A saúde de seu Osvaldo está cada vez mais delicada,desde que o encontrei quase nu em seu apartamento,tem sido uma luta diária pra ele tomar os remédios,contratei a primeira cuidadora que só durou dois meses,a segunda só um e a terceira ficou dias.Ele parece estar revoltado,e querendo mesmo partir desse mundo.Meus pais estão fora do país,depois do cruzeiro ele ficaram na Grécia,eles amam a cultura e a gastronomia de lá,só não foram de vez por minha causa o que eu acho insensato pois,já com 39 anos e com certa instabilidade,poderiam sim morar fora.
Eva esta em casa,não sei por que e também não perguntei,preciso mesmo ter uma conversa séria com ela e,aproveito a oportunidade.
_Eva,se lembra da madrugada que seu Osvaldo passou mal?
_Sim_ela responde folheando uma revista sem demonstrar interesse.
_Então,naquele dia ele estava desidratado e com a pressão muito alta,quase teve um AVC!
_Sim mas já fazem meses.
_Então,eu contratei três cuidadoras pra ele,mas ele não as obedece e elas desistem.Preciso que ele fique conosco,pelo menos até que meus pais retornem.
_Ta achando que aqui é casa de repouso?Nem pensar,não quero ninguém estranho se metendo na nossa privacidade.
_Eva,ele não é um estranho e não será permanente,não posso abandonar ele.
_Arrume outra cuidadora,até dez se preciso for,mas aqui não.
Sinto um ódio tão grande dentro de mim,a casa que ela mora é minha,ela não tem direito de se opor.
_Ficamos com sua mãe após a cirurgia dela,eu não me opus,por que tem que ser tão má agora?
_Ficamos com a minha MÃE_ela sobrepõe a palavra _e foram só quinze dias,ele nem é nada seu.
Me levanto e sigo em direção a porta,não quero brigar com ela tento manter a calma e evito o stress,tenho um jantar de negócios e preciso estar com a cabeça boa.Antes de sair ela me chama,olho pra trás e ela me diz.
_Por que não entrega o seu Osvaldo ao filho?_ela fala com sarcasmo, ela e Bruno não se falam a anos.
Não dou resposta,apenas sigo meu caminho.Vou para empresa,faço meu trabalho e saio na hora do almoço,está chovendo demais e o trânsito provavelmente vai engasgar,ao invés de ir almoçar,opto por ir até o Leme,preciso me certificar que o almoço de seu Osvaldo e seus remédios foram dados pela vizinha que,ficou encarregada de me ajudar até eu achar outra cuidadora.Fiquei tanto tempo agarrado no trânsito que,vou chegar já na hora do café.Chego e olho meu relógio,são duas da tarde.Entro no edifício e a chuva aperta ainda mais,sou parado pelo porteiro que,me conta que seu Osvaldo deu trabalho naquela noite,gritou chamando pelo nome de Bruno e os vizinhos estavam reclamando.Ficamos ali conversando por alguns minutos,eu precisava saber de cada detalhe pra tomar a atitude correta.
Depois de colher todas as informações,chamo o elevador,e vou entrando quando ouço uma voz feminina gritando.
"Segura pra mim por favor."
Segurei como cavalheiro que sou e,a garota vem desgovernada,me atropelando,quase me joga no chão e ainda pisa no meu pé.
Se ela tivesse a correr uma maratona inteira, não estaria mais cansada.Fico a olhar aquele ser humano estranho de cabeça baixa, tentando respirar e não sei o que fazer, havia tanto cabelo naquela cabeça que, não conseguia ver o seu rosto.
Quando ela enfim controlou sua respiração,ela me olha nos olhos...que olhos!Verdes como o mar,sua pele bem morena, combinava perfeitamente com eles,seus lábios carnudos acentuavam ainda mais os traços de seu rosto...linda demais.
O meu pai sempre me disse que, se não nos apaixonarmos a primeira vista, não nos apaixonamos mais.O meu coração bateu por ela, só que o meu coração já estava comprometido.
_Me desculpa_ela disse enquanto seus braços quase alcançaram meus ombros,já fiquei envolvido na sua beleza,se deixasse que me tocasse me deixaria levar .
_Tudo bem._digo de forma seca, não posso estender o assunto, já tenho problemas demais e ela provavelmente seria mais um.
Eu estava de bermuda de moletom,e o quanto me senti atraído por ela,a bermuda me entregaria.Coloco uma mão no bolso e a outra na mochila,numa tentativa de burlar meus pensamentos.
Ela está usando uma calça jeans surrado, tem um furo no seu ténis e está com uma blusa de manga comprida, colada em corpo, mas com os cabelos na altura da cintura e com aquele rosto de boneca, qualquer coisa que vestisse ficaria linda.
_Se quiser posso lavar o seu ténis.
_Eu disse que está tudo bem.
Digo de forma tão ríspida que,fiquei com dó da menina,olhei no relógio pra que ela entendesse que não queria assunto,não demora seu andar chega e ela sai.Passo as mãos em meu rosto,e me pergunto o que foi isso!Nunca me senti tão atraído por uma mulher assim.
Entro no apartamento e vou ver o seu Osvaldo, ele aparentemente está bem, diz que almoçou, eu pergunto o que foi que comeu,ele responde-me com detalhes e eu convenço-me. Pergunto sobre os seus remédios, se está a tomar ou jogando fora e ele disse que tomou, vou ao banheiro e reparo o lixo para ver se acho algum comprimido, mas em vão, se ele os jogou fora, foi em outro lugar.
Nos sentamos em seu sofá e jogamos um pouco de conversa fora,fico atento a cada detalhe de sua fala,preciso saber o que exatamente o que aconteceu com aquela cabecinha na noite anterior.Como quem não quer nada,vou entrando no assunto e ele disse ter tido um pesadelo horrível,por isso gritou.Pergunto se já é hora de contratar outra cuidadora,ele me olha com cara de poucos amigos e não diz nada.O deixo sob a responsabilidade da vizinha que,me prometeu que uma mulher iria no dia seguinte,combinamos que eu estaria lá quando a mulher chegasse.
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Atualizado até capítulo 86
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