Capítulo 6

Descobri, fuxicando nas redes sociais, o perfil dela. Eu nunca fiz isso, mas precisava conhecer ela, saber seus gostos, se tinha compromisso com alguém, pois se fosse o caso, eu não me aproximaria.

Segundo o que descobri, ela parece ser solteira, é muito apegada a família e gosta de correr. E é linda em qualquer pose ou ambiente. E eu me peguei sorrindo sozinho para a tela do computador... Felipe, Felipe!

Pedi ao Igor pra marcar uma reunião com ela, na minha sala. Eu realmente preciso de detalhes sobre o projeto dela, mas nada me impede de usar isso como protesto para revê-la... oportunidades são feitas para se aproveitar, não é mesmo?!

Aguardei meu irmão entrar para anunciá-la, e só pelo som dos passos dela, percebo que está tensa.

-Sr. Donartti..

Ouvir aquela voz doce chamando meu nome foi como música para os meus ouvidos. Pedi a ela que fechasse a porta e se sentasse. Quando ouvi ela caminhando em minha direção, virei a cadeira e vi como ela ficou surpresa... ela me reconheceu!

- Felipe...

-Oi Lari.

-Oh, minha nossa, é você mesmo?! Digo... O senhor. Me desculpe.

-Calma, está tudo bem. Eu também fiquei surpreso em te ver. - não era totalmente mentira, porque eu realmente fiquei surpreso ao descobrir que ela trabalhava pra mim. - Vamos, sente-se aqui. - apontei a cadeira à minha frente e ela se sentou, mas parecia nervosa.

-O Igor me disse que o Sr. deseja falar comigo sobre o projeto sustentável. Em que posso ajudar?

Observei ela atentamente, e vi que esfregava as mãos e mexia os pés, claros sinais de nervosismo. Só espero que não fuja de mim.

-Bom, eu recebi seu projeto através do seu orientador, que é meu amigo. Ele me enviou alguns trabalhos de TCC, e o seu foi o que mais me chamou atenção pelos detalhes e soluções práticas. Eu quero usá-lo na construção da creche- escola. O que a senhorita acha?

-Nossa...eu fico muito lisonjeada! - ela abriu um sorriso lindo. - Esse projeto é muito especial para mim, e se puder usá-lo pra ajudar essas pessoas, seria uma honra.

-Que bom,então preciso de mais detalhes e que esclareça algumas dúvidas, pode ser?

-Claro, com certeza!

Ela pareceu bem entusiasmada, e logo começou a me mostrar tudo sobre o projeto, os detalhes e tudo o que perguntei, de uma forma bem profissional, mas que dava para entender muito bem.

Fiquei encantado com a forma como ela gostava de falar sobre o assunto e parecia feliz com o que fazia, seus olhos brilhavam.

Observei seu sorriso doce, o narizinho, a boca carnuda, onde ela encostava a caneta quando estava pensativa. A forma como ajeitava o cabelo atrás da orelha ou torcia levemente a boca quando ficava confusa com algo...tudo nela me encantava, me atraía.

Ficamos mais de uma hora no meu escritório, e em determinado momento, notei ela passar a mão pela nuca e ajeitar a postura...minha princesa parece cansada.

-Acho que por hoje já está bom. Melhor descansar e recomeçamos amanhã, tudo bem?

Ela me olhou e sorriu, meio sem graça.

-Se estiver com mais dúvidas, podemos continuar, Sr.Donartti.

Neguei, em um leve menear de cabeça, e ela pareceu me agradecer com o olhar.

-Você parece cansada, e para falar a verdade, eu também estou. E confesso que, estou com fome também! - ela deu um sorriso tímido...coisa mais linda. - Então, que tal pararmos por hoje e eu te levar pra tomar um café?

Ela pareceu incomodada com o meu convite e se mexeu, ajeitando novamente a postura.

-Sr. Donartti, não me entenda mal, mas o Sr. é meu chefe, e não acho que fica bem sairmos juntos. Não quero ser motivos de comentários dos outros funcionários. Então, eu sinto, mas vou ter que recusar o convite do senhor, me desculpe. - meu coração se enche de alegria por ela ter recusado, pois as moças dessa empresa não só teriam aceitado como usariam a oportunidade para se jogar em cima de mim, e a recusa dela só me mostra o que eu já havia percebido, ela é diferente da outras!

