VOCÊ É O MEU PAPAI?

eu já sabia que não adiantaria explicar. Mas enfim... Eu sinto muito e meu filho não teve um dia que não perguntou pelo papai dele.

- eu quero me apresentar a ele e torcer para que ele não me odeie.

- jamais, ele ama o pai sem nem saber quem é.

- que horas ele acorda?

- logo cedo, tomamos café juntos antes de eu sair para o trabalho. Se você quiser tem um quarto de hóspedes, pode dormir aqui. Amanhã pode passar o dia com ele.

- eu vou para o hotel, não quero te incomodar. Eu fui um idiota. Seus tios me fizeram de idiota, você. Até o Márcio.

- Arthur, Benjamim é meu filho. Ninguém tem direito de determinar nada a não ser eu, e agora, você claro. Fui eu quem não quis que você soubesse. Eu não poderia voltar, a faculdade foi lá. Eu descobri que estava grávida lá. Seja sincero conosco, eu fiz o que achei melhor.

- foi melhor me privar de ter o meu filho perto de mim e eu dele?

- Arthur, não faz assim... Por favor! Você sabe o que você me falou naquele dia...

- Amanhã eu estarei aqui para tomar café com o meu filho e contar a verdade para ele.

- Tudo bem, pode vir. Arthur,

- Carla, eu estou muito magoado. Se você fez isso por vingança, você conseguiu me deixar muito mal...

- Arthur, não foi isso. Não foi vingança. Arthur, não sai assim, por favor...

- Amanhã estarei aqui...

Ele saiu e foi direto para um bar. Bebeu, encheu a cara. Ana me ligou, conseguiu meu telefone com o Márcio depois de explicar o que aconteceu no shopping.

- meu pai não voltou ainda...

- não? Mas ele saiu daqui há mais de três horas.

- e agora, onde meu pai se enfiou? O que aconteceu aí entre vocês?

- Meu Deus, só faltava essa. Ele não está aqui, Ana, saiu há bastante tempo. Apenas conversamos e expliquei a minha situação.

- meu pai não merecia Carla.

- Ana, a única pessoa que tem culpa nisso é você.

Ana desligou na minha cara e quando eu menos esperava tocou a campainha e era o Arthur bêbado e todo machucado... Entrou me empurrando contra a parede,

- eu sou tão ruim assim que você não me quis mais? Achou outro melhor do que eu?

- Arthur você está bêbado e está machucado.

- Eu fui atropelado vindo para cá. Mas isso não importa. Não morri. Porque Carla, porque?

ele me segurava e me apertava os braços.

- Arthur, está me machucando. Eu não, eu não fiquei com mais ninguém, só tive você na minha vida. Pára Arthur, está me machucando, vai acordar meu filho.

Ele me solta e caiu sentado no chão, chorando...

- venha, vou te ajudar a tomar um banho e descansar, vamos. Tá machucado Arthur, vamos ao hospital? Benjamim não vai gostar de conhecer o pai desse jeito né ?

-Nada de hospital.

Ele veio comigo até o banheiro e lá ajudei a tomar um banho e o coloquei na cama. Apenas de cueca.

- Meu Deus, que saudades e que tentação poder encostar e sentir meu amor de novo. Pensou Carla

Deixei ele dormindo e fui dar um jeitinho na roupa dele e fui deitar... Avisei a Ana que ele estava na minha casa e ia dormir, para que ela não ficasse preocupada e falou que mandaria logo cedo uma muda de roupa para ele.

Acordei com um remexido na minha cama e quando olhei atrás de mim, ele estava deitado na minha cama e se enroscando em meu corpo.

- Deixa eu sentir seu cheiro novamente... Por favor!

- tudo bem Arthur. Pode ficar.

Dormimos abraçados e quando amanheceu, ele se levantou rápido e se arrumou. Eu me levantei e fui até a cozinha, Lucinha já estava e pedi que preparasse um café legal e que o Arthur estava ali em casa. Depois subi para ajeitar o Ben.

- filho, acorda. A mamãe tem uma surpresa prá você,

- uma surpresa? É boa?

- Claro, filho. Ela é muito boa e é algo que você já queria...

Arrumei meu filho, e desci, Arthur já estava na sala. Ana já tinha mandado a roupa.

Quando Benjamim o viu, olhou para mim...

- bom dia Arthur, bom dia mamãe, seu amigo dormiu aqui? Ele tá machucado?

- Oi Ben, eu não me senti bem, um carro me atropelou e acabei voltando e dormindo aqui, tudo bem?

- tudo sim, você parece ser muito legal. Mas não machuca minha mamãe mais hein? E cuidado quando estive na rua.

- então filho, o Arthur não me machucou e deixa a mamãe te contar, o Arthur, não é amigo da mamãe...

- Não?

- lembra que você pediu para eu ligar para o seu papai? Que você queria conhecê-lo. Então, a mamãe nem ligou, ele encontrou você antes disso. O Arthur, ele é o seu papai.

- o meu papai, mamãe? Mas... Papai?

- isso filho, eu sou o seu papai... Vem me dar um abraço de papai e filho vem....

Ele vai correndo e grita feliz da vida, eu não imaginava que meu filho já sentia tanto por tudo isso.

- Mamãe, quando vi o papai conversando com a sra, eu fiquei olhando para ele e pedindo a Deus que fosse o meu papai.

- olha só pra isso... E num é que foi justamente o seu papai que apareceu?

Os dois estavam abraçados e sentamos para tomar café. Eles não paravam de conversar.

- Ben, eu soube que você ama animais, é verdade?

- Sim papai. Eu amo e meu sonho é ter uma fazendinha, um dia.

- você sabia que o papai já tem uma fazenda para você?

- Sério??? Uma fazenda? com animais, árvores e frutas, o senhor tem?

- Sim filho, é sua também.

- Mas a mamãe não contou nada. Eu queria conhecer. Eu posso mamãe conhecer a fazenda do papai?

- Mas é claro que vai, ela é sua e da sua irmã também...

- eu não tenho irmã papai. Ah, a minha irmã né mamãe, filha do papai.

- tem sim filho, eu tenho uma filha muito legal... E bonita como você. E vou levar você para conhecê-la... Se sua mãe deixar claro.

- claro que sim Arthur, não tem problema nenhum...

- Então vamos Ben, vamos organizar suas coisas para você ir comigo para fazenda passar uns dias e conhecer tudo o que tem nela. Domingo trago você.

- Passar uns dias?

Agora Arthur tocou no ponto fraco de Carla.

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