Betty~
Mesmo me sentindo suja, e só querendo um banho, na tentativa de limpar toda a minha "impureza" vou direto para o hospital, com medo de não chegar a tempo e encontrar o doador lá.
Assim que eu entro no hospital, corro até o médico responsável pela dona Rosário.
— Senhorita, aconteceu algo?
— Sim doutor! Aqui está o cheque com o valor que o doador pediu.
Falo, tirando da minha bolsa, e coloco sobre a mesa dele.
— Fico feliz que você tenha conseguido! Vou ligar para ele agora mesmo Senhorita.
Ele sorri entusiasmado, já eu.. estou cansada e desanimada. Á única coisa que me deixa um pouco feliz, é saber que eu pude contribuir para salvar a vida da dona Rosário.. até porque eu não me perdoaria, se eu não fizesse nada para ajudar ela.
Ele termina a ligação, e olha para mim.
— Ele está vindo para cá, agora mesmo.
— É o mínimo que ele poderia fazer né..
Falo, olhando para o chão.
— É impressão minha, ou estou notando que você está um pouco desanimada e triste. Deveria está alegre! Pois a Senhora Rosário, assim que receber esse transplante, vai ficar novinha em folha.
— Eu realmente estou feliz por ter salvado a vida dela, só que esse dinheiro me custou caro..
— Eu lamento Senhorita, queria muito que fosse diferente, mais a maioria dos doadores sempre cobram um valor simbólico.
— Não, o senhor não lamenta! Ninguém lamenta. Eu acho um absurdo alguém cobrar uma doação! A pessoa pode está entre a vida a morte, que pouco importa. O amor á vida, acabou doutor! E quando a dor de alguém, não te comove, você já está morto por dentro. — Agora, eu preciso ir para casa tomar um banho. Assim, que a dona Rosário sair da cirurgia, por favor não hesite em me ligar.
Ele acena com a cabeça, sem dizer nada.
E eu deixo o seu consultório totalmente cansada, e pego o ônibus na avenida para pensão.
Chego na pensão, e vejo como está uma bagunça isso daqui, sem a dona Rosário para cuidar.
Eu não sei se as minhas pernas estão muito doloridas para subir essa escada, ou então eu só estou sem forças para nada.
Chego no meu quarto quase me arrastando, e vou direto para o banheiro.
Me desfaço da minha roupa, e me olho no espelho, e vejo várias marcas vermelhas pelo meu peito, marca que aquele cretino deixou em mim de propósito.
Grito de dor, quando meu xixi saí todo ardido.
Estou completamente muito dolorida por dentro e por fora. Eu sei que eu fiz a raiva dele aumentar, quando eu fingi que não estava sentindo nenhum prazer com ele. Eu não podia esquecer que eu estava ali por um único motivo, salvar a vida da dona Rosário. Eu ja não espero mais nada do Daniel, só espero não ver ele tão cedo. E que ele não me oportune mais.. pois o meu maior medo, é ele falar tudo que fizermos. Mais acredito que a aparência para ele importa muito, e sei que se ele fosse visto comigo, com certeza iriam fazer piadas de mal gosto. Até porque um homem como aquele, jamais sairia com uma mulher comum, e ainda por cima totalmente discriminada por tudo e todos em sua volta.
Ligo o chuveiro, e esfrego mais de mil vezes a bucha no meu corpo, tentando apagar todas essas marcas. E choro, choro de raiva, tristeza e de pena de mim mesma. A vida nunca foi fácil para mim, porque ela me permite sofrer tanto? Porque o destino sempre tem que colocar homens mau-caráter e que gosta de brincar comigo? Se pelo menos o Paulo, me olhasse com outros olhos. Porque a pessoa que a gente mais gosta, não está nem aí para nós?
Saio do banheiro, e visto qualquer peça de roupa que eu encontro pela frente. Penteio o meu cabelo, que está durissimo na raiz, acho que nem pente quente, funciona nisso aqui.
Ele embola muito, e não adianta o tanto que eu penteio ele.
Passo óleo, para me ajudar a desembaraçar ele melhor.
