A festa

**Elis**

Vou me arrumar pra festa afinal, estou nervosa, nunca fui nessas festas chiques. Também nunca me vesti como hoje.

Tomo um banho e começo a me arrumar. Antes de colocar o vestido faço uma maquiagem, uso apenas um rímel, um pouco de sombra nos olhos, bem discreto pois o batom é vermelho.

Coloco o vestido e as sandálias, brincos e uma pulseira combinando. Ajeito os cabelos e me olho no espelho, estou pronta.

Bem na hora, Rita me chama diz que Henrique já está me esperando.

Me encho de coragem e saio do quarto, não costumo andar de salto então vou devagar. Começo a descer as escadas, Henrique está de costas olhando o relógio, acho que está nervoso.

Quando estou no meio da escada ele se vira, me olha surpreso. Ele não diz nada, apenas me olha com seus olhos de predador. Chego perto, ele estende a mão.

Henrique: Você está linda! Parabéns pela escolha.

Eu: Obrigado. Você também está muito bonito.

Falo e já sinto meu rosto esquentar.

Henrique: Vamos, nós estamos atrasados.

Elis

Henrique

Gabriel

Chegamos na festa, o restaurante é lindo, logo na chegada já havia muitos fotógrafos. Saímos do carro e uma sequência de flashs me deixa atordoada.

Henrique percebe e me puxa pela cintura pra junto dele. Não que isso resolva, fico mais nervosa ainda com a proximidade dele.

Entramos e Henrique começa a me apresentar pras pessoas. Conheci o Gabriel, melhor amigo do Henrique.

Gabriel: Finalmente nos conhecemos. Muito prazer Elis, eu sou o Gabriel.

Eu: Fico feliz em te conhecer.

Também conheci alguns políticos e até alguns artistas estavam presentes. Me sinto deslocada no meio de tanta gente chique. Henrique já está acostumado, ele age com naturalidade.

Sentamos numa mesa com algumas pessoas que Henrique me apresentou, mas sinceramente já não lembro o nome de nenhuma.

A conversa é chata, o vestido me incomoda, as sandálias estão apertando meus pés. Decido ir ao banheiro, falo baixinho com Henrique, ele me indica onde é.

O banheiro é lindo, tem um espelho enorme, várias portas individuais. Entro numa delas pois preciso tirar as sandálias um pouco. Sento na tampa do vaso e tiro. Que alívio! Mexo os dedos um pouco e quando estou calçando elas de novo, escuto vozes de algumas mulheres que entraram no banheiro. Elas falam de alguém e ficam rindo, paro pra ouvir e é de mim que elas falam.

Mulher 1: Vocês repararam na esposa do Henrique?

Mulher 2: E tem como não reparar? Vocês viram a cara dela? Parece completamente fora de lugar.

Mulher 3: O Henrique é louco, tantas mulheres da alta sociedade dariam tudo pra estar no lugar dessa garota.

Mulher 1: Os dois não tem nada a ver.

Mulher 2: Ela combinaria mais como garçonete servindo champanhe aos convidados kkkk

Elas riem e eu não me aguento, saio do banheiro pra que elas me vejam. Elas ficam sem graça olhando uma pra outra.

Eu: Não fiquem assustadas, não vou fazer nada com vocês não. Posso não ser da alta sociedade, mas meus pais me deram educação, e me ensinaram a respeitar as pessoas. Quanto ao MEU marido, se ele me escolheu ao invés de vocês é porque com certeza devo ter alguma coisa que vocês não tem. Talvez seja por eu não ser tão rodada como vocês.

Levanto a cabeça e saio, deixando elas resmungando no banheiro. Mas estou tremendo, me sinto muito abalada. Nunca tinha sido tão ofendida, me sinto humilhada, não só pelo que elas falaram mas pelo motivo do meu casamento com Henrique.

Sinto meus olhos arderem, não quero chorar, sinto minha garganta arranhando e se fechando. Não, era só o que me faltava, uma crise de asma agora. Lembro que estou sem minha bombinha. Fico desesperada e isso só piora a situação.

Estou com muita falta de ar, sinto tudo girar, minha visão escurece. A última coisa que lembro é de ver o Henrique se aproximando correndo e me pegando em seus braços.

**Henrique**

Estamos atrasados pra festa, Elis se trancou naquele quarto e não fica pronta logo. Não sei qual o problema das mulheres. Qual a dificuldade em colocar um vestido e um par de sandálias?

