Perdido

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O dia surgiu, para todos apenas mais um dia, Luka ainda desaparecido depois de uma semana após a festa de Ivana Kupala. A investigações não levaram a Luka, ele até então poderia ser mais uma vítima do sequestrador, logo a polícia não poderia dizer que ele era o culpado mas para Calebe, todos são culpados até que prove o contrário. Henrique, passou a frequentar a casa de Cler todos os dias, aprendendo sobre magia, rituais e truques místicos rastreando Arina que apesar de ser um espírito deixava muitas pistas pelo caminho, como plantas mortas, cheiro podre e enxofre mãe nenhum sinal de Luka, sua única pista sobre a coisa que saiu do lago eram as mortes de animais em massa, gados, porcos, galinhas e até mesmo golfinhos e alguns tubarões da costa. A coisa comia bastante, mas não deixava rastro de onde era o seu esconderijo. Em uma parte muito escondida da floresta, nas terras malditas como diziam os habitantes, Luka estava desacordado, deitado na grama, completamente sozinho. O lugar se encontrava nas profundezas da enorme mata que envolvia Brígida, era quase impossível de achar. Luka foi despertando lentamente, ele se levantou e olhou em volta, confuso.

- Olá? Henrique, Arina, Cler?- Luka olhou mais uma vez em volta na esperança de pelo menos tentar entender o de ele estava. Se levantou e apenas seguiu andando por aí tentando achar seja lá o que estivesse procurando. A mata parecia não ter fim, era um lugar incrivelmente bonito, mas muito estranha a atmosfera não demonstrava ser perigosa até então, mas era muito esquisita.

- Esse lugar é lindo! Como que nunca encontraram esse lugar?- Luka se encolheu nos próprio braços e seguiu andando entre as folhas. Ele olhava para todos os lados para vê qualquer coisa que o ajudasse e ouviu o som de um galho se partir, se virou rapidamente para vê o que podia ser mas não viu nada.

- Mas que lugar...estranho.- Luka continuou a andar, mas algo parecia diferente ele se sentia vigiado, como se estivesse sendo seguido o que era estranho por que ele não via e nem ouvia ninguém só o som das árvores, dos pássaros e dos animais. Enquanto Luka permanecia perdido entre a mata, Henrique parecia cada vez mais desesperado para encontrá-lo. Henrique passou dias desaparecido entre as florestas de Brígida, quando não estava fora procurando por ele, estava nas bibliotecas estudando os mapas da cidade ou então em suas aulas de magia e rituais com Cler. Luá ficava cada dia mais preocupada com ele, vendo tão dedicado e encontrar Skavronsk que mal se falavam, se bem que ultimamente ele só falava com Cler e era sempre o mesmo assunto, Luka Skavronsk, onde ela estava, se estava bem, quando iria encontrá-lo, a foto que ela tinha e suas ameaças contra Luka já não serviam de nada porém, ela ainda tinha o celular de Luka que continha muitas informações interessantes que podia ligar Luka as meninas desaparecidas incluindo, um vídeo muito antigo onde Luka era a estrela principal, junto à uma lista e fotos de alguns mapas junto com outros detalhes, como fichas de informações de todas vítima, algumas ainda nem haviam sido encontradas como a mais recente desaparecida Calese. Mesmo com o ciúme possessivo de Luá, Henrique nem se quer lembrava dela, no momento só uma coisa importava ou melhor alguém, encontrar Luka, o resto era resto e pouco importava pois a única coisa importante no momento era a sua busca incansável.

- Você precisa se concentrar Henrique.- Disse Cler, sentada junto à Henrique dentro de um círculo desenhado com Sal rosa.- Precisa ouvir o que os espíritos te dizem.

- Assim eu posso achar ele?- Henrique perguntou de olhos fechados fazendo um sinal com as mãos.

- Provável, se conseguir se conectar com alguém ou algum elemento que possa te mostrar onde ele está. Agora se concentre, pense em uma corrente que te guia e te leva até ele é tente trazer até você.

- Hum...Eu acho que posso vê ele mas...tem algo me puxando para trás.- Cler olhou para Henrique ainda sentado na mesma posição.

- Algo está te puxando?

- Sim, não me deixa ir muito longe.

