CLIMA RUIM

O Artur é maduro, ele é um homem desejado. Com certeza logo aparece uma mulher que vai deixá-lo feliz e ele me esquece, se é que realmente eu sou alguém que foi importante para ele.

- Você sabe que foi e não precisa falar dessa maneira também.

Depois disso, seguindo os meus dias, organizei com o Márcio a parte dele burocrática na faculdade, já ficou tudo ajustado e dentro de um mês ele começa as aulas, pois estamos de férias. Eu pensei em parar no semestre seguinte para ficar com o meu filho, porém como o Márcio chegou, os professores disseram que eu poderia fazer as aulas online e vez ou outra, participar de algum evento que fosse exigido a presença e o Márcio disse que me ajudava, os meus colegas também, então resolvi não trancar a faculdade naquele período.

ARTHUR

Depois daquela despedida dolorosa na rodoviária, minha vontade era trazê-la de volta para a fazenda, mas o medo de enfrentar e de perder Ana foi maior do que tudo e eu fui um covarde. Voltei para casa aos prantos, nunca chorei por mulher nenhuma e agora tô aqui sofrendo porque perdi a mulher que me fez conhecer o amor. A mulher da minha vida.

Chegando em casa, Ana estava na cozinha preparando algo e veio falar de Carla.

- foi levar a Carla embora pai? Vamos ter paz?

- paz? Você tem noção de cada palavra que você falou para a sua melhor amiga?

- pai, tá defendendo a Carla? Não acredito que ela te seduziu e o velho ficou caído?

- velho Ana? É assim que você me vê? Eu nunca fui tão feliz na minha vida, você não percebeu isso não?

- pai, você tá apaixonado, mas isso passa, o Sr é um homem maduro, a Carla logo se interessa por alguém,

- Ana, tem três anos que estamos juntos, sua amiga sempre quis te contar, mas eu quem fui covarde, você tocou na ferida da Carla, falou dos pais dela. Você viu as crises de ansiedade que ela teve. Ela perdeu os pais, você tem no ao do que fez?

- não fala que ela é minha amiga, ela não é mais.

- você é egoísta, mimada. Abri mão da minha felicidade e ainda na esperança de pelo menos a amizade de vocês não acabasse, mas vejo que não... Não sei se fiz o certo.

- pai, como é que o Sr diz isso prá mim? Eu sempre sonhei morar com o Sr, e ainda me chama de mimada e egoísta?

- e você é quê Ana?

Ela sobe derrubando as coisas e Arthur grita com ela, a faz voltar e pegar tudo que derrubou. Ele também sobe e vai direto para o quarto de Carla e ao chegar lá, começa a chorar novamente, e relembrar os bons momentos deles dois, encontra no chão do quarto um frasco do perfume de Carla e começa a sentir o cheiro da sua amada e isso faz com que ele desabe novamente no choro. Ele tranca aquele quarto, segue para o dele e lá se tranca também. Arthur so saia quando necessário, não conversa com Ana.

Alessandra chega na fazenda dias depois e pega os dois prá conversar e discute feio com sua filha, a colocando no lugar. Relembrando tudo que já viveu através da Carla e família.

- Você teve coragem de falar dos pais dela Ana? Que insensível você foi, nem gratidão por tudo que eles fizeram por você a vida toda minha filha? Eu errei tanto assim na sua criação Ana?

- Mãe, a Sra também está contra mim?

- estou... Seu pai é um fraco. Não teve coragem de te colocar no lugar. Você foi egoísta com ele, Ana.

- mãe, ele tem idade de ser pai dela, pelo amor de Deus.

- seu pai estava feliz Ana, você não percebeu isso 9nunca minha filha?

- Mas mãe ...

- e você Arthur, como pôde deixar escapar a sua felicidade? Como deixou que Ana falasse tudo que falou Arthur?

- eu tive medo de perder a minha filha, eu abri mão da minha felicidade.

- Você foi um burro. Isso sim Arthur.

- Agora Ana, conte para o seu pai o que ele precisa saber.

- Mãe...

- Agora Ana. E conte também o que seu namorado fez com a sua atitude mesquinha.

Ela foi obrigada a contar ao pai sobre ela e Miguel, ele desconfiava, mas não tinha certeza e nem imaginava que era desde infância esse relacionamento.

- Ana, você ... Que decepção!

O clima na casa fica pior, cada dia. As aulas dela começaram, Miguel e ela foram se acertando aos poucos, mas o relacionamento dela com o pai não melhorou muito. E ela tentava de todo jeito se achegar, mas o pai estava decepcionado. Ana estava sentindo falta de Carla e a consciência começou a pesar quando lembrava de cada palavra que lançou contra a amiga. E ainda tinha Miguel e a família dele que não escondiam a decepção com ela.

Ana foi passar um fim de semana com a mãe dela, e foi outro momento de embate, pois a mãe estava decepcionada com ela.

- filha, você não aceitar que sua amiga ou seu pai não contaram sobre eles, não aceitar o namoro... Mas Ana, você ofender a Carla e ainda falar nos pais dela? Você foi cruel, egoísta. Eu não te criei assim...

- mas mãe até a Sra?

- Sim, sim. Até eu, você foi muito cruel e no lugar da Carla eu faria o mesmo, sumiria e não queria nunca mais saber de vocês.

Ana subiu para o seu quarto, chorou e acabou adormecendo. Acordou com febre e calafrios, deixando Alessandra preocupada. Teve que ir ao hospital, pois a febre não passava. Ela teve que ligar para Arthur para que ele ficasse sabendo de como Ana estava.

- E por que ela tá desse jeito Alessandra?

- nós duas acabamos discutindo de novo devido a tudo que ela aprontou com a Carla e você também.

- não precisa discutir mais esse assunto, não tenho o que fazer, a Carla sumiu, não quer mais saber notícias de mim e eu não tenho como voltar mais atrás no que eu fiz.

- você já tá desistindo da pessoa que você ama? Arthur, você mais uma vez vai se permitir sofrer e não ser feliz?

- não tem mais o que fazer Alessandra, eu perdi de vez. Bom, qualquer coisa vai me avisando sobre a Ana como ela está com você, eu sei que ela está sendo bem cuidada por você.

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