Os primeiros desafios e surpresas

Os dias seguintes ao início do trabalho em grupo foram cheios de surpresas para Aurora. À medida que ela passava mais tempo com Davi, ela começava a perceber um lado dele que não imaginava. Davi estava se mostrando mais confiável, mais dedicado do que ela pensava. A ideia que ele trouxe parecia simples, mas logo se provou ser muito mais complexa do que ela imaginava. A parte prática do projeto, que ele havia prometido tocar sozinho, envolvia várias etapas que ela não esperava.

Aurora estava sentada no pátio da escola, lendo alguns artigos que precisava para a parte teórica do projeto, quando Davi se aproximou, carregando uma pasta cheia de documentos e anotações. Ele parecia satisfeito com seu progresso.

— Ei, olha o que consegui! — disse ele, colocando a pasta sobre a mesa onde ela estava. — Já consegui as entrevistas que precisávamos e alguns dados que vão ser muito úteis.

Aurora levantou os olhos e olhou para ele com um misto de surpresa e admiração. Davi parecia ter se empenhado mais do que ela imaginava. Ele estava realmente fazendo a parte dele e, ao contrário do que ela pensava, não estava adiando nada. Ele estava cumprindo os prazos.

— Nossa, você realmente fez isso tudo sozinho? — perguntou Aurora, um pouco surpresa.

Davi sorriu, se acomodando na cadeira ao lado dela.

— Claro, não seria justo só delegar tarefas. E, cá entre nós, achei interessante. Essas entrevistas nos deram algumas ideias bem legais.

Aurora analisou os dados e, por um momento, ela sentiu que o projeto tinha se transformado em algo mais do que apenas um trabalho escolar. Era algo realmente inovador, algo que poderia impressionar até os professores. Isso a fez se sentir orgulhosa de ter dado a chance a Davi de mostrar seu potencial.

Mas, como em toda parceria, nem tudo eram flores. Embora o progresso fosse visível, algumas questões começaram a surgir. Durante uma das reuniões, Aurora percebeu que havia uma discrepância nas informações de Davi. Algumas das entrevistas que ele fez pareciam ter sido feitas de forma apressada e sem muito critério. Algumas perguntas não pareciam ter sido bem elaboradas, o que resultou em respostas que não ajudavam tanto quanto ele imaginava.

Aurora franziu o cenho ao examinar os relatórios. Ela não queria parecer crítica demais, mas algo ali não parecia certo. Quando Davi se aproximou para revisar os dados com ela, Aurora decidiu abordar o assunto de forma cuidadosa.

— Davi, eu vi que algumas das entrevistas… — ela hesitou, escolhendo as palavras com cuidado. — Acho que algumas respostas não são tão completas. Talvez a gente precise ajustar um pouco o foco. Isso vai prejudicar a análise, sabe?

Davi parecia surpreso, mas não ficou ofendido. Ele olhou os papéis e passou os dedos sobre as anotações.

— Entendi, você está certa. Eu me empolguei, talvez tenha sido muito rápido. Vou fazer algumas correções.

Aurora percebeu que, apesar de Davi ser muito mais relaxado do que ela, ele sabia ouvir e estava disposto a corrigir os erros. Era uma qualidade que ela não esperava dele. Ela sorriu, aliviada.

— Ok, vamos fazer isso. Acho que podemos melhorar bastante, mas precisamos focar nesses detalhes. Vamos revisar tudo com calma. Temos tempo, e a gente consegue fazer isso funcionar.

Com o novo foco na revisão, Aurora e Davi passaram os próximos dias trabalhando juntos, ajustando as entrevistas e aprimorando o conteúdo. À medida que o trabalho tomava forma, Aurora sentia que sua visão sobre Davi estava mudando. Ele não era apenas o colega desinteressado que ela imaginava. Era alguém com qualidades que ela começou a admirar. E, aos poucos, ela começava a se questionar: será que aquilo era apenas um trabalho escolar ou havia algo mais ali?

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