- Hum.- Cler assentiu com a cabeça se levantando.- Henrique continue como está, você vai bem.- Cler se retirou da sala e foi para um quarto ao lado, onde estava Luá fazendo um ritual parecido. Cler a agarrou belo braço e desfez o círculo de sal.

- O que você acha que está fazendo Luá?!- Cler perguntou furiosa.

- O que tu achas?- Ela respondeu.

- Haaah...será que eu tenho que ficar vigiando você o tempo todo? Para que você não haja feito uma menina mimada?!

- Mimada nada! Oia o que Luka tá fazendo com ele?

- Luá será que você não entende? Você pode perceber que tudo isso que está acontecendo é maior do que o seu ciúmes bobo?! Não acha que já foi longe de mais?- Cler apoiou sua mão e seu rosto franzindo a testa, mordendo suas mandíbulas totalmente indignada.

- Tudo é culpa dele, se Luka não tivesse feito o que fez, Henrique não precisava da a própria alma pra achar o bicho.

- Luá! Chega! Pare de ser tão egoísta!

- Eu sou egoísta! Eu que vi Henrique primeiro, se Luka quiser um pa ele, pede pro bicho eu é que num vou abrir mão dele, e se tu quiseres tento assim achar ele então vai é mais fácil para eu matar o desgraçado.

- Luá Chega! Eu perdi a minha paciência com você!- Cler a agarrou pelos braços e olhou fundo nos olhos.- Se você ousar tocar em um fio de cabelo de Luka ou ousar tentar interferir mais uma vez, eu direi ao Henrique quem foi a responsável pelo término dele com Luka e que você chantageia ele com a foto que tirou no celeiro!

- Tia? Tu não faria isso?- Cler e Luá são interrompidas com Henrique eufórico na porta.

- Cler! Acho que eu consegui algo!

- Hum...vamos vê.- Cler foi para o quarto onde Henrique estava e no chão, desenhado com Sal haviam vários rabiscos que podiam ser mapas ou talvez uma língua estranha. Era incerto mas pelo menos já era um começo.

- O que você acha que pode significar?- Henrique perguntou esperançoso.

- Eu não sei, mas você conseguiu chegar mais perto dessa vez.

- Haaah...mas isso...isso não é o suficiente! Eu não quero chegar mais perto, eu quero acha-lo de uma vez.- Henrique se sentou no chão frustrado, jogando seu cabelo para trás.- Cler você não entende, eu preciso achar ele. Se eu não fizer isso...- Ele trava por um momento.- Se eu nunca o achar, eu não sei o que vai ser de mim sem ele.- Cler se sentou ao seu lado e tocou seu ombro.

- Eu entendo que queira encontrar Luka, eu também quero, mas precisamos ser cautelosos nos não podemos dar um tiro no escuro esperando que a bala não acerte o alvo errado. Você precisa ser paciente.

- Huuff...certo.- Henrique suspirou.

- Por hora, nos temos uma pista vamos começar por ela, eu vou tentar encontrar algo sinais, línguas ou qualquer coisa pareça familiar.

- Certo, eu vou para a cidade procurar algo pela biblioteca, deve ter algo que possa ajudar não é?- Henrique tirou uma foto do desenho e saiu pondo o celular no bolso.- Adeus Cler.- E saiu sem ao menos olhar para Luá. Ela o observou e saiu pisando forte no chão. Enquanto Cler pesquisava com o que tinha, Henrique foi direto para a biblioteca da cidade, por ser filho do prefeito e da delegada da cidade ele tinha acesso a documentos antigos desde os documentos da prefeitura aos da biblioteca como, mapas, escrituras, documentos, certidões de óbito e nascimento. Tudo podia ser possível no momento até mesmo coordenados o que ele também tentou mas não batia com nada. Henrique estava em uma mesa totalmente perdido em vários livros e papéis devorando uma maçã.

- Olá Henrique.- Disse Shofi com um livro na mão. Henrique olhou para cima e ficou surpreso em ve-la.

- Olá Shofi. Precisa de algo?

- Não é bem precisar na verdade é outra coisa...- Shofi esitou por um breve momento.- Hum...Eu estava arrumando o quarto do Luka, por que eu...Eu senti sua falta e acabei encontrando algumas anotações dele...- Henrique a encarou um pouco confuso, eles nunca haviam tido uma conversa tão longa antes então ele não sabia o que esperar dela. Shofi entregou para Henrique um pequeno caderno de capa azul, com uma página marcada.