Depois de um ano, termino de pentear o meu cabelo. Saio do quarto, e atendo alguns clientes para dona Rosário. Alguns pagando pela diária, outros reclamando de alguns barulhos do quarto ao lado, e outros de infiltrações.. minha cabeça começa a doer, e eu tenho que anotar tudo no papel para nao me esquecer. Teve um que eu me estressei, pois ele fez um barraco, querendo o dinheiro dele de volta, já que ele perdeu tempo alugando um quarto quase caindo aos pedaços, e ainda chamou a pensão de "espelunca" eu eu fiquei com raiva, eu sei que a pensão precisa de uma reforma, mais chamar isso daqui de espelunca é demais! Dona Rosário deixa esse lugar um brilho, e fora que é tudo limpinho. Eu mesma já ajudei ele com a faxina nessa cá, e se já foi pesado para duas, imagina para uma dá conta disso aqui sozinha?
Começo a limpar o Hall de entrada, varro e passo pano. Se tem uma coisa que eu aprendi com o senhor Paulo é que: A primeira impressão é á que fica.
Passo um extra brilho em tudo, nos móveis e no chão também.
Se tem uma coisa que eu prezo muito, é dar o meu melhor em tudo que eu faço. Seja em uma faxina ou em qualquer coisa! Até se me pedirem para cuidar de um cachorro, só irei entregar ele, quando eu me certificar que todo o seu pelo está impecável e em perfeito estado. Até nós doces que eu vendia muito quando eu morava no México, se eles faziam tanto sucesso assim é porque eu me esforçava para dar o meu melhor para eles sairem saborosos. E quando um ingrediente dava errado, eu fazia tudo novamente, até sair certo. Sempre fui perseverante em tudo que eu faço, e isso é uma das qualidades que eu mais admiro em mim.
E mesmo não sendo valorizada pelo o que eu faço, continuo dando o meu melhor sempre. O retorno pode não vim do jeito que eu quero, mais nem tudo é sobre ganhar, e sim sob dar.
Meu celular começa a tocar, e olho para o número que é do hospital.
— Senhorita Beatriz, aqui quem está falado é o doutor alberto, e eu te liguei para falar que a cirurgia da senhora Rosário foi um sucesso! Ela já tem o transplante, agora ela está se recuperando e descansando.
Sorrio alegre, e dou graças a Deus pela vida dela.
E saio da pensão praticamente correndo, mal vejo a hora de ver a dona Rosário.
E novamente, estou no hospital. Encontro o doutor que me leva até onde ela está.
E vejo como ela ainda está debilitada e sensível.
Automaticamente os olhos dela sem abrem.
— Betty! É você?
Ela fala com uma voz murcha e fraca. E meu peito dói, em ve-lá assim.
Pego as suas mãos e sorrio.
— Quem mais seria dona Rosário! Como eu estava com saudades de ouvir a voz da sr.
— Oh minha filha, parece que dormi por anos.. estou toda.
Ela geme de dor, quando tenta se levantar. Mais o doutor logo a impede..
— A senhora não pode fazer esforços ainda.. precisa de repouso. Pois a sr acabou de sair de um cirurgia.
— Hã? Que cirurgia?
Ela pergunta sem entender.
— Ela não sabe de nada doutor?
— Ela estava anestesiada, quando fizemos a cirurgia. E por isso que não se lembra de nada, e esse é o nosso intuito.. assim ela não se lembrará de nenhuma dor.
Me viro para a dona Rosário, e explico tudo para ela.
— Betty, não era para você ter feito isso por mim! Era muito dinheiro, eu jamais teria como te pagar um valor desse. Acho que nem se eu vendesse a minha pensão conseguiria te pagar, minha filha.
— Dona Rosário, a senhora não me deve nada! Aliás se tem alguém que te deve alguma coisa sou eu! Por todo carinho e amor que recebi pela senhora. Isso para mim é tudo, pois supera qualquer tipo de interesse. E a sr me deu abrigo, um lar.. eu sou eternamente grata por ter você na minha vida. E faria tudo de novo, só para te ajudar.
— Eu que não mereço ter una Joia tão rara que nem você, minha filha! Eu que serei eternamente grata por tudo que você fez por mim. Eu sabia que você era especial, desde o dia que eu te vi. Você tem um coração puro e lindo Betty.. E merece muito ser feliz, por tudo que já passou.
