Capítulo 3

Sofia Narrando

Estar com o Cauã é maravilhoso. Cada momento que passamos juntos, tudo o que fazemos, se torna cada vez mais especial. Eu não me canso de passar todos os momentos com ele. Sempre é muito carinhoso e atencioso comigo, demonstra o seu amor por mim nos mínimos detalhes e faz tudo para me agradar e fazer feliz.

Na nossa noite de comemoração de aniversário, tivemos mais um momento maravilhoso de amor e muita paixão, como sempre, foi muito especial. Ele é um presente para mim.

Passaram-se quase dois meses desde aquele dia e hoje, na escola, notei que ele estava um pouco mais pensativo, distante e me evitou um pouco na hora do intervalo, eu espero que não tenha acontecido nada da minha parte e que seja só uma coisa da minha cabeça. Chamei ele para ir à minha casa mais tarde e o mesmo disse que talvez iria a noite.

Estou sem entender, não sei o que pode ter acontecido, ele não é assim, é sempre tão carinhoso e atencioso comigo, que esse comportamento me assusta um pouco. Estava conversando com a Isabela, uma amiga minha do colégio, sobre isso e ela me aconselhou a conversar com ele.

Estava aqui na cama deitada e a minha mãe entrou no meu quarto, ainda não almocei hoje, não consigo comer, não paro de pensar nos motivos que levam ele a estar assim distante e eu não sei o que pensar ou sentir sobre isso. Ao mesmo tempo que ele estava distante, percebi uma profunda tristeza nos seus olhos e, na sala, ele estava muito pensativo, mal prestou a atenção nas aulas e ao término do tempo, apenas me deu um selinho e se despediu, indo embora em seguida.

Vou tentar conversar com a minha mãe sobre isso. Sei que na adolescência, ela e o meu pai passaram por uma situação difícil também e eu preciso desabafar com alguém que me entenda e ela é essa pessoa.

Ju: Oi, filha! Não vem almoçar? — Fala assim que abre a porta.

Sofia: Estou um pouco sem fome hoje. Na verdade, quero conversar com você sobre um assunto.

Ju: Pode dizer... Sabe que pode contar comigo para qualquer coisa! É sobre o Cauã? — Ela fala se sentando na minha cama, de frente para mim.

Sofia: Sim... — Respiro fundo — Ele estava muito distante hoje, mal falou comigo, parecia querer evitar ficar perto de mim, não demonstrou o mesmo sentimento e fugiu de mim na hora do intervalo. Pensei que conversaríamos no final da aula, mas ele só me deu um beijo, disse que vem mais tarde e foi embora.

Ju: Vocês não discutiram? Não tiveram alguma divergência de opiniões ou algo parecido?

Sofia: Não, ontem a tarde estava tudo bem, ficamos juntos na casa dele o tempo todo. A noite nos falamos antes de dormir e, aparentemente, estava tudo bem... Eu não sei, mãe. Acho que ele está se cansando de mim...

Ju: Eu acredito que sei o que pode estar acontecendo, mas vou deixar que vocês conversem. Suponho que nessa conversa, você precise ter muita maturidade e compreensão. Mas seja, acima de tudo, o mais forte que você conseguir. Ambos precisarão da confiança e compreensão um do outro.

Sofia: Acha que ele quer terminar comigo?

Ju: Eu não posso afirmar nada, mas esteja preparada para qualquer coisa. Estarei para sempre ao seu lado e te amarei para sempre e mais do que tudo.

Sofia: Obrigada, mãe. Também te amo!

Após essa conversa com a minha mãe, fiquei com um pouquinho mais de medo do que está por vir, mas me senti aliviada por saber que ela estará sempre ao meu lado. Acredito que sei o que vai acontecer mais tarde, apesar de não querer isso, mas procurarei entender os motivos.

Algumas horas se passaram, já são 19h e a campainha tocou, estou indo atender já com o coração acelerado, pois sei que o Cauã está chegando e, provavelmente, não irei gostar da nossa conversa.

Abro a porta e o vejo de cabeça baixa. Ele estava lindo como sempre e cheiroso, porém o seu semblante era triste e, quando me olhou, percebi os seus olhos vermelhos e a tristeza estampada ali. Senti uma pontada no peito e uma imensa vontade de chorar, mas me contive e dei o melhor sorriso que consegui e ele fez o mesmo, me dando um selinho demorado e abraçando o meu corpo com muita força.

Sofia: Oi, amor.

Cauã: Oi! Como passou o dia? — Desvia o olhar.

Sofia: Mal. Vamos subir para conversarmos. — Ele apenas assentiu com a cabeça e seguiu-me até o local.

Ao entrarmos, fechei a porta e fiquei virada para ela, por alguns segundos. Senti uma lágrima escorrer por cada lado do meu rosto e sequei-as rapidamente. Afastei-me da porta e virei-me, sentando-me na cama, de frente para ele.

O mesmo levantou a cabeça e me olhou nos olhos, que observei estarem marejados e ele lutava para segurar as lágrimas que insistiam em escorrer.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, parecia ter uma sirene alta nos meus ouvidos, de tão ensurdecedor era aquele momento.

Finalmente, ele respirou fundo e segurou fortemente as minhas duas mãos, que estavam trêmulas e geladas, fechou os olhos por alguns segundos e voltou a olhar-me. Parecia relutar para dizer-me o que precisava.

