Começando a faculdade

**Henrique**

Tive um dia cheio, mas em nenhum momento deixo de pensar em Elis. Consigo resolver bastante coisa com a ajuda do Gabriel e remarco alguns compromissos pra poder levar Elis à faculdade, espero que ela goste da surpresa.

Passo numa floricultura e compro um buquê de flores pra ela. Ainda não sei bem todos os gostos dela mas espero acertar na escolha.

Chego em casa e está um silêncio, vou até a cozinha e Rita está organizando umas coisas na geladeira.

Rita: Oi meu filho não vi você chegar.

Eu: Acabei de entrar, onde está a Elis?

Rita: Filho que flores lindas. A Elis chegou aqui muito abalada pela conversa com os pais.

Eu: E onde ela está?

Rita: Ela está no quarto disse que ia descansar um pouco.

Eu: Vou até lá ver como ela está.

Subo as escadas de dois em dois degraus, entro no quarto, Elis está deitada de lado, seu rosto está vermelho e inchado, meu coração se aperta em ve-la assim. Sento na beirada da cama devagar e passo a mão no seu cabelo, ela se assusta e me olha, seus olhos estão vermelhos e muito inchados. Ela senta, mostro o buquê.

Eu: Trouxe pra você meu amor.

Elis: Que lindas amor, eu adorei - ela sorri mas ainda vejo tristeza em seu rosto.

Eu: Você andou chorando, a conversa com seus pais foi muito difícil.

Seus olhos estão cheios de lágrimas, pego o buquê e ajeito na mesinha, puxo ela para os meus braços, ela encosta em meu peito e chora, um choro tão sentido e profundo que me dói na alma. Acaricio seu cabelo e suas costas, deixo ela desabafar, passo a mão no seu rosto e seco suas lágrimas.

Eu: O que houve amor? A conversa foi tão ruim assim?

Elis: Foi horrível, meu pai não quis nem me ouvir. Ele... ele...

Elis não conseguiu terminar a frase e começou a chorar de novo, abraço ela e espero ela se acalmar. Depois de muito tempo entre soluços ela me conta como foi a conversa e que seu pai lhe deu uma bofetada.

Sinto uma raiva crescendo dentro de mim, Alex tem sorte de ser o pai da Elis, minha vontade é ir atrás dele e fazer ele se arrepender do dia que nasceu. Elis toca meu rosto e de repente percebo que ela me olha assustada.

Elis: Ele é meu pai Henrique, não quero que você se meta nessa história.

Eu: Eu poderia conversar com ele - tento argumentar - o que ele fez com você é muito errado.

Elis: Promete que não vai fazer nada com meu pai, deixa que eu cuido dessa situação. Promete?

Eu: Prometo que não vou me meter. - falo contrariado -

Elis: Preciso me arrumar pra faculdade.

Eu: Vai conseguir estudar?

Elis: É melhor eu ir, vejo a Suzane, me distraio, tenho certeza que vou voltar melhor.

Eu: Então se arrume que eu te levo meu amor. - olho pra ela com malicia - ou você quer que eu te ajude a tomar banho?

Elis: Não senhor, de jeito nenhum.- ela se levanta um pouco mais animada - Se a gente entrar junto no banho agora eu perco a faculdade kkkk

Ela se levanta e eu vou no meu quarto, no caminho penso em pedir a Rita pra passar as coisas da Elis pro meu quarto, já não faz sentido dormir em quartos separados.

Tomo um banho, me arrumo e desço, Rita fez um lanche, sento e espero a Elis descer. Algum tempo depois ela volta, seu cabelo solto emoldurando seu rosto perfeito, está de calça jeans, uma blusa simples e um tênis.

Qualquer garota vestida assim seria uma garota comum, mas não Elis, ela consegue se destacar mesmo com toda sua simplicidade. Só consigo admira-la e pensar no quanto amo essa garota, tão menina e ao mesmo tempo tão mulher.

**Elis**

Tomo banho e me arrumo pra faculdade. Ultimamente tenho usado vestidos, saltos e maquiagem por causa dessas saidas com Henrique. Os lugares que ele frequenta são muito chiques, mas hoje vou pra faculdade, aproveito pra escolher uma roupa bem no meu estilo.

Visto uma calça jeans, coloco um tênis bem confortável, pra não parecer tão adolescente, coloco uma blusa mais bonitinha, mas simples. Nada de maquiagem só um batom bem básico, e deixo o cabelo solto mesmo.

