CAPÍTULO 5

Flávia precisou levar aquele choque de realidade para se dar conta que não era uma mulher qualquer, a traição doeu, mas fez ela acordar de um sono profundo sendo enganada da pior forma por um homem egoísta que se achava o última bolacha do pacote. Enquanto bebia para afogar as suas mágoas percebeu que havia muitos homens interessantes e belos bem sucedidos admirando a sua beleza clássica de uma mulher fina e elegante, apenas ela percebeu, mas que naquele momento queria ficar sozinha, bebendo e refletindo sobre a sua vida de casada. “Casada?”. Pensou em silêncio! Nunca pensei em mim, sempre me dediquei aquele homem egoísta e vaidoso que só se preocupou com ele mesmo. Nunca fui prioridade dele assim como eu coloquei ele como prioridade, eu me anulei presa numa fantasia de um casamento perfeito quando na verdade foi uma mentira, aliás a minha vida é uma mentira, me concentrei tanto numa personagem que eu mesma criei para ser aquela mulher que ele sonhou em ter na vida, acabei esquecendo de mim mesma. Fui leal e fiel a um homem infiel. Onde eu estava com a minha cabeça quando apostei nesse casamento fracassado? Oito anos jogado fora que não serviu pra nada. Deixou de viver a sua melhor fase da sua juventude para investir num casamento que nem ela mesma sabia se queria, tudo por ser inexperiente, mesmo magoada e arrependida, estava disposta a mudar aquele cenário, mas antes precisava tirar proveito da situação. Do limão azedo fazer uma limonada, aprendeu a lição de não acontecer os mesmos erros, se amava ou não seu marido era outra história, mas voltar a ser como era antes estava fora de cogitação, só não sabia como fazer de agora em diante? Contar a verdade sobre o que ela descobriu, ou fingir que que não sabia para ver até aonde ia a falsidade dele, pensando assim ela até pensou que seria bem divertido ela fingir ser uma idiota para saber quem seu marido era de fato. Após ter conversado muito com seus pais, ela decidiu deixar as coisas como estava.

— O que você pretende fazer de agora em diante? — Perguntou Armindo.

— Papai, tenho um plano para desmascarar esse tal João Victor.

— Plano?

— Sim, papai

— E que plano é esse?

— Eu vou ligar para o meu marido dizendo que eu pedi demissão e vou tirar umas férias na Europa, e o senhor promove ele como diretor executivo geral, mas antes disso crie algumas medidas de segurança.

— Como o que, por exemplo?

— Colocar câmera escondidas em todos os escritórios em que ele vai trabalhar sem que ele saiba.

— E porque você quer que eu faça isso, minha filha?

— Não sei, mas alguma coisa me diz que ele vai aprontar alguma coisa com a nossa família, por isso que é bom dar corda para ver até onde ele vai.

— Você tem certeza disso?

— Tenho papai, ele é ambicioso, adora estar no poder e tenho certeza que ele está de olho na presidência do grupo. Só está esperando o momento certo de dar o golpe.

— Eu também tenho essa sensação! — Disse a mãe de Flávia.

— Ainda bem que não é só eu que sinto isso! — Disse Armindo concordando com a esposa e a filha. Os três estavam de acordo com que a filha Flávia decidiu. Armindo precisava de umas férias também, ele daria maior apoio a sua filha naquele momento difícil da vida dela. Embora ela já não estava tão mal quanto parecia. Apenas lamentava o tempo perdido. Resolveu ligar para seu marido explicando os motivos porque não dormiu em casa, algo que ela nunca foi capaz, deixando ele aliviado temendo que ela pudesse ter descoberto a traição da parte dele.

— Até que enfim meu amor, eu estava preocupado com você, achei que tinha acontecido alguma coisa?

— Não se preocupe comigo, eu estou bem.

— Onde você está, me diz que eu vou te buscar?

— Não precisa se incomodar, eu resolvo uns assuntos e em seguida estou de volta.

— Então me diga o que está acontecendo?

— Muita coisa, aliás eu fui demitida!

— Como assim? Foi demitida?

— Isso mesmo que você ouviu!

— E agora, o que você vai fazer?

— Vou viajar para Europa, Estados Unidos, estou exausta. — Do outro lado da linha ficou um silêncio. Por essa, João Victor não esperava, sentindo que aquela não era sua esposa que ele conheceu a submissa que fazia tudo o que ele queria e o que ele pedia, ela não fazia nada sem pedir permissão ou até mesmo uma opinião. Ele não estava acostumado com essa mudança repentina de sua esposa. “O que aconteceu com ela?”. Pensava ele em silêncio.

— Você vai sozinha?

— É claro, com quem eu poderia ir?

— Achei que ia me convidar para ir junto com você?

— Você não pode ir porque fiquei sabendo que vai ser promovido a diretor geral das empresas.

— Não estou sabendo!

— Vai saber na hora certa.

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