Lágrimas brotam do meu rosto, e eu sorrio limpando elas.
— Tá vendo só dona Rosário, só a senhora para me fazer chorar desse jeito.
— Que bom que essa velha ainda faz alguém se emocionar.
— Quem disse que a senhora é velha? A Sr está na flor da idade, dona Rosário.
— Ah minha filha, já não tenho tanta disposição como antes.
— Eu vou deixar as duas á sós, para conversar, e depois eu volto.
O doutor se pronúncia, já que eu esqueci que ele estava esse tempo todo aqui.
— Betty, eu não queria perguntar na frente do doutor.. mais como você conseguiu esse valor tão grande de dinheiro?
Fico muda nessa hora, eu já devia ter me preparado para esse tipo de pergunta.
— Que foi minha filha? Parece tensa.
— Dona Rosário.. eu pedi esse dinheiro emprestado ao banco..
Minto e me sinto péssima por fazer isso, mais o que eu poderia falar? Que eu passei a noite com um homem em troca desse dinheiro que pagou pelo seu transplante? Ela não iria suportar, se eu mesmo não estou. Talvez, nem no seu mais íntimo, ela deve pensar que eu me sujeitei a isso.
—Betty, você não deveria ser individar toda por causa de mim! Não é justo. Você veio para esse país, para recomeçar tudo novamente, você mal começou no trabalho.. Talvez seria melhor se eu morresse.
— Nunca mais diga isso dona Rosário! A sua vida tem valor para mim.
Pego as suas mãos.
— E a sua betty? Será que voce não entende, que eu te fiz ficar endividada por resto da sua vida?
— Isso é o de menos dona Rosário. Há sempre um jeito para tudo, não se preucupe. E mais, quando as coisas na Interprise se ajeitarem, com certeza eu receberei um aumento.
— Com esse dinheiro, você poderia comprar uma casa, ou até mesmo um carro minha filha.
— Quem é que consegue comprar um patrimônio hoje em dia com 100 mil dona Rosário? Ninguém! Se 100 perdeu o valor, imagina o dobro dele?
— Mais ainda sim é um bom dinheiro minha filha, principalmente para quem não tem nada.
— Dona Rosário, vamos fazer assim.. tudo que eu fiz foi porque eu gosto da senhora. Por favor não se sinta culpada e nem lamenta nada. Eu só quero que agora a sr se recupere 100%, porque aquela pensão não é nada sem a senhora! E muitas não param de perguntar por você.
— Oh Betty, que saudades da minha pensão, como você conseguiu da conta de tudo?
— Não foi fácil, perdi a paciência até com um folgado. Ain me desculpa dona Rosário, sei que a senhora sempre fala para eu controlar esse meu temperamento forte, mais não podia deixar ele chamar a pensão de "espelunca" isso não!
— O que? Eu espero que no mínimo você tenha jogado uma chinelada na cara dele.
Sorrio alto. — Por pouco eu fazia isso dona Rosário.. por pouco! Mais o infeliz era um advogadinho barato de esquina, e a senhora sabe.. eu poderia ser processada.
Falo revirando os olhos.
— Ah, ele que deveria ser processador por chamar a minha pensão de espelunca. Se eu vejo ele na minha frente, dessa vez eu que taco um balde de água fria na cabeça dele.
— E eu ajudarei a sr com maior prazer.
Rimos juntos, e acaba que passamos a tarde toda aqui, conversando e fofocando.
O doutor disse que ainda a dona Rosário tem que ficar em período de observação, e só quando tiver tudo ok, ela irá ter alta. Me ofereci para dormi com ela, mais a mesma não aceitou. Disse que eu já fiz muito por ela, e que eu precisava descansar e cuidar de mim.
E por mais que eu falasse mil argumentos, não tem como contrária a dona Rosário.
E acabo voltando para a pensão, e respondo as meninas do piloto que não pararam de me mandar mensagens, totalmente preucupadas comigo. E eu respondo uma por uma, e por última eu respondo á da taty. E preferia nem ler a mensagem, pois meu sangue ferve com o que eu leio.
— Betty, não demora a voltar para a Inteprise, pois aquele cobra da Alice, está fazendo a sua caveira para todo mundo. Inclusive ela até te chamou, de mentirosa. Ela está dizendo que essa "sua licença" era uma armação sua, para não ir trabalhar.
