Sofia Narrando
Hoje acordei com uma enxaqueca muito forte, quase não conseguia abrir os olhos, com tanta dor que estava sentindo. Demorei um pouco mais na cama e logo a minha mãe entrou no quarto para saber se eu não iria à aula hoje.
Ju: Não irá à aula hoje?
Sofia: Irei, só estou com uma enxaqueca muito forte, preciso de um pouco mais de tempo.
Ju: Por que não fica em casa hoje?
Sofia: Tenho prova de matemática no terceiro horário, não posso faltar.
Ju: Vou ligar na escola e avisar que entrará no segundo horário. Durma mais um pouquinho, seu rostinho está cansado, aposto que mal dormiu essa noite.
Sofia: Acertou, como sempre. — Dou um sorriso forçado. — Não queria vê-lo hoje, mas não tenho escolha...
Ju: Precisa aprender a encarar os seus problemas de frente.
Sofia: Estou me esforçando para isso, só não queria que fosse hoje.
Ju: Tome esse remédio e durma por mais alguns minutos, quando se levantar, estará bem melhor.
Sofia: Obrigada por cuidar de mim, mamãe.
Ju: Hoje à tarde, vamos para a casa dos seus avós, será bom conversar com eles. Eles têm sempre os melhores conselhos.
Sofia: Sim, farei isso... Obrigada!
Ela saiu do quarto e fechou a porta. Logo em seguida eu dormi, estava muito cansada pela noite mal dormida.
Um tempo depois... 🍃
Estou chegando na escola, a minha mãe veio me acompanhar para poder entrar. Ela conversou com a coordenadora, que logo permitiu a minha entrada, mas me arrependi de ter vindo assim que entrei na sala. Observei a Isabela sentada na mesa, de frente para o Cauã e o mesmo parecia não se importar com a posição em que ela estava.
Entrei na sala e sentei-me na carteira vazia, que estava longe deles. Logo a mesma veio na minha direção e sentou-se perto de mim. Nunca imaginei que ela seria capaz de fazer isso, pensei que ela fosse minha amiga. Jamais pensei que ela pudesse se aproveitar de um momento de fragilidade no nosso relacionamento para se aproximar dele, justo hoje, pensando que eu não viria à aula. E o pior, ele estava lá, como se não estivesse acontecendo nada.
Isabela: Oi, amiga! Bom dia... Pensei que não viria hoje.
Sofia: Sim, mas aqui estou eu. Temos prova de matemática, não faltaria jamais. Apenas acordei com enxaqueca.
Isabela: Venha sentar perto de nós! — Fala de maneira sugestiva, como se eles estivessem juntos, o que eu não consigo duvidar.
Sofia: Obrigada, estou bem aqui. — Passo um rabo de olho e vejo que Cauã nos observava.
Isabela: Não está chateada porque eu estava conversando com o Cauã, né?! Até onde eu sei, vocês não estão mais juntos... — Fala alto, para todos escutarem.
Sofia: Como você disse: não estamos mais juntos, não tem porque estar chateada... Faça bom proveito.
Viro o meu corpo de volta para frente e espero o início da aula de Biologia, a disciplina que mais gosto na escola. Presto a atenção em toda a aula e me concentro ao máximo. O tempo passa e logo vem a prova de matemática, estava difícil, mas acredito que me saí bem.
Quando deu o intervalo, voltei a sentir uma forte dor de cabeça e saí rápido da sala, fui até à sala da coordenadora solicitar que ligasse para a minha mãe, a fim de que ela venha me buscar. E assim foi, ela veio rapidamente e logo levou-me para a casa dos meus avós. Ela me deixou lá e voltou para o trabalho, mais tarde ela virá para almoçar.
Não dei oportunidade de falar com o Cauã, apesar de perceber que ele me olhava o tempo todo na sala. Eu aqui, sofrendo igual a uma boba e ele já dando confiança para a Isabela. Ok... Se é assim que ele quer, que seja então!
Os meus avós são uns amores, me receberam tão bem, fico sempre muito feliz em vir para cá e eles amam a minha presença, principalmente o meu irmão, já que somos os únicos netos deles, aproveitam e nos mimam ao máximo.
