A PROPOSTA

 Yong finalmente arruma uma garota para me substituir, uma mexicana de corpo exuberante, esses americanos gostam mesmo de estrangeiras e latinas, acho que nosso gingado sensual sobra , no que as

americanas tem de brancas e sem graça. Aquela noite será meu ultimo show, e depois ela assume. 

Graças a Deus. Nos últimos dias eu juntei um bom dinheiro com as gorjetas que Yong, “gentilmente” me cedeu. Como continuei no hotel, já que Kate  arrumou outra moça pra dividir o quarto, eu tinha que sair mais cedo, pra tomar café e atravessar a cidade pra chegar na boate.

Antes passaria no centro pra depositar o dinheiro a minha família. E naquela  manhã , quase meio dia, eu saio do quarto e me deparei com o homem que tinha me seguido a algumas semanas.

-Bom dia.-

Ele sorri amistoso.

- O que o sr quer?- Fecho a cara e cruzo os braços.

-Conversar.

- Não falo com estranhos. Já disse, vou chamar a polícia.

- Vamos tomar um café. E ouça o que tenho a dizer, é só o que peço. Meu cliente aceitou que eu adiante o eu ele quer de você.

Devido sua insistência resolvo aceitar.

Passo a mão na cabeça. Aquela manhã acordei indisposta e com uma leve dor de cabeça, logo hoje que finalmente saio daquele lugar.

- Está tudo bem?

- Sim, só uma enxaqueca, já vai passar, assim que eu tomar um gole de café.

Nos sentamos a mesa de uma cafeteria local e após fazer o pedido eu o olho incisiva. Esperando que ele comece a falar.

-Meu patrão é Miguel Millantis.

- Millantis de ...

- Sim, da concessionária. A família dele é muito rica como já deve saber. E recentemente sofreu a perda do sr.  Millantis. Como tinha que ser, um testamento foi deixado, e aberto. Tudo certo até aí, até que ele descobrisse um vídeo com uma clausula extra no testamento.

Nossa! Que direto.

-E o que eu tenho a ver com isso? Nem sou da família...

-Calma eu chego lá. Só estou sendo direto porque já percebi que a srta Não é muito paciente.

Nosso pedido chega e tomamos lentamente o café, mais meu estômago está embrulhado, e como devagar.

- O sr Miguel,  a ele foi feita uma exigência , a família  só pode tomar posse da herança, se...

-Se...- eu o incentivo, arregalando os olhos

O homem passa a mão na barba.

-O CEO , que é ele, tiver um herdeiro legítimo no prazo de um ano.

Fico parada olhando para aquele homem. Sem entender onde ele quer chegar.

Surreal!

- O sr Miguel escolheu a srta para ser a mãe do seu herdeiro.

Eu começo a rir, e quase me engasgo.

-Me desculpe, mais isso é muito engraçado. O sr por acaso enlouqueceu? Só porque trabalho numa boate, não quer dizer que faço certos “ serviços”, não serei uma barriga de aluguel.

- Ele paga muito bem e como soubemos que a srta está em dificuldades no país e odeia seu trabalho... ele pensou que poderiam ambos de ajudarem.

- Isso é brincadeira não é? Por acaso é alguma pegadinha? Que tipo de garota acha que eu sou?

- O tipo que é honesta o suficiente, pra fazer isso sem querer tomar minha fortuna depois.

Ouvi aquela voz atrás de mim, e ela me é familiar. O homem, daquela voz extremamente firme se senta ao meu lado, e eu quase surto ao ver de quem se tratava.

Ele me sorri, e toma um gole do meu café.

- Você?- pergunto quase engolindo minha língua de tão atordoada que fiquei.

-Surpresa?- seus olhos apertadinhos me olharam brilhando de interesse.Ele sorria de um jeito sexy.

-Não imagina o quanto.- Baixei os olhos me lembrando da loucura que cometi com aquele homem a algumas semanas atrás, e depois ele simplesmente sumiu. E agora aparece do nada, com essa proposta ridícula.

- Pense bem Luíza, será vantajoso pra nós dois, eu preciso de um herdeiro, e você de grana, além de abrigo e cidadania. Já que seu visto está vencido. Será um casamento discreto, e , se preferir, o método da gravidez, pode ser artificial, apesar de...

-Não se atreva a tocar nesse assunto- Eu o censurei pois vi que falaria da nossa transa rápida na sala da boate.

Me levanto indignada e ele segura minha mão e coloca nela o seu cartão.

Minha mão tremeu somente a seu toque.

Que loucura!

-100 milhões,  em dinheiro vivo, é minha oferta inicial. Se mudar de ideia , sabe onde me achar.

Eles se levantam, e saem, e eu me sento novamente com seu cartão nas mãos.

Que loucura!

Nunca imaginei uma coisa dessas na vida? Servir como barriga de aluguel pra salvar a fortuna de um milionário?

Seja com for, não estou a venda e nem de longe cogito a ideia de ceder aquela proposta. Jamais aceitaria  me envolver num negócio desse tipo.

Certo, que estou falida, como uma indigente naquele país , minha mãe está quase a beira da morte, mais não vou me vender, seria muito desespero, e uma estrema falta de vergonha da minha parte. Minha mãe me esganaria pelo telefone. Tenho 25 anos , mais ainda sou a menininha dela.

 Vou agora mesmo fazê-lo engolir aquele cartão e sua proposta indecente.

Nos Estados Unidos aquela prática de casamento pra obter cidadania era comum, mais daí envolver uma gestação , já era mais complicado.

Saio da cafeteria e eles já sumiram. Guardo o cartão e volto para meus afazeres, espero mesmo que sumam e nunca mais apareçam na minha frente.  E tento tirar aquele sorriso sexy da minha cabeça.

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