Olho o relógio já são mais de oito horas, me viro pra escada e vejo Elis descendo. Não acredito no que eu vejo, ela está maravilhosa, nem parece a mesma pirralha.

Luto contra o que estou sentindo mas é em vão, olho pra ela e sinto meu coração disparar. Como pode essa garota tão jovem provocar tantas sensações em um homem experiente como eu?

Dou a mão pra ela e vamos, já estamos atrasados. Chegamos na festa e vou apresentá-la às pessoas. Depois do casamento essa é a primeira vez que aparecemos em público.

Apresento ela ao Gabriel e os dois já se gostam de cara. Todos a quem apresentei Elis gostaram dela e ela também foi gentil e educada com todos. Meu coração se aquece ao pensar nela. Elis vai ao banheiro, Gabriel senta ao meu lado.

Gabriel: Cara agora eu entendi sua paixonite, com todo respeito a Elis é linda. E muito educada também.

Eu: Você melhor que ninguém sabe o que eu paasei por causa da Stephanie. Eu jurei nunca mais me apaixonar, e venho cumprindo essa promessa por seis anos.

Faço uma pausa, está difícil admitir meus sentimentos pela Elis.

Gabriel: Eu sempre te falei que ia aparecer uma mulher pra fazer você esquecer tudo isso.

Eu: Mas ela me odeia, você sabe em que condições nós casamos.

Gabriel: Cara realmente o amor deixa as pessoas cegas. Ela pode ter te odiado no começo, mas agora, ela está tão apaixonada quanto você.

Eu: Você acha mesmo?

Gabriel: Dá pra ver nos olhos dela, o jeito que ela fica te observando.

De repente olho na direção do banheiro e vejo a Elis, ela vem andando de forma estranha, penso que é por causa do salto alto. Mas vejo que ela está chorando, falo pro Gabriel, levanto rápido e vou até ela. Chego a tempo de pegá-la, ela está desmaiada e respira muito fraco. Entro em pânico, Gabriel vem e me ajuda a sair pelos fundos.

Poucas pessoas viram o que aconteceu. Coloco ela no carro, o Gabriel volta pra festa e dá uma desculpa por eu ter saído.

Elis está deitada no banco muito pálida, sinto meu coração se apertar, acelero mais e chego rapidamente no hospital.

Entro com ela nos braços gritando. Levam ela e me perguntam o que ela tem.

Enfermeira: Senhor se acalme, o médico precisa avaliar sua esposa.

Eu: Não sei o que ela tem, somos casados a pouco tempo, estávamos numa festa, ela foi ao banheiro e desmaiou logo depois antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa.

Penso em ligar para os pais dela, mas não sei o que dizer. Espero mais um pouco e o médico vem.

Eu: Doutor como está minha esposa?

Médico: Ela está bem, agora, mas ela correu um risco muito grande. Reconheci os sintomas logo que a vi, minha filha também tem asma.

Eu: Asma? Então era isso. Não sabia que era tão perigoso.

Médico: Pelo visto sua esposa não lhe contou sobre o problema. Não é nada contagioso ou grave. Asma não tem cura, basta evitar os gatilhos que fazem ela atacar. No caso da sua esposa tenho quase certeza que é emocional. Ela não tem nada fisicamente, só parece muito abalada com alguma coisa. Sugiro que o senhor converse com ela, será bom se ela falar.

Eu: E posso vê-la doutor?

Médico: Claro pode sim, mas ela está sedada.

Vou até o quarto e vejo ela ali, pálida, com oxigênio no nariz. Sinto meu coração se apertar, acho que realmente gosto dessa pirralha. Puxo a cadeira pra perto dela, sento e seguro sua mão.

Acabo adormecendo, acordo horas depois com o toque da sua mão no meu cabelo. Olho pra ela e vejo seus lindos olhos azuis me encarando.

Eu: Que susto você me deu. Porque não me disse que tinha asma?

Elis: Não achei que fosse importante, não dá crise sempre, é mais por causa de estresse e nervosismo. Eu uso uma bombinha mas hoje não estava comigo, não achei que na festa fosse precisar.

Eu: E o que desencadeou essa crise?

Ela baixa os olhos e quando os levanta estão cheios de lágrimas. Puxo ela pra mim e a abraço, quero protegê-la.

Eu: Shh calma, tá tudo bem.

Passo a mão no cabelo dela, ela se acalma e me conta tudo que ouve. Sei quem são as mal amadas que ofenderam Elis, e elas vão se arrepender.

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