Você é um ingrato, isso sim!

Nessa hora a Joana chegou na sala com uma bandeja, com os dois copos d'água e o comprimido do lado, paramos o bate boca, mas é claro que a Joana sabia que estávamos brigando, peguei o comprimido e tomei.

— Obrigado, Joana.

— De nada senhor, Nick.

— Obrigada dona Joana, pode deixar a bandeja e se retirar. — Joana deixou a bandeja na mesinha e saiu da sala.

— Você e seu pai são dois infelizes. Vocês acham que podem comprar as pessoas. — Estela me olhou com um olhar de superior.

Ela sempre faz isso quando discutimos.

— Ele pode, ele comprou você. — falou com deboche.

— Pode até ser verdade, mas ele nunca, me escuta bem, Estela, ele nunca vai conseguir comprar o meu amor. Eu nunca vou te amar, Estela.

— Você é um ingrato, isso sim! Se não fosse pelo o meu pai, você jamais seria esse homem rico e poderoso que é, sem o meu pai, você jamais teria dinheiro para bancar as suas saídas com essas vagabundas, que você pega toda a noite, sem o meu pai, você não teria saído da sarjeta onde o viciado do seu pai te deixou.

Eu parti para cima dela, levantando a mão para acertar um tapa nela, mas me contive.

— Foi o desgraçado do seu pai que acabou com a minha família, sua filha da puta!

— Vai Joni! Me bate. — disse se aproximando de mim.

— Me deixa em paz, caralho!

— Estou cansada dessa sua falta de respeito Joni. Que merda foi aquela? Você faltou comer a mulher com os olhos, bem na minha frente. — Estela começou a chorar.

Eu odiava quando essa desgraçada chorava quando estávamos batendo boca.

— Você gosta dessa situação, Estela. Foi você que quis viver esse casamento de aparências, lembra?

— Não custa nada, você fingir que me respeita.

— Eu vou fazer o que eu quiser, não vem querer mandar em mim! E para de chorar caramba!

— Você é... Você é...

Eu me levantei e me aproximei dela.

— Eu sou o que, em? — perguntei segurando no braço dela.

Estela me olhou com aqueles olhos azuis, cheios de lágrimas, eu senti uma fisgada no meu peito. Soltei o braço dela.

Estela saiu da sala correndo, me deixando sozinho.

Fui para o meu quarto cheio de ódio, fiquei andando de um lado para o outro, pensando no momento em que olhei nos olhos da Estela e senti dó, de estar sendo o causador daquelas lágrimas. Encostei a minha cabeça na porta e dei três batidas leves, depois dei uns cinco socos fortes na parede. Me sentei na beirada da minha cama tentando controlar a minha raiva, a vontade era de quebrar tudo naquele quarto, como ainda posso sentir dó daquela desgraçada que finge que não sabe, que foi o pai dela que acabou com a minha família, ela finge que não ver, que foi o pai dela que nos colocou nesse inferno. Olhei para a minha mão e vi que estava sangrando. Me levantei da cama e fui tomar um banho, os socos que eu dei na parede esfolou a parte de cima dos meus quatro dedos, quando a água bateu em cima eu senti uma dor da porra, o sangue também escoria no chão até o ralo do banheiro. Saí do banho e coloquei uma calça moletom, depois desci e fui até a cozinha, a dona Joana estava lá jantando, ela morava na casa também.

— Oi Joana!

— Oi senhor Nick! Deixa que eu esquento a comida para você, não sabia que o senhor ia jantar em casa hoje. — falou se levantando.

— Pode jantar em paz, Joana, eu me viro aqui. — falei pegando um prato no armário.

Joana voltou a se sentar.

Coloquei a minha comida no prato e me sentei à mesa. Eu realmente não jantava em casa com muita frequência.

— Ta muito boa a comida. — falei enquanto mastigava.

— Muito obrigada senhor. O que aconteceu com a sua mão? — perguntou com os olhos arregalados, olhando para mim.

— Eu só dei alguns socos na parede, nada demais. — Joana me olhou mais assustada ainda, balançando a cabeça negativamente.

— Eu vou pegar o kit de primeiros socorro, para cuidar disso aí. — concordei com a cabeça.

Joana se levantou, colocou o prato na pia, e saiu em seguida, para buscar o kit de primeiros socorro.

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