Eu literalmente quero saber porque aquela cobra gosta de perder tempo falando mal de mim? É incrível que como as pessoas gastam o tempo delas falando de coisas ou pessoas que não tem proveito nenhum. É igual perder tempo falando de governo, sério! Enquanto as pessoas perdiam tempo falando mal de presidente, prefeito, governador.. eu preferia viver a minha vida, estudar, fazer o meu melhor para mim mesma. Pois não consigo perder meu tempo falando mal de alguém que não está nem aí para mim, e ainda se torna mais pior, pelo simples fato de sermos "inexistente" para tal pessoa. Chega á ser patético, desperdiçar o nosso tempo com algo que não vai nos trazer benefício nenhum. Se tem uma coisa que eu prego como uma filosofia de vida para mim é: Não desperdiçe a sua vida com quem não vale a pena. Eu mesma, odeio me explicar para alguém, pois a maioria das pessoas só tomam como verdade, aquilo que lhe convém.
E hoje em dia ninguém está acostumado a ouvir a verdade! Mais não á meio-verdade! E sim, aquela verdade que machuca, que te confronta, que te contrária. Pois só querem ouvir o que acham que deveriam "ser" e talvez por isso, que eu não agrado quase ninguém. Pois não consigo moderar a verdade, porque para mim "moderação na defesa da verdade, é serviço prestado a mentira" e sem mais..
E o pior de tudo, é ver que aqueles que abominam o "opressor" são os que se tornam o próprio "opressor" quando não consegue respeitar opiniãos ,defesas e ponto de vistas diferentes.
E eu nao procuro focar no que deveria existir, e sim no que de fato existe. Assim fica melhor de eu não me enganar na minha própria ilusão, de achar que algum dia o mundo pode ser belo e sem desigualdades nenhuma.
— Taty, já que ela gosta tanto de falar mal de mim, pergunta se ela não quer pagar os meus boletos.
Mando a mensagem, e logo em seguida a Taty me responde com vários emojis de risos.
— Betty, eu já falei que eu te amo!? A verdade, é que só você consegue colocar essa cobra no lugar dela. Ela até tenta argumentar com você, mais não consegue, e isso a deixa com mais raiva.
— Taty, ultimamente a melhor coisa é ignorar. Não vale a pena gastar saliva e energia com quem não vale seu esforço mental e físico.
— Ah Betty, como eu queria ser tão segura como você. E me conta, a dona Rosário já está melhor?
— Sim, ela fez a cirurgia hoje, porém ainda está em estado de observação.
— Já deu tudo certo Betty. E quando você pretende voltar para a Interprise?
— Quando ela tiver alta Taty, ainda bem que o seu Paulo me deu o tempo necessário para eu só voltar quando estiver tudo bem com ela.
— Ah, o Paulo é um amor Betty! Sempre bastante solidário. Não é qualquer chefe que faz isso hein!
— Sim, ele literalmente é um cavalheiro.. pena que eu não dou sorte com homens assim.
— O que? Não entendi Betty.
Olho para a mensagem, e nem eu sei o que me deu para escrever isso.
Acabo disfarçando e falando qualquer coisa para Taty, e logo me despeço dela.
Não sei o que está me dando, porém tudo que eu faço ou vejo, me vem a imagem daquele cretino na cabeça. E não! Eu não aceito pensar nele..
Faço um chá quente para mim, já que eu estou sem fome. E também acabei jantando cedo com a dona Rosário no hospital.
Acabo dormindo, e acordo no outro dia igual um trapo.
E mais uma vez, faço aquela rotina de sempre. Deixo tudo organizado na pensão, antes de ir para o hospital ver a dona Rosário.
E fico feliz em ver ela bem melhor e disposta. E daqui a pouquinho já terá alta..
(...)
A semana passou correndo, e a dona Rosário já está em casa, e mesmo dizendo para ela não abusar da sorte, a mesma não parou queta! Pois inventou de fazer mil coisas pela pensão. Ela foi liberada na sexta: resultado, passamos o final de semana todinho faxinando a pensão, e eu fiquei com a parte mais pesada, até porque não seria louca de deixar ela pegar peso. E depois ajudei ela a cozinhar, e fiz vários doces. E os clientes amarão, dizendo que estava com saudades da comida da dona Rosário e um bom doce após o almoço.