Contei tudo para eles, disse o que ele fez hoje e eles aconselharam-me a dar um gelo nele e afastar-me da Isabela, pois ela nunca foi minha amiga e sempre perceberam os olhares de despeito dela para mim.
Marina: Engraçado, o Cauã parecia ser um menino tão doce…
Júlio: É verdade, meu amor. Ele sempre pareceu um bom menino. Isso deve ser coisa do momento, deve estar confuso, com a cabeça cheia e por ser muito novo, com medo das decisões que precisa tomar.
Marina: Você também deve concordar que morar a tantos quilômetros de distância e namorar não é uma tarefa fácil, não é mesmo?!
Sofia: Eu entendo tudo isso, vovó. Mas ele poderia ter conversado comigo antes, eu entenderia. O que me chateou nessa situação, foi ele ter escondido isso de mim. Eu fiquei muito brava e decepcionada.
Júlio: Seu pai também fez uma escolha errada na adolescência, mas anos depois, ele e a sua mãe se reencontraram e tiveram uma nova oportunidade. Tente viver os próximos dias como se fossem os últimos, isso logo vai passar. Se tiverem que se encontrar no futuro, dará tudo certo.
Sofia: Obrigada pelos conselhos. Fico muito feliz por poder contar com vocês.
Nesse momento, ouço o toque de uma mensagem no meu celular, observei que era do Cauã e apenas ignorei. Não quero falar com ele agora, estou com raiva ainda. É melhor conversarmos depois.
Passado um tempo, o meu irmão chegou com a minha mãe e nós fomos almoçar. Já estava melhor da dor de cabeça e parecia nem lembrar mais dos últimos acontecimentos. Vir aqui, foi realmente muito bom.
Algumas horas se passaram e o meu avô levou o Miguel para ver sobre os seus livros na biblioteca e a minha avó, a minha mãe e eu, fomos fazer bolo de pudim na cozinha. Esses sempre foram os melhores momentos.
Após estar tudo pronto, fomos tomar café e o meu pai nos ligou em chamada de vídeo. Ele estava um pouco abatido, os seus olhos estavam cansados e ele já não parecia mais o mesmo Caio de sempre.
Ligação📱
Caio: Oi, meus amores! Como vocês estão?
Sofia: Com muitas saudades!
Miguel: Eu estou mais, papai...
Caio: Não vejo a hora de poder voltar, ficar perto, beijar e abraçar vocês.
Júlio: As meninas fizeram bolo de pudim. Olhe como ficou lindo... — Ele tenta cortar o clima ruim, já que a minha mãe havia saído chorando e nós ficamos emotivos com ele.
Caio: Que delícia! Comam muito por mim...
Miguel: Papai, o meu avô deu-me outro livro, esse agora é da história da Engenharia. Estou louco para começar a ler!
Caio: Que bom, meu filho, quero ver quando eu chegar aí! Onde está a mãe de vocês?!
Sofia: Ela foi ao banheiro, já volta.
Caio: Depois eu quero saber sobre esses olhinhos tristes. O que fizeram com a minha princesinha?!
Sofia: Ah, nada! Eu só tive uma pequena discussão com uma colega de sala. Nada demais…
Caio: Ok, fingirei que acredito. Agora, vá chamar aquela outra chorona. Estou com saudades!
Miguel saiu levando o celular até ela, fiquei ali com os meus avós e eles demonstraram muita preocupação com o meu pai. Estamos todos morrendo de saudades, mas compreendemos a escolha dele.
A minha avó Clarice, quase morreu quando recebeu a notícia de que ele iria auxiliar na guerra, ficou muito preocupada. Falando nela, preciso ir vê-la ainda essa semana. Ela mal sai de casa agora que perdemos o meu avô, mas eu e o meu irmão, sempre damos um jeito de ir até lá animá-la ou levá-la para sair. Pretendo ir lá amanhã, após a aula, jajá avisarei à minha mãe sobre isso.
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Atualizado até capítulo 56
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