- Eu sei que você e Luka sempre foram muito próximos e que se conhecem desde a infância, também percebi em como o sumiço dele te deixou perturbado.- Henrique abriu a página ainda confuso, mas quando ele abriu o caderno na página marcada, ele entendeu. Uma foto com Henrique dormindo agarrado a Luka, nem ele sabia da existência dessa foto, junto a uma pequena nota, com o nome de HM (Henrique Makysim).

- Shofi eu...- Henrique endagou sendo interrompido gentilmente por ela.

- Eu sei. Vocês estavam juntos, eu sei, não precisa se preocupar, vocês se gostam e eu não posso culpar você, Luka é uma pessoa incrível apaixonante eu sei disso.- Shofi se sentou ao seu lado.- Eu também fui loucapor ele, quando nos conhecemos na escola em Nova York. Luka era tão diferente de todo mundo, sempre tão inabalável e magnético ele atraia a todas as pessoas ao seu redor, mas ele me escolheu e por um longo tempo foi só eu, mas eu não soube entender os sentimentos de Luka, ele parecia tão vazio as vezes, tão preso no passado, machucado e distante, até que um dia nos brigamos feio, eu estava cansada de tentar quebrar a barreira que ele sempre colocava entre nós, ele saiu furioso e sumiu durante a noite inteira e eu...- Ela engasgou nas próprias palavras por um momento, agarrando o seu cabelo tentando criar coragem para soltar as suas palavras.- Eu estava tão magoada com ele e...e acabei agindo da forma mais cover de possível! Eu acabei dormindo com a Camila.- Shofi baixou o rosto e enxugou os olhos marejados.- Aaahh...enfim, o que eu quero dizer é que apesar de tudo Luka, me escolheu mas eu o deixei escapar entre os meus dedos por...por um capricho idiota e eu não estou brava e também não vou ser um obstáculo entre vocês dois, mas eu te peço Henrique, não faça ele sofrer a vida já foi bastante injusta com ele e eu sei que o Luka pode ser temperamental e muito teimoso as vezes...mas, se puder, faça ele o homem mais feliz do mundo!- Henrique encarou Shofi da maneira mais confusa e espontânea possível, mas ele pode sentir a verdade em suas palavras, ele segurou suas mãos e olhou para ela.

- Shofi, obrigada por me conceder o seu perdão e espero que você seja muito feliz com a Camila. Eu posso te prometer que quando eu encontra o Luka, eu vou agarra-lo com todas as minhas forças e fazer ele muito feliz, nem que custe a minha vida.- Os dois se abraçaram amigavelmente e Shofi com lágrimas nos olhos, sorriu para Henrique e observou os desenhos em cima da mesa.

-Hoo! Você também gosta dos Volkov?- Perguntou Shofi pegando o desenho que Henrique fez da foto que ele tirou do desenho de Sal.

- Você sabe o que é isso?- Henrique perguntou curioso.

- Há! Sim! Essas são as plantas da mansão Volkov antes dela pegar fogo. Quer dizer está um pouco bagunçada, talvez por que seja uma planta antiga.- Henrique agarrou Shofi pelo braço meio desesperado.

- Shofi, se eu te contar algo, promete não dizer a ninguém?!

- Há-...bom claro?- Ela respondeu meio confusa. Henrique e Shofi foram para a casa de Cler e no caminho Henrique lhe contou toda a história, ela não sabia nem o que dizer sobre o que acabará de ouvir, mas com os aconteciam anteriores não foi tão difícil de acreditar, quando chegaram la, Shofi mostrou tudo para Cler e explicou que em muitos anos atrás na época em que Brígida estava sendo fundada, existia uma família muito poderosa, mas muito reservada que teve um fim trágico.

- O que isso tudo teria haver com Luka?- Cler discordou.

- Na época, o único filho do Duque de Volkov, ficou noivo de uma moça da cidade, só que ela não era da Ucrânia ela era europeia e uma estudiosa, sabe na época uma mulher estudiosa era um escândalo! Os Duque não gostou nenhum pouco, nos artigos antigos que encontrei, houve uma certidão de casamento registrada no dia de Ivana Kupala, de Victor Volkov e Índila Ladanse.

