Fiquei alguns minutos parada diante da tragédia que meu pai anunciou.
Tive vontade de gritar, xingar, bater, até mesmo sair correndo.
Mas é o meu pai, o homem que mais admiro nessa vida, aqui na minha frente, desesperado, fragilizado.
A última vez que vi meu pai assim foi quando minha irmã mais velha morreu.
Pensei que nunca fossemos superar, papai parecia um zumbi, mamãe quase morreu de tanta tristeza, eu tinha doze anos, foram os piores dias da minha vida.
Até que mamãe descobriu um mês depois da tragédia, que estava grávida, do meu irmãozinho Lucas.
Aí tudo passou e nós superamos. Guardamos minha irmã no coração e seguimos em frente. Até hoje.
Saio dos meus pensamentos e tento encarar a realidade. Tenho apenas 18 anos mas sou muito madura pra minha idade.
Sempre estive presente nos momentos bons e ruins com meus pais. Minha família é meu bem maior e eu faria qualquer coisa por eles.
Enxugo as lágrimas que já rolaram e digo pro meu pai:
Pai o senhor não pode desistir de tudo, da nossa casa. Tem que ter uma saída.
Alex: Não tem saída filha, é muito dinheiro, não vou conseguir pagar. Cometi um erro grave filha e as consequências estão chegando até mim.
Eu: Por favor papai mantenha calma. Quem é esse homem que o senhor deve?
Alex: É o dono dos cassinos. Ele é milionário filha. Um playboy mulherengo que compra todos com dinheiro.
Eu: Mas os cassinos não são ilegais? Pelo menos aqui no Brasil?
Alex: Sim minha filha, mas ele tem muito dinheiro, é tudo muito escondido atrás de outros estabelecimentos que servem de fachada pra encobrir os cassinos.
Eu: E se a gente denunciasse ele? O senhor sabe onde ficam os cassinos, faremos uma denúncia anônima e ele vai preso.
Alex: Ah filha, você é muito jovem ainda. Pessoas assim não ficam presas, elas compram todo mundo.
Eu: E qual é o nome desse cara?
Alex: Henrique Zanetti.
Eu: E quanto tempo nós temos?
Alex: Uma semana filha. Se eu não pagar aquele desgraçado em uma semana ele vai nos tirar nossa casa.
Eu: Por favor pai não conte nada pra mamãe ainda. Vou pensar em alguma coisa. Não vamos perder nossa casa.
Alex: Me perdoa filha.
Olho nos olhos do meu pai e vejo todo sofrimento e angústia que ele vem passando sem poder falar pra ninguém.
Eu: Não vou te crucificar papai. Prefiro te ajudar a encontrar uma saída. Vou subir, amanhã teremos uma solução. Tenha fé papai!!
Dei um abraço no meu pai, ele chorou muito, pude sentir todo seu arrependimento.
Quando ele começou a contar senti muita raiva, mas agora sinto pena. Amo meu pai e vou ajudá-lo.
Subo para o meu quarto, me jogo na cama e me permito colocar pra fora tudo que estava segurando na frente do meu pai.
Depois de chorar, peguei meu celular e fui pesquisar pra ver direitinho quem era esse canalha que estava causando todo esse sofrimento.
Bastou colocar o nome e as fotos foram aparecendo.
Não dava pra negar o homem é lindo! Moreno, 1,90, cabelo preto muito bem cortado, uma barba muito bem feita.
Pena que toda essa beleza era jogada fora
De que adianta ser tão lindo se não vale nada?!
De repente tive uma idéia. Vou falar pessoalmente com ele. Quem sabe ele volte atrás.
Anotei alguns endereços de estabelecimentos que pertencem a esse homem. Amanhã mesmo vou procurá-lo.
No dia seguinte levantei cedo, fiz minha higiene e saí de fininho. Peguei um iogurte na geladeira e deixei um bilhete dizendo que precisei sair pra resolver um assunto, mas que não se preocupassem pois estava tudo bem.
Saí de casa e comecei a procurar aquele desgraçado nos endereços que peguei. Eram oito lugares diferentes, mesmo sendo domingo esperava encontra-lo.
Já era quase meio dia e eu não tinha encontrado ninguém. Já tinha ido em quatro lugares e nada. O quinto lugar que entrei era um restaurante muito chique e bonito.
Me senti estranha, estava de calça jeans, tênis e uma camiseta de malha.
Respirei fundo e entrei, uma moça veio ao meu encontro.
Moça: Pois não senhorita. - disse me olhando dos pés a cabeça.- Não estamos precisando de ninguém pra trabalhar no momento.
Eu: Não estou procurando trabalho. Quero falar com Henrique Zanetti.
