O que você fez, Brenda?

Assim que a Joana saiu a Estela entrou na cozinha, ela me olhou surpresa por me ver jantando, mas não comentou nada, Estela fez o prato dela e se sentou a mesa, ficando de frente para mim, eu estava de cabeça baixa, mas eu via de canto de olho que ela estava me olhando. A Joana retornou a cozinha com uma caixa de kit de primeiros socorros em mãos.

— Vamos cuidar disso. — disse colocando a caixa em cima da mesa.

— Obrigado, Joana, você é um anjo.

Me levantei e coloquei o meu prato na pia.

— Magina patrão. — disse com um sorriso enorme.

Voltei a me sentar, e a Joana já ia começar a cuidar do meu machucado.

— Vão fazer isso em outro lugar, eu estou jantando. — olhei para ela com cara de poucos amigos, me levantei e fui para sala.

Me sentei no sofá, e a Joana sentou do meu lado.

Joana começou a limpar o meu machucado, eu soltei alguns gemidos de dor.

— Calma que já passa. — disse enquanto pegava uma pomada na caixa.

— Isso dói demais. — falei fechando os olhos e inclinando ao mesmo tempo a cabeça para trás.

— Tá quase acabando.

— Nossa senhora. — Falei enquanto fechava os olhos, sentindo dor.

— Prontinho patrão.

— Obrigado Joana você é um verdadeiro anjo.

— De nada patrão. Tenha uma boa noite! — disse com a sua mão no meu ombro.

— Boa noite! Joana. — falei sorrindo colocando a minha mão sobre a dela.

Joana saiu, eu fiquei pensando como as minhas noites nunca mais foram boas, depois que passei a morar nessa casa, parece mais que eu estou vivendo num inferno.

Liguei a televisão, e escolhi um filme de ação, dei play e comecei a assistir, a Estela chegou na sala e se sentou ao meu lado.

— Que filme é esse? — perguntou me encarando.

— Alerta vermelho. — respondi sério, com olhar na tela da TV.

Fiquei por mais uns dez minutos, e me levantei para ir pro quarto.

— Não vai terminar de assistir o filme?

— Não. — Falei subindo as escadas.

Não aguentei ficar na presença da Estela, nossa convivência nessa casa está cada dia pior.

Mariana

Passei o resto do meu expediente pensando no Nick, aquela raiva que eu estava sentindo dele, já não existia mais, tudo que eu queria era estar nos braços dele novamente, sentindo o seu cheiro gostoso, sentindo o gosto delicioso do seu beijo. Não sei se o Nick ainda vai querer ficar comigo.

No final do meu expediente fui para minha a casa, entrei e me joguei no sofá, fiquei deitada por alguns segundos, depois me levantei e fui para o meu quarto, mas antes passei no quarto da minha irmã Brenda, a porta estava fechada, eu bati várias vezes mas não tive resposta da parte dela, então eu entrei. E vi a minha irmã deitada na cama, coberta por muito sangue, me apavorei, me aproximei dela chamando o seu nome desesperada, dei alguns tapinhas no seu rosto. Com os meus gritos de desespero o meu pai veio saber o que estava acontecendo.

— O que você fez, Brenda? — falou chorando desesperado.

— Calma pai! Eu vou ligar para o resgate.

Meu pai olhava para a minha irmã chorando, ele estava muito assustado, vendo a minha irmã naquela situação, liguei para o resgate que não demorou chegar, eles levaram a minha irmã para o hospital, meu pai e eu fomos logo depois. Após algumas horas o médico veio falar sobre o estado da minha irmã.

— Boa noite! Vocês são os familiares da Brenda Fidélex?

— Boa noite! Sim nós somos. — falei preocupada.

— Boa noite doutor. Como a minha filha está?

— Então senhor, a Brenda estava grávida, vocês estavam ciente disso?

(Sim) — respondemos juntos.

— Ela tomou algo que causou o aborto, eu não vou mentir para vocês, a Brenda perdeu muito sangue, o estado dela é muito grave, ela vai precisar fazer uma transfusão, e o sangue dela é do tipo (O) menos, não temos esse sangue no estoque. Tem alguma possibilidade de alguém mais da sua família ter esse tipo de sangue?

— Eu acho que não. — falei preocupada olhando para o meu pai, que permaneceu calado com o semblante mais preocupado ainda.

— Eu peço que vocês falem com os seus conhecidos e pergunte se eles tem ou conhecem alguém que tenham esse tipo de sangue, e se vocês quiserem irem para casa, fiquem a vontade, qualquer outra notícia o pessoal do hospital liga para avisar vocês. — Concordei com a cabeça. O médico saiu.

— Pai... Você conhece alguém que tenha esse tipo de sangue?

— Não, filha. — falou com lágrimas nos olhos, eu abracei ele forte.

— Nós vamos dar um jeito, pai. — falei tentando acalmar ele.

Eu e o meu pai fomos para casa, o dia já estava quase amanhecendo, o meu pai foi descansar, eu deitei na minha cama, peguei o meu celular e mandei uma mensagem para o Douglas, meu chefe, avisando que não ia poder ir trabalhar, contei toda a situação para ele, que entendeu, apesar do Douglas ser um escroto, por não tomar uma atitude em relação ao Otávio e eu, o Douglas é uma pessoa boa.

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