Me olho no espelho, por fora estou bem mas por dentro só Deus sabe a angústia e tristeza que estou sentindo. Respiro fundo e desço, já na escada sinto o cheiro do café da Rita, Henrique já está me esperando. Adoro esse jeito que ele me olha, sinto a energia do nosso amor circular entre nós quando nossos olhares se encontram. Isso é maravilhoso e confesso que hoje é a força desse amor que está me mantendo de pé.

Dou um beijo no Henrique e sento, comemos e conversamos e me sinto bem melhor, ele me leva pra faculdade.

Henrique: Pronto meu amor chegamos - ele me beija e me olha muito sério - cuidado tá

Eu: Cuidado com que amor? É só a faculdade.

Henrique: Você sabe, quero que você faça faculdade e cresça profissionalmente, sou o primeiro a te apoiar, mas..

Eu: Mas? - Henrique de repente fica sem palavras, parece inseguro quanto ao que dizer. - somos um casal lembra? pode me dizer qualquer coisa.

Henrique: Me sinto inseguro com você no meio desses carinhas da sua idade, é isso - ele fala e fica olhando pela janela, pro outro lado. Puxo seu rosto pra ele olhar pra mim.

Eu: Ei amor, olha pra mim, eu amo você, sou sua esposa, não pretendo esconder isso de ninguém.

Henrique: Mas estou morrendo de ciúmes de você a verdade é essa.

Eu: Também tenho ciúmes de você com aquelas mulheres mais velhas e todas chiques e bem vestidas, enquanto eu..

Henrique: Enquanto você é a mais linda de todas. Eu não trocaria você por nenhuma delas.

Eu: Nem eu trocaria você por nenhum desses garotos.

Ele me olha profundamente, nos beijamos, um beijo apaixonado e cheio de promessas. Nos despedimos, eu desço do carro, ele vira e vai pra casa do Gabriel, os dois combinaram de beber alguma coisa.

Quando saio do carro e me viro, vejo a Suzane me olhando, seus olhos arregalados e a boca aberta. De repente me dou conta que não a vejo tem alguns dias, ela ainda não sabe de nada sobre Henrique e eu.

Suzane: Mas o que foi aquele beijo amiga? Eu passo um finalzinho de semana fora com meu pai e quando volto a senhora está aos beijos com seu marido?!!

Olho pra ela e começo a rir.

Suzane: É, ficou estranho do jeito que eu falei, mas você entendeu - ela fala e me dá um tapinha na testa - pode ir se preparando pra me contar tudooo.

Eu: Eu tava morrendo de saudades de você sua maluca, vou te contar, mas não agora, já estão entrando.

Saímos de braços dados até a sala, rindo e conversando. Suzi e eu vamos fazer a mesma faculdade, planejamos abrir nosso próprio escritório de contabilidade. De repente lembro do meu pai e sinto um aperto no peito.

Suzane: Pela sua carinha não temos só noticias boas né?

Eu: No intervalo a gente conversa.

Entramos pra sala, no intervalo fiz um resumo pra Suzi de tudo que aconteceu. Contando pra ela, percebo quanta coisa me aconteceu em tão pouco tempo.

Suzane: Amiga tô passada, você e o Henrique apaixonados, e essa do seu pai me deixou chocada.

Eu: Estou arrasada amiga, feliz por estar vivendo um amor tão inesperado e tão forte, mas ao mesmo tempo me sinto devastada pela reação do meu pai.

Suzane: Amiga, não fique assim, isso vai passar, seu pai te ama e não vai suportar ficar longe de você, ele vai acabar aceitando você vai ver.

Ela me abraça, adoro conversar com a Suzi, ela sempre consegue me animar.

Terminamos a aula um pouco mais cedo, Suzi está toda animada porque marcou um chopp num barzinho perto da faculdade com alguns amigos nossos do segundo grau.

Suzane: Você vem com a gente né Elis?

Eu: Não sou boa companhia hoje amiga.

Suzane: Por isso mesmo, nós somos, vamos levantar seu astral rapidinho.

Eu: E se o Henrique não gostar? Combinei com ele que assim que acabasse a aula eu avisava.

Suzane: Ah Elis você está falando igualzinho aquelas mulheres que vivem na sombra do marido, obedientes como carneirinhos.

Fico pensando um instante, Suzi e eu sempre falamos em ser independentes e empoderadas, mas se eu tiver que pedir permissão pro Henrique pra tudo, que independência é essa? Decido ir com ela, Suzi tem um carro que ela ganhou do pai quando fez 18 anos, temos só alguns meses de diferença na idade. Vamos ao tal barzinho. A noite promete ser boa.

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