Capítulo 18

Sofia Narrando

Continuação... 🍃

Estávamos todos tomando café, a casa inteira já havia acordado e estávamos todos juntos na mesa da área externa, que é enorme e cabem todos.

Observei o jeito do meu irmão o tempo todo, pois de vez em quando, ele olhava disfarçadamente para a Cris. Miguel pensa que me engana, mas não!

Sei que ele tem apenas 16 anos, mas sei também dos seus "romances" escondidos com mulheres mais velhas. Ele se aproveita da sua aparência e fica com elas. A última tinha 26 anos, apenas DEZ anos mais velha que ele. E o bonitão achou isso o máximo. Ele é um rapaz culto e muito à frente da própria idade, mas não deixa de ser um adolescente e ele também precisa ter consciência disso.

Percebi que a minha amiga estava um pouco desconfortável com os olhares "disfarçados" do meu irmão, então lhe dei um chute na canela por debaixo da mesa. Ele me olhou fingindo estar sem entender, mas logo parou com a gracinha.

Ficamos ali na mesa conversando por um longo período, mas eu já estava ficando nervosa pois o momento da conversa com os pais da Cris não chegava e eu já estava ansiosa. Olhei para o meu pai e ele entendeu o recado.

Ele nos chamou até o escritório e fomos todos juntos para o local (eu, a minha mãe, o meu pai, a Cris e os pais dela). Ao chegarmos no recinto, o meu pai iniciou o assunto.

Caio: Gostaria de dizer-lhes que é uma alegria e um prazer muito grande tê-los conosco aqui na nossa casa, mas para não tomar-lhes mais tempo, já irei direto ao assunto. Qual é o trabalho de vocês atualmente?

Jeferson: Eu fico até acanhado em dizer, mas não temos um trabalho fixo ou uma renda fixa. A Maria é diarista, mas raramente aparece uma faxina e eu faço alguns bicos por aí, faço o que aparecer. Atualmente consegui como servente de pedreiro e isso tem nos mantido com a comida. As passagens para a faculdade, a Cris ganhou através de uma ONG que desenvolve um trabalho lá no Jacaré, mas a alimentação dela fica complicada e alguns dias ela não tem nem para o almoço. — Eu e a minha mãe já estávamos emocionadas com os relatos que ele estava fazendo.

Maria: Eu sei muito bem que Deus envia anjos para cuidar de nós, mas essa sua filha, veio diretamente do colo dEle para as nossas vidas. Eu sei muito bem de todas as vezes que ela levou a Cristiane para almoçar com ela em restaurantes caríssimos para os nossos padrões e nunca cobrou nada por isso. Temos uma dívida de gratidão muito grande por você, menina!

Jeferson: A nossa história é de muita luta, eu consegui concluir o Ensino Médio com muitas dificuldades, foi tudo com a ajuda da ONG lá da comunidade. A Maria até tentou iniciar uma faculdade de administração, mas não pudemos dar continuidade nos pagamentos, pois ambos ficamos desempregados quase que ao mesmo tempo.

Maria: Ver a nossa filha ingressando numa Universidade Federal, é uma bênção, mas temo que ela perca a bolsa e não consiga dar continuidade, devido à nossa condição financeira. — Vejo uma lágrima escorrer pelo rosto da minha amiga e o meu coração fica ainda mais partido.

Ju: Nós jamais deixaremos isso acontecer e, para isso, viemos refazer a proposta de que ela more com a Sofia no apartamento dela e que vá para casa juntamente com o nosso motorista aos finais de semana. Além disso, queremos oferecer-lhes vagas de emprego. Não pensem que isso é apenas caridade, pois já estávamos à procura de pessoas para trabalhar conosco em nossa casa e na nossa clínica.

Caio: Esse trabalho na clínica seria como uma espécie de "faz tudo", mas vendo o seu perfil pessoalmente, acredito que poderia ser um dos nossos seguranças da recepção. O salário é muito bom e além disso, tem folgas de dois a três dias na semana, sendo elas intercaladas.

Ju: Para você, Maria, temos uma vaga aqui na nossa casa como cozinheira e isso seria apenas temporário, pois conforme você for estudando, podemos mudá-la de área. Já adianto que o seu trabalho aqui, será apenas o de preparar as nossas refeições e as suas folgas serão aos finais de semana.

Cris: Eu não estou conseguindo acreditar! Vocês são as melhores pessoas do mundo, não tenho palavras para expressar o carinho e a gratidão que tenho por estarem fazendo isso por mim e pela minha família. São pessoas incríveis, nem parecem ser desse mundo. Muito obrigada! É só o que eu posso dizer no momento. — Ela fala entre soluços e se levanta para abraçar os meus pais e a mim. Nem preciso dizer que eu já estava me debulhando em lágrimas, não é mesmo?!

Sofia: As coisas não param por aqui. Sei que amam o lugar onde moram e com certeza têm muito orgulho de fazer parte da comunidade, mas sabemos da distância que terão que enfrentar todos os dias para chegarem até aqui.

Caio: Dessa forma, vou disponibilizar o meu primeiro apartamento que comprei aqui nessa cidade, quando me mudei para cá. Vocês irão morar nele pelo tempo que precisarem, pois está fechado e os móveis já estão começando a estragar.

Jeferson: Isso já é demais, isso não podemos aceitar! — Ele já estava ficando vermelho pelo constrangimento.

Ju: Isso que estamos fazendo, não é para humilhá-los, longe disso. Nós queremos ajudar com o deslocamento, pois sabemos o quão distante fica a casa de vocês daqui e sabemos também como a vida é difícil tendo um emprego, não podemos imaginar sem. Queremos apenas ajudá-los.

Sofia: Pensem bem. A casa onde moram, vocês podem colocar para alugar e ter mais uma renda mensal com o valor. Mesmo sendo pequena, com o tempo, podem melhorá-la e irem aumentando o valor do aluguel.

Maria: Isso é loucura demais para a minha cabeça...

Sofia: Só aceitem. Talvez isso seja a resposta de algumas orações que fizeram ao longo desses anos.

Imediatamente a dona Maria olha para a minha direção e as lágrimas começam a descer rapidamente pelo seu rosto. Ela estava meio que em choque com o que eu falei e, enquanto isso, o silêncio se fazia presente entre nós.

De repente, ela veio até mim e me deu um abraço forte, parecia estar recebendo uma grande revelação do próprio Deus. No começo do abraço, eu fiquei sem reação, mas depois eu retribuí o seu gesto.

Maria: Nós aceitamos, aceitamos todas as ofertas, mas não ficaremos para sempre no apartamento, ficaremos apenas até nos estabilizarmos financeiramente e conseguirmos pagar um local com os nossos próprios recursos. Essa será a nossa condição.

Caio: Ok, ótimo! Mas podem ficar por quanto tempo quiserem e precisarem. Não temos pressa. Na segunda-feira, a Cris já levará os seus pertences quando elas forem para a faculdade e vocês, terão todo o transporte para o que quiserem levar para o apartamento. Então, vou pedir ao sr. João para levá-los para casa logo após o almoço, pois vocês têm muito trabalho a fazer até conseguirem desmobilizar a casa de vocês.

Ficamos conversando ali por mais um tempo e descontraímos o assunto. Logo em seguida, fomos para a cozinha para preparar o almoço e ficamos todos juntos ali.

Um tempo depois, eu senti falta de duas pessoas e logo liguei os pontos e entendi do que se tratava. Não vou atrás para não causar constrangimento, mas depois eu quero saber por eles o que foi exatamente que aconteceu.

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