PRESA A TE

Acordei de manhã com a delegada de imigração me chamando na cela.

- Ei levanta. Você tem visita.

Esfrego meus olhos e arrumo rapidamente meus cabelos com as mãos. Chego na sala e quase dou um pulo de alegria ao ver meu perseguidor barbudo.

-Por favor, me diz que veio me tirar daqui.?

- Não é tão simples assim. Sua situação é delicada. O Yong te enganou dizendo que você tinha um visto provisório, você está irregular, desde que chegou.

- O que ? aquele idiota fez isso?

-Fez. Mais alguém que não gosta mesmo de você te denunciou a imigração.

Fiz uma careta ao me lembrar da mexicana, que tinha aversão a mim, por saber que eu era tão solicitada pelos clientes da boate, Só podia ter sido ela.

- Diz que vai pelo menos tentar, eu não posso ser deportada. Minha família morreria de desgosto, por favor...

Ele bufou no ar, e passou a mão na barba.

-Tem uma saída.

-Qual é, faço qualquer coisa...-Ih, acho que falei demais, levando em conta a proposta do tal Miguel.

- Se o sr Miguel te declarar sua noiva, você estará abrigada pela lei, já que ele é um cidadão americano.

Me levanto visivelmente nervosa, pois sei o que aquilo significa.

- Não, isso não.

É a vez dele se levantar.

-Então boa sorte de volta ao Brasil. Não posso ajuda-la se você primeiro não se ajudar. A lei de imigração é rígida mais flexível, e o sr Miguel assumiria um grande risco fazendo isso por você , seria um escândalo,se a imprensa descobrir, mais ele está disposto a se expor. Se mudar de ideia ,é só me ligar.

Queria socar aquele barbudo arrogante.

 Volto pra cela e antes do café da manhã, temos que fazer um exame toxicológico.

Me encolho no vaso para recolher a urina enquanto uma policial me observa atentamente. Entrego o frasco a ela,  e após lavar as mãos somos levadas, ao refeitório, onde os policiais homens nos olham com malícia.  A moça mais jovem ainda chora, soube que elas foram pegas nas ruas, e é uma  brasileira também.

- Fique calma, eles não podem nos tocar aqui.

- Obrigada.- ela enxuga as lágrimas.

Depois do café voltamos a cela, e por volta do meio dia , a dra me chama em sua sala. A mulher pede que eu me sente e me olha  durante algum tempo.

-Você sabe que sua situação é complicada. Ilegal a  mais de um ano, sem residência fixa, trabalhando num lugar daqueles e ainda por cima...grávida.

- O que? –quase gritei com ela.

-Eu não estou... deve ter sido um engano , eu não...

- Tem outra Luísa Bourbon e Silva aqui nesta sala?

Me sentei atônita.

- Você  volta para o Brasil amanhã bem cedo, e agradeça por seu sangue tá limpo de drogas, mais se for esperta mesmo, procure o pai do bebe, se ele for um cidadão americano pode te dar acolhida, pelo menos até a criança nascer. Se for rico então... levando em conta os caras que frequentam o lugar, você estará salva.

-Não pode ser, isto está errado.

-Não está.- Ela me afirma.

Aquilo foi outra bomba na minha cabeça. Grávida? E ainda por cima dele? Agora mesmo é que não posso voltar.

-A sra me permite ligar para uma pessoa?

Ela me indica o telefone e forço a memória pra lembrar o numero.

- Cristophe , sou eu, Luísa, você...pode trazer ele aqui?

Mordi meu pé!

Quando voltei pra cela as meninas não estavam mais lá, e eu , se ele não viesse me ver, amanhã também não estaria.

Minha angustia crescia com o passar das horas sem vê-los chegar, a noite veio e eu comecei a perder as esperanças, e de manhã já estava completamente desesperada.

E quando o meu nome foi chamado eu senti que estava tudo perdido, e já me preparava para encarar minha fragilizada mãe, com a minha vergonha.

Atravessamos as celas e eu tive que ouvir provocações de presos e  alguns tentando me tocar, também com aquelas roupas... um microsshort e uma blusinha curta, coberta apenas por um casaco. Abotoei o casaco e me preparei para a deportação.

E enquanto caminhava sentia o meu peito apertar, e segurei as lágrimas ao lembrar do olhar da minha mãe. Saímos pelo portão e havia um carro preto parado no estacionamento, a porta se abriu e o policial me falou com voz firme.

 -Entre!

Hesitei um pouco, mas, não tinha escolha.

Entrei,e ao ver quem estava ali, não resisti. Pulei em seu pescoço e quase não o soltei.

-Miguel...

O seu nome  fluiu em meus lábios com um suspiro de alívio.

Enfim, acho que estou salva.

Pelo menos da deportação.

Depois de passado o êxtase da alegria eu o soltei devagar.

Só então percebi que estava suja , devido a noite na cela, e ele tão cheiroso que deu até vergonha de mim.

-Obrigada, eu nem sei como agradecer...

-Não poderia deixar a mãe do meu herdeiro perdida por aí...

Eu baixe a cabeça.

-Me desculpe eu, não pretendia te encontrar de novo nessas circunstâncias...

Ele me sorriu.

- Não estou preocupado com isso, a sua segurança é mais importante.

-E agora o que você vai fazer comigo?

Ele tocou o meu rosto com a mão.

Que delicia de mão macia...

-Eu vou cuidar de você.

Mais populares

Comments

Michelly De Jesus

Michelly De Jesus

eu queria que ela pudesse têm ajudado aquela menina

2024-01-16

3

Claudia Mara

Claudia Mara

que lindo

2023-11-16

0

Lena Goulart

Lena Goulart

pensei a mesma coisa até chamei ela de idiota.

2023-11-05

0

Ver todos
Capítulos
Capítulos

Atualizado até capítulo 69

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!