O CONTRATO

 Ruth começa a preparar o almoço e aquele cheiro invade o quarto, e meu estômago revira de novo, e corro para o banheiro, sei que isso é comum na gravidez, mas preciso mesmo me acostumar com essa sensação.

Como prometido Miguel vem ao meio dia acompanhado de Cristophe.

Ele entra no quarto e eu estou deitada. me sento ao vê-lo chegar.

-Oi. como você está?

-Só um pouco enjoada. - arrumo meus cabelos bagunçados , não estou acostumada com a presença de um homem comigo no quarto. E ele percebe.

-Me desculpe eu devia ter batido antes.

- Tudo bem.

Nos olhamos por um tempo, como não nos conhecemos , é difícil encontrar assuntos em comum.

-Você consegue sair pra almoçar? Cristophe está aqui e nós precisamos acertar os termos do ... casamento.

Dou um longo suspiro.

-Eu entendo que isso é estranho pra você , não tinha intenção de aceitar minha proposta e agora   o jogo virou, e estamos ligados, mais saiba que eu quero que você se sinta o mais confortável possível com tudo isso. Eu não te deixarei faltar nada. E no que depender de mim, você será muito bem tratada. E recompensada tambem.

- Como sua família vê tudo isso?

 Ele chega perto e se senta a meu lado.

-Não posso te dizer que estão amando a ideia,mais é algo que precisa ser feito.

-Porque você me escolheu Miguel, de verdade?

- A verdade?

-Sim, por favor...

-Primeiro, você é a ruiva mais linda que eu já vi na vida...depois que eu te investiguei e vi, o tipo de pessoa que você é ... seu caráter, sua postura justa e determinação, me cativaram, e, eu queria poder ajudar alguém que realmente merecesse.

- Como me achou?

Ele sorriu encabulado.

- Eu ouvi uns amigos falando sobre uma dançarina linda e sensual numa boate de striper. Mais nenhum deles ousava ir lá pra conhecer de perto, só ficavam  te imaginando. Então resolvi me aproximar, e te vi, eu confesso que  escolhi você  de imediato. Fiz algumas perguntas e Cristophe se encarregou do resto, como já sabe. E também queria alguém que fosse totalmente anônimo e desprovido de ambições .

- E ... aquele dia , na sala...-

Senti-me corada ao lembrar dos detalhes.

- Eu perdi o controle quando te vi dançar, eu me desconheci, não costumo ser tão... rápido. mais foi a melhor transa que eu tive em muito tempo.

 Viro o rosto para o lado, lembrando do momento do nosso climax.-" a minha também", penso corada.

- Mais fique tranquila, se é isso o que te incomoda, não vai acontecer de novo, eu respeito muito as mulheres. O nosso contrato pode ter essa clausula ,se você quiser... e preferir.

-Sem sexo?

- É...

- Tá bom, por mim tudo bem, não estou mesmo afim de viver uma relação profunda . Não tenho um bom histórico com...relacionamentos.

Ele me olha intenso , e eu sinto uma corrente  elétrica percorrer minha espinha, ele me atrai, e será bem difícil não me envolver com ele, mais sinto que é um desafio. Trabalhei numa boate estripe  por um ano sem sair com ninguém, posso ficar mais um sem ...transar de novo. Mais que droga.Será que é possível? convivendo com um homem tão charmoso assim?Miguel é maduro , mais tem uma virilidade incrível, sua pele branca em contraste com a barba ralina, e os olhos verdes, intensos e apertadinhos , um peitoral forte e firme . Braços largos e mãos macias...E uma boca que te convida pra um beijo ...

-Vamos?

Ele estende-me a mão

— Pedi a Ruth para nos deixar a sós, precisamos falar de assuntos delicados. Dou minha mão a ele, e que mão grande e macia aquela. Foi por isso que me excitou daquela forma  quando me tocou. Sentamos a mesa e Cristophe  já comia.

- Desculpem , não resisti, o cheiro tá muito bom.

 O cheiro me embrulhou de novo o estômago, e Miguel percebeu.Fiz uma careta de desconforto.

-Será que pode tirar esse prato daqui? –ele olhou para o advogado.

 Cristophe demorou entender, mais por fim levou a comida para a cozinha.

- Cuidaremos desses enjoos , assim que possível tá bom?-

Sua voz foi firme e doce ao mesmo tempo. Era como uma música ouvir alguém preocupado comigo assim.

Assenti com a cabeça.

- Bom, eu como advogado, já estou bem familiarizado com esse tipo de situação. Vou ler algumas clausulas e se algum dos dois discordar é só erguer a mão e falar.

 Ele começa a ler alguns termos que traz num grosso contrato e como não entendo muito bem, deixo ele continuar.

Porém num dado momento eu levanto a mão.

 Eles me olham. E me dirijo a Miguel.

-Você tem certeza disso? Quero dizer, de mim?

-Tenho. Nós fomos meticulosos quanto a sua vida. Não vejo nada que te impeça de ser a mãe dele.

-Não isso. Eu.-Pergunto de novo-  Nós nem nos conhecemos , não sabemos nenhum detalhe sobre a personalidade do outro. Você quer me levar  pra conviver com sua família... Miguel eu sou uma pessoa difícil.  Tenho minhas manias, sou sistemática, não lido bem com pressão, e por aí vai...

- Luísa eu sei bem o que significa convivência a dois. Venho de dois casamentos horríveis e um namoro, confuso com uma moça complicada. Moro com uma tia , e uma prima... e ainda tem minha cunhada... sem contar... deixa pra lá. Posso suportar  você.- ele sorriu maroto.

- Mais e eu , já pensou em mim, se vou conseguir?

- Sou uma pessoa fácil de lidar, posso garantir. Também tenho minhas particularidades, mais no geral, sou uma boa pessoa, pergunte ao Cristophe.-

Ele riu e o advogado nos olhou confuso. Cristophe estica os olhos, acho que isso quer dizer que Miguel não é tão fácil assim.

- E... como dormiremos?

- Juntos é claro.

 Eu balancei a cabeça , essa ideia me agrada e desagrada ao mesmo tempo.

-Porque você não me deixa morar aqui então... Tem a Ruth agora e , você pode vir quando quiser...

 Cristophe só nos observava com um leve sorriso.

- E deixar a impressa descobrir e acabar com minha reputação? De jeito nenhum. Sabe-se Deus o que podem inventar, isso não cairia bem.

- Você tinha que ter pensado nisso quando procurou uma dançarina de boate pra ser mãe do seu filho...

- Mais ninguém precisa saber disso , precisa?

-E sua namorada, ela vai me odiar.

-Já dei um jeito nisso.- Ele engoli seco e sei que de fato existia alguém na vida dele.

 Miguel parecia determinado e eu também sou bem teimosa quando quero. Fiz alguns outros questionamentos e ele rapidamente os rebateu, quando enfim fiquei sem argumentos eu olhei pra Cristophe.

- Onde é que eu assino?

 Vi que não tenho saída. Mais Miguel não entendia que meu medo , não era a convivência difícil com a situação, e sim Ele.

Ele atrai-me e muito e sei o quanto isso é perigoso pra mim, pois sou muito emotiva, e nunca me imaginei em uma situação dessas. Vou reprimir os meus sentimentos e tentar ser o mais casual possível, quem sabe eu consiga me manter  a salvo dos encantos daquele quarentão charmoso e perfeito.

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