A CONSEQUENCIA

Chego naquele fim de tarde na Yong´s girls  , ainda com aquela enxaqueca e meu estômago revirado, acho que foi aquele peixe que comi no almoço.

Começamos arrumar o lugar para a noite, e como sou a primeira e minha maquiagem demora muito eu tenho que ser  também a primeira a me vestir, e quando saio do banheiro e sento ao lado de kate, pra que ela me maquie, ela me olha preocupada.

- O que você tem Luísa, está pálida.

-Estou me sentindo mal a alguns dias mais hoje especialmente acordei virada.- faço uma careta.- Nem sei se vou conseguir dançar.

- Mais você precisa e aliás como hoje é seu ultimo dia, peça antes seus documentos ao Yong, senão, babau, ele vai tentar te prender de novo aqui.  E a propósito , já tem outro trabalho?

Penso no barbudinho rico que me procurou mais cedo , mas não digo nada a Kate, ou ela me obrigaria a aceitar.

-Sabe que não, mais aqui eu não fico mais,prefiro mendigar na rua.

Antes que ela terminasse minha maquiagem, Yong chega e nos olha pelo espelho.

- Tem certeza que não quer continuar na Yong´s?

-Absoluta.

Ele ri com desdem.

-Boba, com esse corpo lindo e a simpatia no palco, e minha esperteza, poderíamos fazer uma longa parceria.

-Traga meus documentos Yong, essa é minha ultima noite aqui. E não saio  sem meu visto.

A mexicana passa e ouve nossa conversa, ela não gosta de mim, mais me engole.

Ele joga uma pasta com minhas coisas na mesa, derrubando alguns itens no chão.

-Eu tenho palavra, mais também tenho orgulho, não vou ficar me humilhando pra uma latina suja como você.

Quase o revido e Kate segura meu braço.

-Mesmo porque, já tenho uma substitua a altura. Obrigada Luísa Alcântara de Bourbon e Silva. Só não esqueça que seu visto espirou, e se, não vai continuar trabalhando comigo, não tenho mais obrigação de proteger com a lei do trabalho livre. Eu  e minha boate agradecemos seus serviços,e boa sorte, por aí, com essa documentação irregular.

Reviro os olhos. Pelo menos agora posso conseguir cidadania permanente. Já que pelos “serviços prestados como prostituta de luxo” eu tenho esse direito.Em Manhatam a lei protege esse tipo de ocupação. Desde que estejamos trabalhando.

Terminamos de nos arrumar e guardamos nossa entrada na ante sala do palco, eu abaixo a cabeça.

- Se sente bem?

- Não, eu tô péssima. Acho que vou vomitar.

- Agora ?

Eu vou chamar o Yong.

Ele e kate voltam e eu estou me sentindo horrível.

-Yong , não poso me apresentar.

- Mais vai, eles estão todos esperando e hoje é seu ultimo dia, não quero correr o risco de desagradar meus cliente de novo.

- Não vê que ela está mal, seu idiota?

-Isso não é problema meu, tome um gole d água e suba no palco.

- Volte aqui, seu...

-Deixa Kate, eu tenho que conseguir, afinal, é meu ultimo dia.

Subo no palco e tento fazer meu espetáculo de forma  mais natural possível, mais quando começo a girar, minha cabeça gira junto ,e quase tomo um tombo, mais rapidamente me recupero, e só então percebo uma movimentação estranha nos fundos e Kate me sinaliza pra que eu termine logo, mais a música continua e quando sinto que vou desmaiar eu abandono o palco, e corro .

Esbarro em dois homens bem vestidos e que traziam uma folha na mão.

-Srta Luíza Bourbon e Silva?

-Sim...

-A srta precisa vir conosco, foi feito uma denúncia que sua situação no país está irregular e a srta será deportada.

A noticia caiu como uma bomba e eu não consegui mais segurar, lancei um jato de vômito aos pés deles.

-Latina, irregular e ainda por cima doente. A noite hoje rendeu.

Ele escreveu na folha entrega o papel a Yong.

-Sua multa , e a srta vem com a gente.

+++

Fui conduzida por dois policiais ao interior da viatura , e Kate rapidamente me trouxe um casaco e minhas coisas.

- Calma amiga , vai ficar tudo bem . -Kate tentou me tranquilizar.

Só então me dei conta do que estava acontecendo. Fui denunciada e agora estava presa pela imigração, e pra completar não conhecia ninguém influente naquele pais que pudesse me ajudar. Chegamos a delegacia e passei por uma revista e tive que preencher alguns formulários, depois fui escoltada a uma pequena cela nos fundos, onde outras duas moças, choravam abraçadas, uma delas até parecia menor de idade.

Me sentei num canto e me enrolei no casaco. Puxei um lençol velho e mal-cheiroso sobre minhas pernas despidas, que eram observadas com interesse por um dos carcereiros.

Estou perdida.

Como vou explicar isso a minha mãe .

Lembro do cartão de Miguel, uma luz de esperança se ascende, e grito para o policial.

-Preciso dar um telefonema.

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