Respire fundo e tente ter uma postura relaxada... ok, então vamos conversar-- disse, e ele sorriu.
Ele se sentou na minha cama e cruzou os braços.
-- Você é a mulher de ontem, a que estava na boate, certo?-- perguntou.
-- A resposta é bem óbvia, você não acha?-- respondi.
-- E você sabia que era eu?
-- Obviamente não... no início, quando nos esbarramos e você me ajudou, eu não sabia que era você, depois que saí do banheiro e te vi bem, eu soube, mas fiquei quieta por vergonha-- confessei.
-- Mas vergonha por quê?
-- Você é meu chefe, não é qualquer pessoa-- respondi.
-- Sim, mas mesmo assim, não podemos negar o fato de que algo aconteceu-- ele lembrou.
-- E eu não estou negando, só estou dizendo que não estava certo, mas como você disse, somos adultos, saberemos lidar com a situação-- enfatizei suas palavras.
-- Claro que sim, mas tenho que confessar uma coisa-- ele fez uma breve pausa-- sinto algo muito estranho quando estou perto de você, até aquele vestido...-- ele se calou.
-- De que vestido você está falando?-- perguntei.
-- O que você estava usando ontem, algumas imagens vieram à minha mente, e aquele vestido estava lá-- ele comentou.
-- Mas que tipo de imagens? Você está com problemas de memória?-- tentei me aprofundar no assunto.
-- Eu sofri um acidente, não me lembro de muitas coisas do meu passado, Corina, minha ex-mulher, foi ela quem me contou como era minha vida antes do acidente, mas às vezes sinto que não aconteceu assim, a única coisa que me fez não querer saber mais foi minha filha, ela me ameaçou que eu não poderia ver Ana se continuasse querendo recuperar minha memória-- ele me deixou pensativa, e se talvez, só talvez, Ana não fosse sua filha de sangue? Obviamente ele é o pai dela porque a está criando, só sei que há algo estranho em tudo isso.
-- Mas agora que você não está mais com ela, por que não retoma seu tratamento? Talvez haja uma chance de você se lembrar de alguma coisa, mesmo que seja mínima-- com minhas palavras, alimentei minha esperança.
-- Eu não sei, às vezes tenho medo, não sei o que posso descobrir-- ele fixou o olhar no chão.
-- Nada pode ser pior do que perder um filho, falo por experiência própria, e você tem Ana ao seu lado, você vai superar tudo e muito mais-- eu olhei para ele e sorri.
-- Obrigado-- ele se levantou-- foi uma boa ideia vir ao seu quarto-- ele disse.
-- Se Dominga nos vir, ela vai me dar uma bronca e vai ser culpa sua-- eu o repreendi.
-- Eu assumo a responsabilidade-- ele disse rindo, então começou a se aproximar lentamente de mim.
Comecei a andar para trás tentando manter uma distância segura, mas bati na parede, ele estendeu a mão e apagou a luz, o quarto ficou na penumbra, apenas uma luz fraca que entrava pelas cortinas nos iluminava, eu podia ver sua silhueta, seus ombros largos, seu cabelo um pouco bagunçado e o colarinho de sua camisa desarrumado, ele aproximou seu rosto lentamente, seus lábios foram em direção aos meus, por reflexo eu virei meu rosto e seus lábios acabaram na minha bochecha.
Ele levantou a mão e segurou meu queixo suavemente, fazendo meu rosto girar em sua direção, desta vez eu não tive escapatória, seus lábios tomaram posse dos meus completamente, eu o abracei pelo pescoço e ele passou os braços em volta da minha cintura, com um aperto firme, mas suave, ele me fez sentir segura em seus braços, ele definitivamente não havia deixado de ser ele, meu marido, todos os seus movimentos, sua maneira de me tocar, de lidar com a situação, até mesmo de me dominar, continua a mesma, e é algo de que eu nunca me cansaria.
Nós nos beijamos por um longo tempo, até que meus lábios começaram a latejar de tão inchados que estavam, então interrompemos o beijo.
-- É melhor você ir-- eu disse.
-- Tem certeza de que quer que eu vá?-- ele perguntou.
-- Não é que eu queira, mas é o melhor-- respondi, ele suspirou e se afastou.
-- Você está certa, mas vamos continuar com isso-- ele me assegurou.
-- Mas só se você me prometer que vai procurar um bom médico-- eu disse.
-- Está bem, eu prometo, mas não poderei fazer isso antes de algumas semanas, nesses dias terei muito trabalho e pouco tempo-- ele respondeu.
-- Tudo bem, você prometeu, agora vá, mas tome cuidado ao sair-- eu o aconselhei, mesmo com o quarto escuro ele conseguiu escapar sem ser visto.
É engraçado ver como ele tem que se esconder na própria casa, fiquei pensando em como ajudar sua memória perdida a voltar, e me lembrei de suas palavras quando ele falou do vestido, talvez essa seja uma boa pista do que fazer, vou usar minha aliança de casamento novamente, até terei que comprar o perfume que eu usava naquela época e parei de usar depois que ele desapareceu, ele adorava sentir o cheiro.
Entre meus pensamentos, me preparei para dormir... Na manhã seguinte, fui acordada pelo típico barulho do monitor, olhei e Ana já estava esfregando os olhinhos, aquela imagem me deixou emocionada, me levantei rapidamente e tomei um banho rápido, depois me vesti em alta velocidade e fui para o quarto dela, ela estava com os olhos bem abertos.
-- Bom dia, como a menina mais linda desta casa acordou?-- perguntei a ela, e ela não pôde deixar de sorrir, ela percebeu o que tinha acabado de fazer e abaixou a cabeça.
-- Você não precisa mais fingir comigo-- eu disse em um momento de coragem, não sabia qual seria sua reação.
Ela abriu os olhos para minhas palavras.
-- Não se preocupe, seu segredo está seguro comigo-- acrescentei para tranquilizá-la-- você pode confiar em mim-- finalizei.
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Atualizado até capítulo 48
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