Cauã: Eu amo você, mais que tudo, mas não podemos continuar, eu não conseguirei.

Sofia: Me diga os seus motivos, procurarei entender-lhe. — A voz saiu um tanto embargada.

Cauã: Eu me inscrevi numa das maiores faculdades de Engenharia de Software e fui aprovado. A universidade fica nos Estados Unidos e eu morarei lá por pelo menos cinco anos.

Sofia: Quando você fez isso?

Cauã: No início do bimestre... — Fala num tom baixo.

Sofia: Quando você viaja?

Cauã: Em janeiro, aproximadamente na segunda quinzena do mês.

Sofia: Quando pretendia me contar isso? Quando estivesse dentro do avião? Tem noção que já estamos em novembro?

Cauã: Amor, se acalme. Eu não tive coragem de te contar, fiquei com medo da sua reação. Não soube lidar com isso, os meus sentimentos ficaram bagunçados. Eu... Eu... Não sei... — Coloca as mãos no rosto e chora.

Sofia: Não soube lidar com isso? Como assim? Você chega aqui, dizendo que quer terminar, porque vai embora e eu simplesmente preciso engolir isso...

Cauã: Eu não sei... Desculpe por isso, mas eu não estou conseguindo lidar com  tudo o que está acontecendo. Como vamos continuar juntos? São cinco anos!

Sofia: Sim, mas eu acredito que merecia saber antes. Por que não me contou quando fez a sua inscrição? Eu já estaria me preparando para isso. Quando recebeu a notícia?

Cauã: Ontem a noite.

Sofia: Ok...

Cauã: Amor, olha, vamos conversar melhor, eu acho que podemos passar esses últimos dias juntos... Não sei, fazer algo para deixar na memória. Vamos pensar com calma, eu estou uma bagunça agora.

Sofia: Eu preciso de tempo agora, Cauã. Por favor, me deixe sozinha.

Cauã: Não, por favor, vamos conversar melhor. Eu estou confuso, não sei o que pensar, o que sentir... Só vamos conversar.

Sofia: Não consigo agora. Você passou o dia me evitando porque precisava de tempo e agora quem precisa dele sou eu. Por favor, me deixe aqui.

Cauã: Tudo bem, mas promete que amanhã iremos conversar, que ficaremos juntos. Eu entendo a sua chateação e me coloco no seu lugar, mas quero ter mais tempo com você.

Sofia: Me deixe sozinha agora, por favor.

Ele não discute mais, apenas se levanta, dá um beijo na minha testa e sai do meu quarto, fechando a porta novamente. Eu me joguei na cama e chorei tudo o que podia. Estou me sentindo sufocada, uma bagunça, os meus sentimentos estão misturados e não sei nem o que pensar agora.

No mesmo momento, a minha mãe entrou no meu quarto, se deitou na minha cama e me abraçou logo em seguida. Eu não sabia mais respirar, não sabia mais o que sentir, perdi os meus sentidos, com tanta falta de ar que estava.

Acordei um tempo depois, com a minha mãe colocando algo no meu nariz para cheirar. Recobrei a minha consciência e ela estava com aquela carinha preocupada, como sempre. O meu irmão estava ali também, todos esperavam uma explicação para aquilo e eu voltei a chorar.

Após um tempo, consegui me acalmar e contar para eles sobre o que aconteceu. Eu precisava desabafar, precisava colocar todos aqueles sentimentos para fora e entender o que acabara de acontecer na minha vida.

Ju: Meu amor, eu já passei por algo parecido, porém, muito pior com o seu pai. Eu pensei que não fosse mais ter forças para viver, tinha crises de ansiedade o tempo todo, assim como você teve há pouco. Mas, o maior conselho eu darei agora: viva cada momento com ele, passem juntos esse período. Ele também está sofrendo com tudo isso, não pense que foi fácil para ele vir aqui e conversar. Então dê o apoio que ele precisa agora e, no futuro, quem sabe vocês se reencontram e vivem todo esse amor que sentem um pelo outro.

Sofia: Não sei se sou capaz de fazer isso agora...

Ju: Você é capaz sim! Só está chateada agora, mas vai passar. Eu estarei ao seu lado para segurar a sua mão e enxugar cada lágrima que cair dos seus olhos. Agora, coloque um sorriso nesse rosto, seque as lágrimas e siga de cabeça erguida, viva esses momentos com ele e sejam felizes juntos, enquanto puderem, criem memórias boas desses momentos e façam valer a pena. O futuro não pertence a nós.

Sofia: Obrigada, mamãe. Seguirei os seus conselhos, por mais difícil que seja.

Nos abraçamos e eles ficaram aqui comigo, me enchendo de amor e carinho. O meu irmão é um doce comigo, meu amigo e companheiro, sempre que estou assim, ele permanece em silêncio, apenas me ouvindo, mas me apoiando e dando todo o seu amor. Amo a minha família.

Mais populares

Comments

Sthefanie Oliveira

Sthefanie Oliveira

Aí eu chorei ! só foi eu ?! a mãe dela é perfeita

2025-03-25

2

Jeneci Nunes

Jeneci Nunes

a mãe da Sofia é maravilhosa ❤️

2025-03-17

1

Fatima Deroni Lucas Da Silva

Fatima Deroni Lucas Da Silva

Linda família e uma mãe maravilhosa sábias palavras a mãe sabe das coisas e deu seu apoio 💖💖💖💖

2025-03-04

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!