- Eles se casaram idai? O que isso tem haver? Várias pessoas casam na data de Ivana Kupala.- Questionou Henrique.

- Sim, mas aí é que tá! Eles se casaram mesmo com o Duque sendo contra e quando isso aconteceu, o Duque foi até o coronel da cidade o coronel Carlos Makysim.- Henrique travou por um momento com os olhos gravados em Shofi totalmente desacreditado.- Ele acusou Índila de bruxaria e disse que acreditava que ela teria enfeitiçado seu filho e então o bispo de origem Russa da época veio pessoalmente cuidar da do caso e sabe qual era o nome do Bispo?

- Qual seria?- Perguntou Cler.

- O bispo Tardelli Skavronsk.

- E como que tu sabes de tudo isso?- Perguntou Luá, com a cara amarrada sentada no chão com alguns papéis na mão.

- Bom eu sou estudante de histórias, esse é o meu trabalho.

- Então você está me dizendo que, o homem que mandou executar Índila era o meu tataravô de 500 anos trás juntos com o Bispo? Que faz parte da linhagem do Luka?- Henrique perguntou incrédulo sem entender nada, parecia que quanto mais eles pesquisava pior ficava, eram tantas brechas soltas que não faziam sentido algum emaranhados em uma linha continua entre sua família, a família de Luka e os Volkov.

- A melhor parte vem agora, houve boatos de que o verdadeiro motivo do incêndio na verde não foi um simples vazamento de gás e sim por que Tardelli teria nomeado Índila uma bruxa e a queimou viva e executou o marido dela no mesmo local e deixou seus corpos para queimar junto à casa, sem dizer que não muito tempo depois 7 meninas desapareceram e nas investigações descobriram uma culpada, outra europeia que havia fugido da Itália acusada de fazer rituais satânicos, ela usava um nome falso quando veio para Brígida.

- Qual era o nome falso? - Henrique perguntou.

- O nome era Antonieta De Telavive, mas investigando ela descobriram documentos falsos juntos a uma certidão de nascimento com o nome de Arina Fiori.

- Arina...Haaa...não fico nem um pouco surpreso de ela está no meio disso tudo. O que mais ela fez?

- Bom além de ter uma fixação da existência de um demônio muito poderoso trancado e selado no fundo do lago Zelenyy e culpada dos assassinatos, junto com acusações de ter se envolvidos com alguns parentes das bruxas de Salem nada mais fala sobre ela depôs da sua morte.- Cler encarou alguns papéis incluindo a data de óbito de Arina.

- Quem executou Arina?- Perguntou Cler.

- Humm...deixa eu vê...Haaa...aqui não diz.- Shofi remexe em algumas folhas, até Henrique puxar um documento e autópsia.

- Ela não foi executada, ela cometeu suicídio, aqui diz que ela subiu na janela da mansão Volkov, colocou uma corda no pescoço e se enforcou antes de declarar o seu amor por satã.- Shofi faz um sinal da Trindade e Henrique cospe no chão e bate na bandeira, Cler os observa tentando entender em como eles acham que isso os protegerá de algo ruim.- Haaah...Então é tudo o que temos? Vários documentos dizendo como o nome das famílias antigas de Brígida são assassinos, amantes do diabo ou malucos obcecados por religião mas o que isso nos ajuda a encontrar o Luka?!- Henrique se sentou novamente frustrado, passando a mão nos cabelos.

- Calma Henrique, nos estamos tentando achar uma saída e considerando de como vocês estavam a alguns instantes atrás nos temos ótimas pistas agora!- Shofi puxa um mapa da cidade.- Agora sabemos onde fica a antiga mansão Volkov antes dela pegar fogo, os Volkov se mudaram e fizeram outra casa onde Arina cometeu suicídio, mas a antiga pertencia ao herdeiro da família e está perdida a anos.

- Bom, nos temos um mapa e uma ótima pista, já temos onde começar.- Disse Cler.

- É você tem razão, vamos nos dividir, Cler, Luá e eu vamos procurar pela casa, Shofi você fica e tenta achar mais informações sobre qualquer coisa que seja útil.- Henrique encarou o caderno de Luka e o pós dentro do bolso da sua jaqueta.- Eu vou te achar meu amor, eu prometo pra você.

Fim...

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