CAPÍTULO 12

Enquanto isso, Flávia descobriu que estava muito mais feliz tirando um peso das suas costas sem a presença de João Victor na sua vida. A sensação era de que ela tinha acordado de um pesadelo, em que passou quase 8 anos dormindo e sonhando com coisas que nunca existiram, quando acreditava que tinha um marido perfeito, bonito e rico, rico? Aliás ele nunca foi rico, apenas era um executivo inteligente capaz de administrar uma grande empresa, mas que cresceu dentro da empresa do seu pai, e, graças a seu pai que se tornou um dos homens mais importantes, fora isso ele não era nada sem ela, então, se existisse alguém que devia alguma coisa para ela, era ele e não ela! Estranha a sensação que ela sentia, estranho sentimento que ela estava sentindo naquele momento, sentindo o vento soprar em seu rosto, vendo as belezas de Nova York, depois Miami Los Angeles. Ela se sentia livre como um pássaro voando sem compromisso, sem se preocupar com as etiquetas. Livre para pensar se dedicar a si mesma, nesses anos todos de casada com João Vitor, parecendo que ela esqueceu dela mesma, esqueceu de cuidar da sua beleza, cuidar dos seus sentimentos, seu amor próprio, e, ter vida própria. Não dependia de mais nada do seu marido, aliás, nunca dependeu dele pra nada. Apenas queria ser feliz, amar e ser amada, queria ser compreendida e ser mais valorizada como ela merecia, jogou tudo para o alto acreditando que encontrou o homem da sua vida. E sem ele não saberia viver. Caso um dia ele deixasse dela, ela morreria, mas nada disso aconteceu, pelo contrário, descobriu que fugiu da escravidão de um amor bandido que ela mesma inventou, a mesma que criou uma personagem de uma mulher perfeita para um homem que nunca foi perfeito quanto ela pensava. Se tinha alguém que tinha que se ajoelhar e pedir perdão, era ele, e não ela, ela fez o que tinha que ser feito, talvez tenha pagado todos os pecados por amar e confiar no homem mais egoísta e vaidoso que só se preocupava consigo mesmo. Talvez esse desamor sem interesse seria o pior castigo para ele, é claro, que com a sua verdadeira personalidade seria a melhor vingança que ela teria, quanto a sua amiga, ela também foi uma vítima. Sentindo pena de sua amiga invés de raiva como sentiu pela primeira vez quando flagrou os dois juntos, e por esse momento que ela estava vivendo agradecia seu pai pelo conselho dado antes de tomar qualquer decisão que poderia se arrepender, agora ela sabia o quanto ela fez a coisa certa. Após ter saído e dado algumas voltas e ter ido até um shopping, ela aproveitou para ir num salão de beleza fazer uma mudança radical em seu cabelo, pintando o cabelo que em outrora era ruivo forte, agora ela pintou de preto ficando linda e irreconhecível.

Deixando para trás aquela mulher sofrível e infeliz. Ao mesmo tempo insegura com medo de perder o marido e que se sujeitou a ser submissa e escrava doméstica para satisfazer os desejos dele e a vontade e nunca foi reconhecida. Agora ela era dona de si mesma, dona de sua opinião. Estava pronta para voltar com a energia renovada. Se antes tinha dúvida se devia se separá-lo dele eu não, agora ela tinha certeza que João Victor fazia parte do passado, é claro que ela ia querer curtir muito a sua liberdade, estava tão feliz que não tinha cabeça para pensar em outra coisa. Ela tomou um banho e fez um jantar somente para ela mesma, ligou para sua mãe e para seu pai para saber como estavam. Quando de repente recebeu uma ligação de sua ex amiga Cláudia. E quando ouviu a voz de Cláudia tremeu as suas pernas, um sentimento que ela não entendia o que estava sentindo, se era pena ou raiva.

— Alô!

— Quem fala? — Perguntou Flávia.

— Sou eu, Cláudia!

— Ha! Como você está? — Claudia percebeu uma diferença na voz. E perguntou: “o que está acontecendo com a minha amiga?”.

— Estou bem, e você como está?

— Maravilhosamente bem. —Deixando Cláudia desconcertada. Nunca tinha ouvido Flávia falar daquele jeito tão segura.

— Tem certeza que está tudo bem com você minha amiga? — Flávia quando ouviu a palavra minha amiga sentiu seu estômago embrulhar. “Quanta falsidade”.

Estava contando os minutos para acabar aquela conversa desagradável, estragando seu dia, mas não queria demonstrar fraqueza.

— Estou bem sim, só não sei quando vou voltar!

— O que aconteceu por decidir viajar sem ir com seu marido? — Flávia quase explodiu, e dizer tudo o que pensava sobre ela, mas lembrou dos conselhos do seu pai.

— Só estou com sono, o passeio foi longo e acabei me cansando. Tem alguma coisa de urgência para me falar? — Claudia não estava gostando da forma fria que estava sendo tratada por Flávia, ela nunca foi assim, isso deixou ela irritada, então resolveu soltar a bomba.

— Na verdade, eu ia te pedir perdão pelo que eu fiz!

— O que você fez? — Perguntou Flávia.

— Eu e seu marido tivemos um caso.

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