Capítulo 5

- Obrigada -- disse ao meu futuro genro.

  - Não me agradeça, é incrível que não respeitem um momento como este -- comentou ele e eu apenas concordei, delas posso esperar qualquer coisa.

Uma hora depois chegaram os pais de Cristian, não foi surpresa para mim que chegassem em um tom de harmonia, compreensão e dor, havia muitas testemunhas para mostrar sua verdadeira face, eles tinham que manter sua reputação, isso me enojou, mas eu preferia isso do que ter outro confronto.

O carro funerário chegou e levou meu filho para a igreja, lá foi celebrada uma missa em sua homenagem e depois fomos para o Cemitério Central, foi ideia dos pais de Cristian que meu filho fosse enterrado lá, preferi não me opor e aceitar sua oferta, ele merecia estar no melhor lugar.

Chegamos ao local, minha filha, Cristian, o Sr. Francisco e um de seus guarda-costas carregaram o caixão do meu filho, levaram-no até o local onde seria enterrado, sem mais protocolos colocaram meu filho na cova, na medida do possível coloquei uma rosa sobre o caixão e joguei um punhado de terra, depois o coveiro se encarregou de encher até cobrir o caixão, um choro silencioso se fez presente, minha filha chegou ao meu lado e nós duas choramos abraçadas, ignorando as pessoas ao nosso redor, éramos só ela, meu menino e eu.

Quando tudo acabou, um por um foram indo embora, inclusive os pais de Cristian, ele ficou conosco e alguns guarda-costas.

  - Quando vocês me disserem, nós vamos -- disse ele.

  - Obrigada, acho que vou aceitar sua oferta e vamos de uma vez -- eu disse.

  - Então vamos, eu as levo para casa -- ele me disse, eu concordei, ele pegou a cadeira de rodas e me guiou até o carro, minha filha veio ao meu lado segurando minha mão.

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 Cristian nos deixou em casa, depois foi embora e logo voltou com comida.

  - Dona Ana, desculpe a minha ousadia, mas estive o dia todo com vocês e não as vi comer nada, a senhora acabou de sair do hospital e precisa se cuidar -- se não fossem por suas palavras eu não teria percebido que nossos estômagos estavam vazios.

  - Obrigada, você não precisava se incomodar -- eu disse e, para não ser indelicada com sua gentil atenção, fui até a mesa, minha filha serviu e nós três nos sentamos para comer.

Quando terminamos, ele foi e jogou no lixo os recipientes onde estava a comida, depois se sentou na sala conosco.

  - Cristian, muito obrigada por nos acompanhar, você tem sido de grande ajuda e apoio -- eu disse a ele.

  - Não precisa me agradecer, a senhora é mãe da minha noiva e tenho um grande carinho por vocês, além disso entendo sua dor e quero ajudá-las no que for possível -- reiterou.

  - Obrigada, meu amor, valorizamos muito isso -- disse Samara, colocando a cabeça em seu ombro, ele acariciou suavemente a mão da minha filha.

  - Eu gostaria de ficar, mas tenho outras coisas para resolver, prometo estar aqui amanhã cedo -- ele nos disse.

  - Relaxa, vamos ficar bem -- respondi e minha filha concordou.

  - Sim, meu amor, não se preocupe, mas por favor, quando chegar em casa, me liga para eu saber que você chegou bem -- pediu Samara e ele concordou.

Nos despedimos e ele foi embora, minha filha fez um chá de camomila que tomei junto com os remédios, depois ela me levou para o quarto, lá ela me ajudou a colocar o pijama, depois ela foi tomar banho e voltou para o meu quarto, naquela noite, aos 19 anos de idade, minha filha voltou a dormir com sua mãe, sentir sua proximidade me fez sentir um pouco melhor.

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Passou-se uma semana e ainda não havia notícias do meu marido, a busca havia se estendido por grande parte do arquipélago, com mergulhadores especializados em busca e resgate, mas mesmo assim não encontraram nada, a cada dia que passava as esperanças de encontrá-lo se dissipavam.

Até que, três semanas depois, eles decidiram declará-lo morto, sem um corpo para chorar e enterrar, decidimos que era o melhor para encerrar, tive que preencher uma série de documentos e finalmente sua certidão de óbito foi oficializada.

Estávamos minha filha e eu sentadas na sala, assistindo televisão em silêncio, quando fomos interrompidas pelo som da campainha e batidas desesperadas na porta da frente, eu me levantei imediatamente apoiada nas muletas.

  - Quem pode ser a esta hora e com tanta pressa? -- disse minha filha, eu levantei os ombros em sinal de dúvida.

  - Não sei, mas vou abrir -- disse eu, saindo para o corredor que dava para a porta.

Olhei pela janela e lá estavam Margarita e Ofélia, duas das três irmãs de Felipe, respirando fundo, abri a porta.

  - Olá, que surpresa, a que devo a honra de sua visita? -- Eu disse ironicamente.

Elas passaram por mim e entraram sem serem convidadas, não tive escolha a não ser deixá-las passar, meu estado não me permitia me mover com facilidade.

  - Viemos te trazer isso -- disse Ofélia, me entregando uma pasta -- Sua sobrinha está em casa? -- ela perguntou enquanto caminhava em direção à sala de estar.

  - Por que você está me perguntando se você pode entrar e descobrir por si mesma? -- Eu disse a ela ao vê-la examinando cada canto da propriedade.

Chegamos à sala e lá estava Samara olhando para suas tias um pouco confusa.

  - Você já contou para sua mãe?--

  - So..sobre o quê? -- respondeu minha filha, nervosa.

  - O que ela tem que me contar?-- perguntei.

  - Hmm, pelo visto não... Mas relaxa, sobrinha, eu conto para ela -- disse Margarita.

  - Não, eu decidi que não vou mais me casar -- disse Samara sem mais delongas, com os olhos marejados, não entendi o que estava acontecendo, parece que há algo que eu não sei e não querem me contar.

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