De repente ouço uma voz atrás de mim:
Quem quer falar comigo?
Era uma voz rouca, baixa, senti os pelos do meu braço arrepiarem. Me viro devagar e dou de cara com ele, o homem que quer tirar nossa casa.
Ele me olha com olhar de predador, penso em sair correndo mas não posso, preciso falar com ele.
Eu: Eu quero falar com o senhor. Sou Maria Elis Fernandes, filha de Alexsander Fernandes.
Alex: Humm então seu pai mandou você pra negociar comigo? kkkkkk- disse ele dando uma gargalhada.
Senti meu rosto esquentar de vergonha.
Moça: Quer que eu chame a segurança senhor?
Henrique: Não Jenny pode deixar. Vou atender a mocinha aqui.- fez uma reverência com ar de deboche, já estou odiando esse cara.
Fomos para a parte superior do restaurante onde ficava um escritório grande e bonito. Entramos e ele me indicou uma cadeira.
Alex: Muito bem senhorita, sou todo ouvidos.- disse ele sentando atrás da mesa e me olhando com olhar debochado. Senti minha raiva aumentando.
Eu: Fiquei sabendo que meu pai tem uma divida com o senhor. Ele deu nossa casa como garantia.
Henrique: Sim exatamente.
Eu: O senhor não pode tirar nossa casa.
Henrique: E o quê me impede de fazer isso?
Juntei toda minha coragem e falei:
Nada o impede senhor. Mas eu proponho um acordo.
Ele me olha como se eu tivesse acabado de contar uma piada.
Henrique: Kkkk e o que a senhorita propõe?
Eu: Eu trabalharei para o senhor até pagar toda a dívida. Posso trabalhar em qualquer função, limpo chão, cozinho, faço serviços gerais, qualquer coisa.
Ele levanta da cadeira lentamente e vem se aproximando. Sua presença é perturbadora, prendo a respiração sem perceber.
Ele encosta na mesa bem ao meu lado.
Henrique: Seu pai sabe que está aqui?
Eu: Não senhor. Vim por minha conta. Sou maior de idade e sei o que estou fazendo.
Henrique: Pois bem, tenho um "emprego" pra você.
Solto a respiração que ainda estava prendendo e sinto que há uma luz no fim do túnel.
Eu: E quando posso começar? O que tenho que fazer?
Henrique: Calma mocinha! Hoje é domingo e você teve sorte em me encontrar aqui.
Ele escreve alguma coisa num pedaço de papel e me entrega.
Henrique: Vá amanhã nesse endereço, no horário que marquei aí, vou preparar um contrato. Se a senhorita estiver de acordo.
Pego o papel e olho, letra bonita, parece um endereço residencial.
Eu: Estarei lá senhor. Até amanhã.
Saio de lá e vou direto pra casa. Preciso contar ao meu pai que consegui um acordo.
Chego em casa minha mãe está preocupada, digo que era um problema com a Suzane e já está resolvido. Ela me olha desconfiada mas não faz mais perguntas.
Enrolo um pouco conversando e vou pro meu quarto.
Meia hora depois meu pai vem falar comigo.
Alex: Filha onde você esteve? Me diga que não foi procurar aquele homem.
Eu: Foi exatamente isso que eu fiz.
Alex: Filha você enlouqueceu esse homem é perigoso.
Eu: Não se preocupe papai. Consegui um acordo com ele.
Alex: Que tipo de acordo?
Eu: Vou trabalhar pra ele até pagar essa dívida e ele não tira nossa casa.
Alex: Filha isso está me cheirando muito mal. Ele não é confiável. Você é minha menina não vou deixar você cair numa armadilha.
Eu: Papai já estamos numa armadilha, eu vou e não há nada que o senhor possa fazer pra impedir. A mamãe não vai suportar perder essa casa.
Alex: Eu sei filha isso tudo é culpa minha. Sou um miserável não mereço a família que tenho.
Eu: Pare com isso papai. Vamos sair dessa. Sou sua filha mais velha e tenho que te ajudar. Amanhã vou ver do que se trata, ele vai fazer um contrato. Vai dar tudo certo papai.
Abraço ele forte. No fundo também estou morrendo de medo, mas preciso ser forte agora. Pelos meus pais, pelo meu irmãozinho, eles são tudo pra mim. Faço qualquer sacrifício por eles.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Adriana Mentoring de Mulheres
O vício é terrível
2024-12-09
0
Lucimari
Qual será o acordo, muito boba com 18 anos pode tentar consertar as coisas.
2023-09-18
5
Edivania Gomes
vou passa raiva nesse livro
2023-09-16
0