Hoje é segundo, e finalmente volto para a interprise.
Ajeito a minha saia lápis, e a minha meia-calça de bolinhas.
E depois penteio a minha franja, e coloco o meu arquinho clássico de lacinho.
Pego a minha bolsa, e desço as escadas, e ainda sinto minhas pernas doloridas pela faxina pesada que eu tive que encarar.
Tomo café com a dona Rosário, agora ela que está me forçando a comer, já que ultimamente ando sem apetite nenhum.
— Betty, eu estou te notando tão desanimada e tristonha.. desde quando eu estava no hospital.. o que aconteceu?
— Dona Rosário.. É impressão sua, eu só estou um pouco cansada. Só isso..
— Betty, não minta para mim. Isso tem haver com o dinheiro?
Quase me queimo com o café.
— Não dona Rosário, não vamos voltar novamente nesse assunto. E quer saber, acho melhor eu ir logo. Não quero chegar atrasada hoje.. o senhor Paulo já foi muito generoso comigo.
Dou um beijo em sua testa, enquanto na outra mão eu seguro uma torrada.
E eu saio da pensão, ignorando o olhar curioso dela.
E eu fico mal, pois nao queria transparecer toda essa impureza que eu ainda sinto em mim.
E a rotina novamente começa, pego uma condução cheia, pessoas berrando ao telefone, motorista sem dó nenhum dos passageiros, quando pisa nos quebra mole, fazendo quase todo mundo voar até o teto. Outras, fofocando da vida alheia com quem nunca viu na vida..
Chego na intrepise, depois de meia hora, e assim que eu coloco os meus pés naquela empresa, a voz enjoativa da Alice, dói os meus ouvidos.
— Olha só, quem é viva sempre aparece.
— E por acaso eu estava morta?
Falo seca, e a ignoro completamente. Só consigo ver o seu rosto vermelho de raiva, antes de eu pegar o elevador. Ainda não vi a taty, provalvemente ela deve chegar mais tarde hoje.
Entro no escritório do senhor Paulo, e parece que ele ainda também não chegou. Acho que eu fui a única que cheguei cedo então..
Abro a pontinha que dá acesso ao meu escritório, e começo a me organizar.
E já me esquecendo, corro até a cafeteira do senhor Paulo, e já coloco o café para passar. E volto novamente para a minha mesa.
E ouço um barulho de porta, e sei que é o senhor Paulo. Já que o cheiro do ser perfume inunda todo o ambiente.
— Betty! É você que está aí?
Ele abre a porta do meu "mini" escritório.
E meu coração entra em erupção ao ver ele todo impecável e ainda mais lindo dentro do seu terno.
Meus olhos não se cansa de elogiar a beleza e o caráter dele.
— Senhor Paulo, desculpa eu não avisar o senhor antes.. É que meu celular está péssimo. Mais quero agradecer pela paciência que o senhor me deu, agora eu estou de volta.
Sorrio de gratidão para ele.
— Betty, fico feliz em revê-la, e que bom que tudo se acertou. Confesso que eu fiquei com saudades de você! Ainda mais desse cheirinho de café gostoso toda manhã na minha sala.
Meus olhos automaticamente piscam pelo o que ele acabou de me falar.
Ele estava com saudades de mim! Ele sentiu saudades de mim!
— Eu também senti falta do senhor..
Falo sem jeito, e cruzo os meus braços.
— Betty, eu preciso que você me ajuda no mais novo projeto que eu criei, que irá fazer o jogo da interprise mudar.
— Novo projeto?
O olho totalmente curiosa.
— Sim, só espera eu tomar o meu café rapidinho.
Aceno para ele, e quando o sr Paulo acaba de tonar o seu café, ele me chama. E me conta tudo detalhado..
— É um projeto maravilhoso, porém arriscado senhor Paulo. Não temos dinheiro suficiente para bancar um desfile luxuoso agora.. o único dinheiro que temos é para pagar os funcionários, acionista.. enfim! Tem certeza que o senhor quer usar esse único dinheiro para esse projeto?
— Betty, eu sei que será o risco grande. Mais em compensação, esse desfile pode mudar o futuro da Interprise.
