A proximidade crescendo

O trabalho estava cada vez mais perto de ser concluído, e Aurora não sabia como se sentia sobre isso. Por um lado, ela estava satisfeita com os resultados e orgulhosa de como as coisas estavam tomando forma, mas por outro, ela sentia uma crescente inquietação sempre que estava perto de Davi. Ele parecia tão à vontade, tão descontraído, enquanto ela ficava cada vez mais ansiosa, focada nos detalhes. A ideia de que os dois estavam se aproximando mais a cada dia a deixava desconfortável, mesmo que fosse algo que ela não pudesse negar.

Eles estavam no laboratório da escola, onde passavam a maior parte do tempo agora, revisando os dados e ajustando a apresentação do projeto. Aurora olhou para Davi, que estava mexendo em seu laptop, com o fone de ouvido colocado e uma música baixinha tocando. Ela o observava, curiosa. Davi tinha um jeito simples e natural de fazer as coisas, como se não houvesse pressa. Às vezes, ela se pegava admirando isso. Ele parecia tão calmo, enquanto ela estava constantemente se pressionando para dar o seu melhor. Mas o que a deixava mais desconcertada era o fato de que, mesmo com todas as diferenças entre eles, havia algo de bom nas conversas que tinham, algo que ela não sabia como explicar.

Davi percebeu o olhar dela e tirou o fone.

— O que foi? — perguntou, sorrindo.

Aurora desviou o olhar, sentindo a face esquentar.

— Nada… só… pensando no próximo passo do trabalho.

Ele levantou uma sobrancelha, parecendo não acreditar muito nela, mas decidiu não insistir.

— Você sabe que, se precisar de ajuda, estou aqui, né? — disse ele, como se fosse algo simples. Aurora o observou por um momento, antes de responder.

— Sei. A gente tem se saído bem até agora. Acho que estamos quase lá.

Eles voltaram ao trabalho, cada um concentrado na sua parte. Aurora se perguntava como tudo havia mudado. No começo, ela nem queria se aproximar de Davi, mas agora, era difícil negar que ele se tornara uma presença constante em seus dias. E ela não podia negar que sentia algo quando estava com ele. Algo que a deixava desconfortável, mas também excitada, como se estivesse prestes a descobrir um novo capítulo da sua vida. Mas Aurora ainda se mantinha cautelosa. Ela sabia que não podia deixar as emoções interferirem. O último ano era crucial, e ela não podia se arriscar em algo que a distraísse do que realmente importava.

Naquele dia, depois de horas trabalhando, Davi sugeriu que fizessem uma pausa. Eles se sentaram em uma mesa do lado de fora, aproveitando a brisa fresca que passava pelo campus. Aurora olhou para ele, tentando esconder a crescente curiosidade.

— Sabe, você é bem diferente do que eu imaginei — disse ela, de repente, quebrando o silêncio. — No começo, pensei que você só queria se livrar do trabalho e já.

Davi riu, seu sorriso sempre tranquilo e despreocupado.

— Eu entendo. Todo mundo tem essa impressão de mim. Mas, acredite, quando algo me interessa, eu me dedico. Não sou tão distraído assim.

Aurora sorriu, surpresa com a sinceridade dele. Ela ainda achava difícil entender Davi completamente, mas ele começava a deixar de ser apenas o “cara tranquilo” e se tornava uma pessoa mais complexa, mais interessante.

— Eu também pensei que não fosse funcionar — confessou ela, mexendo em seus cabelos. — Mas acho que a gente tem feito um bom trabalho juntos.

Davi olhou para ela com um brilho nos olhos, e por um momento, houve um silêncio entre eles, um silêncio carregado de algo que Aurora não sabia como interpretar. Ela desvia o olhar, sentindo o coração bater mais rápido.

— A gente se dá bem, né? — disse ele, quebrando o silêncio com sua voz calma. — Talvez a gente devesse continuar assim, sem pressão. Vamos só terminar isso e ver no que dá.

Aurora assentiu, mas, no fundo, ela sabia que aquilo estava longe de ser só sobre o trabalho. E ela ainda não sabia como lidar com isso.

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