia, era o trabalho dele.

Quando ele voltou, disse que não poderia passar em São Paulo para me ver, pois teria que seguir para Belo Horizonte e organizar as coisas por lá, e eu? Fui uma idiota e aceitei.

Mas quando eu, boba e cega, viajei até ele, de surpresa... eu que fui surpreendida!

Ainda posso ouvir os gemidos do homem que dizia me amar, se pegando com a assistente dele, no escritório.

Senti tantas coisas naquele momento, era uma mistura de raiva e decepção! Eu já tinha namorado uma vez, e pego meu ex namorado na cama com outra, e isso depois dele ter me agredido e eu o perdoado.

E novamente, com o Diogo, eu estava ali, diante da traição e da decepção por ter confiado em quem não deveria.

Mas foi pior ainda, ouvir pela conversa deles em meio a sem vergonhice, que o Diogo me traiu desde o início com a Carla, e possivelmente com outras mulheres também.

Eu a ouvi dizer que, o Diogo, era um ótimo criminoso, pois seus negócios ilícitos eram muito bem escondidos e camuflados, e que a próxima remessa de meninas que ela aliciou para iludir e traficar, já estava pronta... meu mundo caiu ali.

Como um homem que eu achava que amava, que me fazia promessas de um casamento feliz, de amor eterno.... como esse homem se tornou um monstro assim?! Ele era um CEO respeitado e muito bem sucedido, conhecido por ser o "águia dos negócios", mas eu vi quem ele era de verdade.

Com o susto do flagrante, a decepção e o medo do que descobri, eu acabei derrubando um vaso ao lado da porta do escritório, e saí correndo dali o mais rápido que pude.

Quando cheguei ao térreo da empresa, já quase vazio, o Carlos Rafael e o Carlos Henrique estavam lá, fazendo a segurança, e ficaram assustados com o meu estado. Eu tremia inteira, e parecia que todo o processo que eu passei quando o David me agrediu, me traiu e espalhou mentiras sobre mim na faculdade, estavam voltando com força... era uma crise de pânico!

Meu corpo tremia, minha garganta parecia apertar, eu não tinha forças, e o pouco de voz que me restava, eu usei para implorar ao Cafa e ao Cahê para me tirarem dali, assim que ouvi a voz do Diogo, nervoso, gritando o meu nome e tentando se aproximar de mim.

E naquele dia, eu vi que tinha verdadeiros irmãos ali comigo, para me proteger, pois mesmo o Diogo sendo o chefe deles, tanto o Cafa quanto o Cahê ignoraram as ordens e não deixaram que o Diogo me tocasse, e eles me colocaram num carro e dirigiram comigo, me levando de volta para São Paulo. E durante todo o caminho, nenhum dos dois questionou nada, apenas o Carlos Rafael dirigiu e o Carlos Henrique ficou no banco de trás comigo, cuidando de mim e me fazendo sentir segura outra vez.

Quando chegamos em casa e eu finalmente consegui me acalmar e contar o que ouvi, todos ficaram horrorizados, e não era para menos, afinal ninguém imaginava que o Diogo era um criminoso.

Foi nesse momento que os meus três mosqueteiros decidiram pedir demissão, pois não queriam continuar trabalhando com alguém capaz de traficar mulheres e sabe se lá mais o que?!

E eu, dias depois, atendi uma das inúmeras ligações do Diogo e contei que sabia de tudo e que não queria vê-lo nunca mais.

Depois disso eu decidi aceitar esse convite para trabalhar aqui, na empresa do Felipe Donartti, e jamais imaginaria que... que acabaria me apaixonando novamente, e justamente pelo meu chefe!

O jeito carinhoso e atencioso do Felipe, a forma como ele me trata e me olha, as flores que faz questão de deixar na minha sala todos os dias, dizendo que eu mereço ser mimada, tudo isso me fez ir criando um sentimento por ele, e dia após dia, ele foi conquistando o meu coração tão ferido e cheio de cicatrizes tão profundas.

Mas eu não posso envolver ele nessa história. O Felipe é um homem bom, então merece uma boa mulher, e é por isso que eu finjo não ver ou entender as tentativas de avanço dele. Porque não quero que ele se decepcione quando descobrir o que eu já vivi e com o tipo de homem que me relacionei.

O Diogo me disse claramente que me levaria com ele, que nossa suíte no barco já estava preparada e que eu iria por bem ou por mal e seria a "esposa modelo" que ele exibiria para a sociedades.

Mas quando eu disse que tinha nojo dele, ele pareceu entender que eu não o queria e se transformou...falou coisas horríveis, que eu não iria entregar pra nenhum outro algo que era só dele, que eu era a moça pura que pertencia a ele... ele teve a coragem de me bater!

Isso doeu muito mais na alma do que fisicamente. Eu confiei nele, eu me uludi, acreditei em suas promessas vazias, e agora percebo que ele se tornou obsessivo, agressivo, cruel! Foi um grande livramento eu ter ouvido aquela conversa entre ele e a amante, e ter dado um fim na nossa relação. Mas agora eu preciso fugir, sumir daqui, porque ele sabe onde estou, e com certeza não vai desistir tão fácil.

Senti as lágrimas molharem meu rosto. Eu queria muito ser amada de verdade, por alguém que me quisesse pelo que eu sou e não somente meu corpo ou pelo fato de eu não ter me entregado a nenhum homem.

Lembrei da forma como o Felipe me defendeu e cuidou de mim, com tanto carinho. Nesses meses, eu passei a admirá-lo ainda mais. Sempre tão sério, firme nas decisões, concentrado em tudo... vou sentir falta do carinho dele.

Sorri, sem ânimo. Aí Larissa...para de sonhar e volta pra realidade mulher...amor não é pra você, e o Felipe não merece se envolver nessa loucura toda!

Senti meus olhos pesados e meu corpo começou a relaxar...acho que o chá estava fazendo efeito, pois logo adormeci.

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Comments

Cida Gomes

Cida Gomes

Ela acabou contando o que ouviu e o crápula a ameaça para não ser descoberto.Da logo fim a esse desgraçado Felipe.

2024-05-09

1

Marina Nunes Siqueira

Marina Nunes Siqueira

que cara ridículo

2024-05-10

0

Fátima Ribeiro

Fátima Ribeiro

crápula asqueroso

2024-05-04

1

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