— Ou não..
— Betty, eu vou agarrar essa oportunidade. Essa é a minha única esperança de fazer a interprise sair do buraco que ela se encontra. E com a sua ajuda, sei que vai dar ainda mais certo! Pois você é muito boa em gerenciar projetos.
— Senhor Paulo, eu já me sinto mal por ter maquiado aquele relatório e ainda ter mentindo para o seu pai.. não quero fazer nada de errado ou ilegal dessa vez.
— Mais quem disse que será algo de errado ou ilegal? Ao contrário, isso poderá mudar o estado de quo que a interprise se encontra. É tudo ou nada Betty! E eu só vou conseguir, se eu tiver você junto comigo nessa.
Ele fala, segurando as minhas mãos, e meu corpo fica todo mole.
— O senhor sabe que sempre pode contar comigo, não prometo que pode dar certo, mais também não prometo que pode dar errado. Porém vou fazer e dar o meu melhor!
Ele sorri todo largo para mim, e em um gesto carinhoso, ele me abraça.
E começo a soltar faísca pela boca.
E quando eu estou prestes a retribuir o abraço dele, a sua noiva entra na sala em berros.
— O que está acontecendo aqui? Quer fazer o favor de soltar o meu noivo coisa horrorosa.
Ela puxa o meu braço com raiva, e meu sangue ferve.
"Se controla Beatriz, se controla."
— Alanna, o que te deu?
— O que me deu? Eu encontro meu noivo abraçando uma outra mulher, e você quer que eu fique como?
— Você que está com maus olhos Allana. E mais, você não pode sair entrando assim na minha sala. Imagina se eu tivesse em reunião?
— Mais não estava, ao contrário. Estava com esse ser insignificante, eu não sei porque você voltou. Pois não estava fazendo a menor falta aqui nessa empresa.
— Ainda bem que eu nao trabalho para você, entao não vou ficar aqui perdendo o meu tempo com a senhora.
Falo senhora, por pura provocação mesmo. E o Paulo a segura, pois ela queria avançar em mim.
E peço licença para o Paulo, apenas pra ele, e volto para a minha salinha.
E assim que eu fecho a porta, suspiro alto. Aquele abraço dele, me deixou tão confusa por dentro, e eu queria mais. Queria poder abraçar ele bem forte, e beija-lô. Queria ser amada por ele, assim como ele ama aquela nojenta, sério, porque pessoas mar como ela, consegue um homem tão bom para sí?
Começo por em planos, o projeto do Paulo, e penso em várias maneiras criativas.
— Olha só coisa insignificante, se você pensa que vai roubar o meu noivo de mim, está muito enganado!
Tomo um susto, quando essa louca aparece na minha sala, e ainda por cima berrando nos meus ouvidos igual uma Hiena.
— O Seu noivo é o meu chefe. Você que é maliciosa!
— Haha! Não tente me enganar. Você não seria a primeira assistente que se apaixonou por ele. Inclusive, as outras eu tudo mandei embora, e com você não será diferente. Se bem que, digamos de passagem, até parece que um homem igual o meu noivo, iria se apaixonar por uma gorda feia, igual você. — E com certeza, quem seria o louco de te levar para cama? Hahahaha.
É sério que ela está chamando o próprio irmão de louco? Porque ele gostou muito de me ter na caminha dele. Mais ela não precisa saber..
— A aparência um dia acaba Allana! E sabe o que não acaba com o tempo? São as virtudes. E se um homem se apaixonar por mim, será pelo o que eu carrego aqui dentro comigo. E não o que eu carrego por fora!
— Claro, até porque por fora, você só carrega feúria né querida.
Tento me acalmar, mais é difícil não perder a paz com essa daí.
Sério, é difícil ficar calada quando alguém te provoca, porém não quero perder o meu emprego. Até porque tenho um cartão cheio de dívidas para pagar, já que parcelei todos os gastos da dona Rosário no hospital.
— Cadê a sua língua afiada? Perdeu Beatriz? Não vai falar nada!? Não vai gritar?
— Só não quero gastar a minha voz com você. Passar bem!
Tento me levantar, mais ela me impede.