- Eu te entendo, Larissa. - ela assente e se levanta, mas eu continuo. - Mas quero que saiba, que não estou te convidando pra um encontro...- bem que eu queria, mas para conquistá-la, vou precisar ir com calma. - Eu só queria te pagar um café, mas se te incomoda sairmos juntos, não tem problema...eu trago o café até nós, e assim evitamos julgamentos errados a nosso respeito.

-Hã? Como assim, trazer o café até nós? - me olha, confusa.

-Só um minuto.

Liguei para o Igor e pedi para trazerem cappuccino e alguns pães e doces do Brazilian coffe. Vou ganhar minha princesa pelo estômago, usando o tempero da minha mãe!

Nos sentamos no sofá da minha sala e tentei puxar assunto com ela, que se mantinha séria.

-Pedi alguns pães e doces pra você experimentar, espero que goste, e que não esteja de dieta. - ela me olha, e eu percebo que falei demais. - Não... não que você precise de dieta, é só que, as mulheres tem uma maior preocupação com excesso de açúcar e restrições alimentares, essas coisas. - fico envergonhado e ela sorri discretamente.

- Tudo bem, senhor Donartti, eu entendi. - ela me olha docemente. - Eu não tenho muitas neuras com relação à comida, na verdade pareço uma formiguinha, pois amo doces, principalmente os caseiros. Minha mãe é uma cozinheira de mão cheia.

-Então você deve cozinhar muito bem... - me interesso.

-Nem tanto. Eu cozinho o básico , e minha preferência são doces mesmo. Sobremesas, bolos, tortas, mas tudo simples, do tipo caseiro. Além de ser apaixonada por docinhos de festa, como brigadeiros simples. - ela sorri novamente, e confesso que ficaria aqui por horas, só admirando esse sorriso. - Mas o Sr. é um homem rico, nem deve conhecer esses tipos de doces.

-Aí que você se engana! - ela me olha e arqueia a sobrancelha. - Minha mãe é confeiteira, e eu sou brasileiro, então amo um bom brigadeiro de panela.

Ela me olhou e pareceu surpresa.

-Sério? Nunca imaginaria o grande empresário, Sr.Donartti, comendo brigadeiro de panela.

-Posso te pedir um favor? - olho em seus olhos, e ela logo cora e desvia o olhar... linda e tímida!

-Claro, Sr. - diz, ainda sem jeito.

-Pode parar de me chamar de Sr. o tempo todo? Eu me sinto um velho! - ela arregala os olhos.

-Me desculpe, eu não tive a intenção, mas o Sr. é meu chefe..

- Sei que não foi sua intenção. - sorrio do jeitinho envergonhado dela. - Mas prefiro que, a partir de agora, você me chame de Felipe,assim como fez no aeroporto, aquele dia.

-Mas Sr...?

-Larissa, por favor...- insisto.

-Ok, sen...- olhei pra ela e ergui a sobrancelha. - Felipe. - ela franziu o nariz e fez uma carinha engraçada.

-Bem melhor assim! - disse, satisfeito.

Minutos depois nosso pedido chegou, e quando coloquei as sacolas sobre a mesa, ela me olhou e a vi sorrir levemente.

-Nossa, pode ter certeza de que vou gostar de tudo o que tem nessas sacolas! - disse animada e eu a olhei, confuso. - Sou cliente assídua desse café... - ela apontou a logo do Brazilian coffe , estampada no copo.

-Você frequenta esse lugar? - questiono,surpreso.

-Sim, fica próximo a minha casa. Passo lá todas as manhãs para tomar o cappuccino maravilhoso que só a tia Diana sabe fazer.

-Tia Diana? - perguntei intrigado. Como ela conhece minha mãe e a chama de tia?

-Sim, a dona do café! Nós ficamos muito amigas, e por eu estar longe da minha mãe, ela disse que ia cuidar de mim, e me trata como filha, me aconselha e me mima muito. Ela é um amor de pessoa, um verdadeiro anjo que Deus colocou no meu caminho. - eu fico admirado... então ela deve ser a moça de quem minha mãe tanto fala.

-Que bom. Não imaginei que você conhecia minha mãe.

Assim que termino de falar, eu a vejo engasgar com o cappuccino, e eu me levantei rapidamente para ajudá-la.

-Sua...mãe... -ela tosse. - A tia... Diana?!

-Sim, Diana Donartti. Não sabia? - pergunto só por perguntar, pois já sei a resposta.

- Não, eu não fazia ideia. - me olha, surpresa.

Sim, princesa, minha mãe... E se tudo sair como eu estou planejando, em breve será sua sogra!

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