A JORNADA

Cristophe, o advogado

Foram três longos dias , andando e buscando por uma chance, mais parece que todas as portas estavam fechadas pra mim, e aquele meu entusiasmo inicial, começou a sumir, principalmente quando percebi que o fim da semana estava chegando e , o pouco dinheiro que eu tinha estava se esgotando e ainda tinha que dar um jeito de  ajudar minha família no Rio. 

Sentei num banco , numa praça  do centro. E percebi um homem me olhando de longe, e sei que era exatamente pra mim,  eu o encarei, pra ver se ele se tocava , e nada, então meu instinto pediu-me pra ir falar com ele.

Caminhei na sua direção, e ele manteve o olhar fixo.

- O que o sr tanto olha pra mim, por acaso está me seguindo?

— Na verdade, sim.

A sua resposta foi tão direta que me assustei, mais não me deixei intimidar, aproximei-me mais dele, e o encarei mais firme.

- E o que o sr quer? Se não me disser logo, eu chamo a polícia.

- Tenho um cliente que deseja falar com você.

Há já entendi, deve ser um daqueles pervertidos da boate , que me reconheceu...

— Diga a seu cliente, que eu não faço programa.

— Não é isso o que ele quer.

O homem tinha cerca de 40 anos e era muito elegante , com grandes olhos negros e uma barba  bem feita.

— E o que ele quer?

Ele mostrou-me o carro de luxo parado do outro lado da rua .

— Porque não vai lá conferir.

— De jeito nenhum. E cair num desses golpes de sequestro pra ser escrava de luxo, nunca.

Caminhei rápido e ele seguiu-me.

— Espere Luísa...

Parei e o olhei interrogativa.

- Como sabe o meu nome?

— Eu sei muita coisa sobre você, e ele também.

- Então quer dizer que além do sr , está me seguindo , está tambem me investigando...

- Exatamente. E se não for falar com ele agora, terá que ir em algum momento, porque ele não é do tipo que desiste fácil. Ele tem uma proposta pra você.

- Que tipo de proposta?

Pergunto interessada , mas fingindo não estar.

- Um trabalho, se você encarar dessa forma, onde você pode se dar muito bem, meu cliente é muito rico como pode ver, e ele está interessado em algo que você pode fazer por ele.

-Porque não me adianta o que ele quer e daí decido se vou lá ou não.

-Isso eu não posso , ele quer falar pessoalmente.

Dou um sorriso debochado- golpe! pensei.

- Diga a seu cliente que eu não estou interessada em nenhuma proposta que ele tenha pra me fazer , pois é exatamente por acreditar em gente como vocês , que estou metida nessa encrenca.

Dou meia volta e saio de novo e ele me grita de longe.

- Ele pode ajudar sua mãe.

Paro , e fico na dúvida se olho pra ele ou não, mais , por receio de um novo golpe, continuo andando, eles podem muito bem ter investigado a minha vida , e estarem tentando me enganar. Me viro de longe e só então olho pra ele.

-Fique bem longe de mim, ou pode se dar muito mal.

Entro no ônibus que vai passando do outro lado da rua , que por sorte era o meu, e sumo da vista dele.

Após descer no ponto , corro para o quarto que aluguei, se ele estava me seguindo, eu deveria tomar bastante cuidado, eu era uma brasileira , jovem e sozinha, nos Estados Unidos, sem conhecidos e desempregada, com meu visto provisório de turista quase vencido e se me acontecesse algo, quem iria me ajudar?

Fecho bem a porta e janela , e ponho um armário pequeno encostado na porta , se alguém tentar entrar , pelo menos vou acordar a tempo, olho no frigobar e só tem um suco e alguns pacotes de bolacha, mais eu vou ter que me contentar com isso hoje a noite, pois seria arriscado sair pra comprar comida , com aqueles dois estranhos me vigiando, e de fato estavam.

Olhei por uma fresta da janela , e um carro , estava parado lá fora, e aquele homem estranho saiu dele e ficou olhando pra minha porta, talvez esperando que eu fosse sair.

Mais o que afinal, aquele cara queria comigo?

Bom, hoje não falo com mais ninguém, se amanhã ele insistir eu concordo em conversar com ele, mais só se for num lugar bem movimentado, vai que ele de fato quer me dar uma oportunidade de trabalho... mais isso amanhã, por hoje, é só dormir e recobrar as minhas forças, para sair novamente, bem cedo.

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