— Volto a repetir, não se mete com o Paulo. Ou você vai se dar muito mal.. ele me ama muito sabe? E faz de tudo por mim. Acho que ele nunca terá a capacidade de amar uma outra mulher, sabe porque? Porquê eu sou a única na vida dele.
Raiva me consome, e eu juro que se o Paulo não entrasse pela porta, eu a jogaria pela janela.
— O que está acontecendo aqui?
Ele olha para nós duas.
— Nada meu amor, só estava pedindo uma informação para essa.. ela! Mais já estou de saída. Beijinhos.
Ela mente na cara de pau, e ainda dá um beijo nele, só para me provocar.
Assim que ela sai, Paulo me pede desculpas por ela.
— Não se preucupe, eu já conheço o gênio da sua noiva senhor Paulo.
Ele sorri de canto, e sai da minha sala, dizendo que qualquer coisa é só chamar ele.
A hora passa, e tiro o meu horário de almoço. E eu fico feliz, pois irei ver as meninas do pilotão, e inclusive eu estou morrendo de saudades delas.
E assim que eu chego no refeitório, elas me gritam sorrindo.
— Betty! Até que fim vocês voltou.
Taty, Roberta, Paulinha e a fefê me abraçam.
— Eu também estava morta de saudades de vocês, meninas.
— E como você está
Taty me pergunta preucupada.
— Eu estou bem, só tirando a nojenta da noiva do meu chefe, que apareceu hoje lá para me perturbar. Mais eu me segurei, não quero perder o meu emprego, ainda mais agora que eu preciso dele como nunca.
— Ah, eu vi ela subindo Betty. Com aqueles saltos feios e enormes dela.
Fefê comenta, e eu acabo rindo.
— Betty, você fez certo, em não se igualar a ela.
Roberta, a coerente e sempre sensata do pilotão me aconselha.
— Já eu, acho que jogaria a cara daquele pirua na parede, pra ver se ela deixa de ter aquela cara amarga dela.
Paulinha fala, e eu morro de rir.
E começamos á comer, e ao mesmo tempo fofocando.
E assim que acabamos de almoçar , vou para o Hall com elas e eu vejo quem eu menos queria. E meu corpo começa a tremer, e um calafrio sobe pelas minhas espinhas.
O Daniel olha para o meu rosto, porém me ignora, como se eu nem existisse.
— Betty, aconteceu alguma coisa? Você está tremendo.
Fefê segura as minhas mãos.
— Eu estou bem, só preciso de uma água.
— Tem certeza?
As meninas me olham.
— Sim, não se preucupe. Acho melhor eu ir para a minha sala, até mais tarde meninas.
Falo ainda receiosa, pois eu não esperava que eu viria o Daniel tão cedo aqui na empresa, sei que em reunião será inevitável não ver ele. Porém ele me ignorou de uma maneira tão fria, e achei melhor assim.. não quero ter nenhum vínculo com ele. E finalmente ela já teve o que queria de mim, então não serei mais pertubada por ele.
Pego o elevador e vou para a sala do Paulo.
E chegando lá, minha garganta se fecha, pois os dois estão conversando.
E eu quero correr, fugir..
— Betty, já acabou de almoçar?
— Sim sim, senhor Paulo.. com licença, não quero atrapalhar vocês dois.
Falo, com a cabeça baixa, sem olhar para a direção do Daniel.
— Tem algum problema em me olhar Beatriz?
Ele sorri por puro deboche, e eu levanto o meu olhar.
E vejo raiva, ao mesmo tempo luxúria e desejos no seus olhos, e isso me faz o meio corpo estremesser
— Não, só não tenho muito intimidade com o senhor, agora se me der licença, estarei na minha sala senhor Paulo.
— Ah, acho que você está enganado Beatriz.. nós dois temos muito intimidade e afinidade.
Paulo me olha, sem entender o que o Daniel falou. E eu fico vermelha de vergonha e de raiva.. eu não acredito que ele veio até aqui para me provocar.
— Com licença, tenho muito trabalho a fazer.
Falo, tentando ignorar ele, e corro para a minha sala.
Meu coração ainda continua acelerado.
E não consigo me concentrar em nada, pois com o Daniel aqui dentro, fica difícil. E o pior, é que flashbacks do que fizermos na cama, invadem e escraviza a minha mente. E eu não aceito ter esses pensamentos..
