Continuando

Continuando

Jamais impediria a minha filha de namorar com alguém que ela amasse por condições financeiras, ou classe social, Até porque eu nunca tratei nenhum dos meus funcionários de forma diferente e os filhos deles, eu sempre incentivei e ajudei para que eles pudessem ter um futuro melhor do que os próprios pais.

Depois que eu fui até a rodoviária e vi a Ana com o Márcio, o ciúme tomou conta de mim e a vontade era de esmagar aquele moleque, mas depois fui grato a Deus porque ele fez o papel que eu deveria ter feito. Ele foi presente, ajudou no momento que ela mais esperava e precisava e que eu falhei...

As Vezes eu acho que eu permiti que vários pensamentos passassem por minha mente e brotassem, como por exemplo a nossa diferença de idade, por mais que a Carla me tranquilizasse em relação a isso e eu confiava que realmente ela não se importava com a nossa diferença de idade, eu ainda achava que era injusto com ela, a prender num relacionamento sem ainda ter desfrutado de outros e experiências, para ter certeza que o que sentia por mim não era algo de adolescente. Talvez agora ela vivencie esse momento e não vou mentir, perco o ar só de pensar.

Quantas vezes ela chamou a minha atenção por eu pensar dessa maneira e me deixava confiante de que o que nós sentimos um pelo outro era verdadeiro e nunca mudaria.

Vou me controlar e aceitar a minha escolha, parar de procurar por ela, dar espaço. Amargar a ausência da mulher que eu amo, de não ter notícias dela e nem tão pouco de pedir a ela perdão pela minha imaturidade e medo. Não fui capaz de protegê-la e de cuidar dela, então ela não me merece. Eu não a mereço e vou amargar isso para o resto da minha vida.

Com relação a Ana, não tenho muito o que fazer, afinal de contas é a minha filha e também vai amargar cada palavra que ela falou para sua amiga e que isso eu não posso mudar porque cada um de nós vivemos as consequências das nossas palavras e escolhas.

Ana assumiu o relacionamento com Miguel, que é um rapaz apaixonado por ela também e os dois decidiram casar, mesmo ela na faculdade. Acho cedo, mas ela disse que já era decisão dela. Alessandra tentou convencer ela a concluir a faculdade ao menos, mas Miguel também assumiu que estavam certos dos sentimentos e desejo de casar.

Entendi perfeitamente a fala de Carla, de que ela era egoísta e que eu ficaria sozinho novamente. Isso me machuca, pois tudo aconteceu ao contrário do que eu imaginava, de que teria Ana ainda por um tempo, os dois curtindo os momentos de pai e filha.

Eu ia ajudá-los com relação à casa deles, mas ela disse que não tinha interesse em sair da fazenda e que os dois juntos iam se organizar para manter a questão da faculdade dela e dele também. Então como ambos têm interesse em crescer juntos, resolvi ajudá-los nesse início de casamento e planejamento.

Perguntei se queriam morar na minha casa até concluírem a faculdade e assim poder decidir se vão continuar na fazenda ou ir para outro lugar e eles aceitaram morar por um tempo na minha casa, já que ela é muito grande e tem muitos cômodos.

Com isso, Ana e Miguel se casaram no civil. Ela disse que o casamento dela na igreja e com festa só depois da faculdade, pois iria encontrar Carla e pedir perdão, convidando a amiga para ser sua madrinha. Deus a abençoe que consiga.

Era frustrante não ter notícias, nem conseguir nenhuma informação de onde ela pudesse estar. Depois que ela saiu fiquei alguns dias trancafiado, chateado, meu humor refletiu em todos ao meu redor e ninguém tinha culpa de nada, porque a única pessoa que tinha culpa da decisão que tomou fui eu.

Com Ana, mesmo dando apoio, nosso relacionamento ficou um pouco estremecido. Ainda bem que ela tem o Miguel, eu percebi a sintonia dos dois e como ela fazia todas as vezes que vinha para cá, sem querer sair de perto ao mesmo tempo o jeito dele com a minha filha que pelo menos isso, eu sou grato, pois ele gosta dela e nunca a machucou, apesar de até ele ter ficado muito chateado com a atitude dela com a amiga.

 Passou alguns meses e o nosso relacionamento foi melhorando, Miguel contribuía para isso, sempre estava presente para ajudá-la e na faculdade, os dois cursando juntos.

Começar a faculdade foi um outro baque, pois independente do lugar que ela resolveu fazer a dela, ficou preocupada porque conhecia os planos da amiga e as três opções que ela tinha para fazer o curso e pelo que nós pesquisamos e procuramos, Carla não se matriculou em nenhuma das três. Procuramos em outras cidades próximas, visando também o lugar em que ela morava e nenhuma delas Carla estava inscrita.

Procuramos o tio dela para que nós pudéssemos tentar contato com a Carla, mais uma vez, pois a Ana precisava conversar com ela desesperadamente, incomodada até adoeceu, mas infelizmente não tivemos sucesso. E eu queria aproveitar a oportunidade para pedir perdão, mesmo que a Carla não me quisesse de volta, pelo menos eu a deixava ciente de que me arrependi e que me sinto um lixo pela forma que a tratei.

Depois de um tempo

Estamos nos aproximando do segundo Natal depois que tudo aconteceu, não tinha mais graça, eu não conseguia mais sorrir, toda ansiedade que eu sentia para chegar as férias das meninas, hoje se transformou num pesar, de imaginar que tudo poderia estar diferente.

 Ana queria muito que eu participasse da ceia de natal na casa da família de Miguel, mas eu não estava muito afim, porém ela disse que o Márcio ia chegar e trazer uma namorada para que os pais pudessem conhecer e passar o natal e ano novo por aqui e eu queria vê-lo eu queria saber se de alguma maneira ele tinha contato ainda com Carla, afinal de contas no dia que ela foi embora ele foi a pessoa que deixou na rodoviária.

Ele chegaria hoje à tarde e passaria 15 dias aqui na Fazenda.

Como vai ser esse reencontro?

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