A hora passa, e decido buscar um cafézinho para mim. Creio, que os dois já devem ter saído dá sala, já que está um silêncio por toda a parte.
Abro a porta do meu escritório, e ja estou no escritório do Paulo.
Porém minhas pernas fraquejam, quando eu vejo que o Daniel está sentado na poltrona distraído, e mexendo no celular dele.
E eu quase penso em voltar para a minha sala, quando ele se levanta e vem até a mim, como um predador.
— Pra onde pensa que vai Beatriz? Minha presença te incomoda tanto assim?
Eu começo a caminhar para trás, até que bato com a cabeça na porta.
E ele me prende com as duas mãos dele.
— Daniel, por favor.. me deixa em paz.
— Quer dizer então, que eu tiro a sua paz Beatriz?
Ele sorri largo, e tento desviar os olhos dele para o meu.
Até que ele envolve os braços fortes dele para a fechadura da porta e tranca nós dois aqui dentro.
— Daniel, o Paulo pode chegar a qualquer momento. Não faz isso..
— Que tal repetirmos tudo que fizemos há uma semana atrás hein Beatriz?
— Você está maluco? Claro que não. Me respeita..
— Respeito? Não, você não merece o meu respeito quando aceitou o meu dinheiro para se deitar comigo.
Suas palavras vem como flecha em meu peito.
— Eu pago o dobro para te ter novamente hein..
Ele começa a cheirar o meu pescoço.
— Eu não entendo, você tem um corpo tão lindo, porque gosta de esconder ele dentro desses trapos velhos e horrosos Beatriz?
— Justamente para evitar homens safados igual você! E Daniel, você é o último homem da face da terra que eu sairia! Eu já falei, e volto a repetir você não me agrada como homem.
Vejo a íris do seus olhos ficarem vermelhas, e eu me assusto, quando ele segura o meu queixo firme.
— Não brinca comigo Beatriz, porque você vai se queimar! E amo quando você fala isso, pois no momento certo irei jogar cada palavrinha que você me falou. E não adianta mentir para mim, pois sei o quanto você sentiu prazer comigo. Eu praticamente te fiz mulher garota! Mesmo você não sendo virgem, deu para ver que era totalmente inexperiente, ainda por cima não consegue satisfazer um homem na cama..
Ele rir, e todo meu sangue ferve. Ele quer me provocar, dá mesma forma que fez quando estávamos juntos, mais eu não vou cair nessa.
— Sabe Daniel, já que eu não consegui te satisfazer como homem, não me oportune mais. Até porque, nunca mais quero ter nada com você. Na verdade, tudo que fizemos não significou nada para mim..
Fingo, até porque não quero dá nenhum gostinho para ele.
— Não foi isso que eu vi, quando eu estava dentro de você, te possuindo com força e te fazendo minha. Querendo ou não, você foi marcada por mim Beatriz. E posso dizer com todas as letras, que você se lembra muito bem, de cada pedacinho que fizermos naquela cama. E eu amei romper cada buraco do seu corpo..
Ele solta o meu queixo, e eu fico com raiva. Eu odeio esse jeito dominador dele! Odeio.. E principalmente por meu corpo ter reagido a esse cretino.
•Minhas lindas e meus lindos, obrigada pela paciência e espero que vocês gostem do capítulo. O capítulo seguinte, já será em tempos atuais.. eu só coloquei esses capítulos, como flashbacks do passado da Betty, mais agora sim a História irá começar.. E será muito🔥🔥🥰😅 comentem bastante, pois o comentário de vocês nos ajudam muito para continuar, beijos e um ótimo domingo á todos!🙏
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Paula Mendes
Não gostei da Betty ter ficado com ele, ainda ter assinado o tal documento sem ler do que realmente se tratava. Mas sua história é muito boa autora. Espero que Betty fique bem no final
2023-07-13
2
Maria do Socorro Medeiros Silva
não tenho o q comentar pq suas histórias são maravilhosas ☺️ 🌹💞
2023-05-01
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Anisia Aparecida
difícil saber o jogo do Daniel a aproximação dele para tirar ela da empresa do Paulo ou vencer o desafio .mas depois viu que se apaixonou por ela.
2023-04-10
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