ESTÁ CHEGANDO O NATAL

Ei, nas próximas férias, você vai se organizar e vai para casa dos seus pais ficar com eles e você vai dizer que está trabalhando, que já está no seu cantinho está mantendo a sua faculdade e pronto.

- bom eu quero te contar uma coisa, não sei como você vai reagir, mas eu preciso te contar há dias e não encontrei oportunidade e vai ser agora

- pelo amor de Deus meu amigo, não me assusta, eu não tenho condições para notícias ruins.

- não tem nada de ruim, apenas não sei como vai reagir quando eu te contar algo da minha vida particular.

- Então minha amiga, você me presenteou com tudo isso, conseguiu uma vaga na empresa da sua família para eu trabalhar daqui sem que atrapalhasse a minha faculdade. Você sabe que eu tô namorando com a Dália e que estamos cada dia mais próximos e como ela tem o apartamento que ela mora devido fazer a faculdade aqui, ela me convidou para morar com ela e dividirmos as despesas.

- Você já quer me abandonar? Eu já imaginava que isso ia acontecer meu amigo, estou percebendo como vocês estão cada dia mais sintonizados e fico feliz por vocês de verdade.

- É sério que você não vai ficar com raiva de mim?

- Por que eu ficaria? Se você está fazendo a sua vida, se você está feliz? e nada mais justo que você esteja com uma pessoa que você ama, que você está compartilhando seus momentos, seus sentimentos. E eu vou sentir muita saudade sim, Benjamin vai sentir a sua falta, mas você vai estar sempre presente na nossa vida e nós na sua.

- Você realmente não existe! Eu estava preocupado em como você ia reagir, de eu ter que sair e te deixar com Benjamin, e você me surpreende cada vez mais. Como eu sou grata a Deus pela sua vida, minha amiga, minha irmã.

- Só quero que você seja feliz e faça tudo certinho, não desista da sua faculdade e não deixe de dar notícias à sua família.

- Jamais...

- Olha minha situação, perdi os meus pais e tudo que eu queria, era poder compartilhar com eles tudo que eu tenho passado, tudo que eu tenho vivido e eu não tenho mais isso. Então, cada momento com a sua família, aproveite intensamente.

- Obrigada minha irmãzinha.

Quando o semestre terminou, Marcio avisou a Carla que estava indo para fazenda visitar os pais e apresentar a Dália para eles. Ele me perguntou se eu ficaria bem, pois ele sabe que esse período de final de ano mexe comigo de várias formas, as lembranças do acidente, as minhas inúmeras histórias com Arthur nesse período de natal e ano novo, além do término do nosso relacionamento também tem sido depois desse período. Esse seria nosso segundo Natal separados. O primeiro estava grávida do Benjamin e agora estou com ele.

Apesar de muitas lembranças ruins, o Natal para mim também traz as lembranças de tempos bons, das coisas boas. Eu estava tentando focar nessas coisas, as boas lembranças com os meus pais e também os bons momentos com o Arthur e a Ana.

Olhei para o Benjamin, que estava enorme, não parava quieto e cada dia que passava estou mais apaixonada pelo meu filho.

Pretendia passar esses dias com os meus tios, assim não me sentiria tão sozinha e triste. Mas, apesar de todo esforço, eu fiquei muito abatida, mas junto com meu bebê, montei uma árvore e falei sobre o pai dele para ele... Ele ainda era pequeno para entender, mas cresceria sabendo que o Natal era um período muito importante para minha vida, nossas vidas.

ARTHUR E ANA

Os meses passaram e as lembranças não... Naquele ano, depois que a Ana descobriu tudo sobre mim e a Carla, eu fiquei sem chão, pois demorei a abrir logo o jogo para minha filha por medo de perdê-la. E por ver a reação dela ao descobrir, eu consigo imaginar que não teria sido diferente, se eu tivesse contado ou a Carla.

Não consigo me perdoar por ter feito a pior escolha da minha vida, que foi deixar a Carla ir embora e de uma forma muito dolorosa. Como fui capaz disso?

 Ela praticamente saiu daqui expulsa pela Ana e eu como um babaca não fiz nada, não coloquei a minha filha no lugar e não disse a ela tudo o que eu sentia por essa mulher e a perdi. E pelo que estou vendo, perdi de vez, pois ela mudou tudo, de faculdade, ela mudou de cidade, ela sumiu e isso significa que ela não quer mais nem ouvir falar no nosso nome.

Também eu sou um babaca, um idiota, não soube defendê-la nem protegê-la, depois de tudo que ela passou e depois de tudo que nós dois vivemos. E eu realmente não mereço o perdão dela.

Mas isso me dói porque ninguém atingiu o lugar que essa mulher na minha vida. Ela fez os meus dias, os melhores, o homem mais realizado em todos os aspectos, ela nunca me transpareceu interesse em nada e nem precisava, como também nunca me permitiu achar que não a deixava satisfeita não somente na cama, mas em tudo.

Os nossos corpos quando se uniam e se formavam um, era uma sensação esplêndida, única, perfeita. Chego a sentir cada parte do seu corpo ao fechar os meus olhos e imaginar tocando cada pedacinho dela.

Como eu sinto falta de conversar com ela, de acordar na expectativa de vê-la abrir os olhos e receber meu bom dia, sentir o cheiro dela e sentir cada toque dela. Tão nova, mas tão madura, tão importante para mim, tão impactante e tão completa.

Quando eu disse a ela que não poderia deixar que o meu relacionamento com a Ana fosse abalado, naquele momento eu senti que destruí um pouco mais da mulher tão feliz e determinada que ela era. Digo isso porque não estava fácil ela conviver com a perda dos seus pais.

Esperei tantos anos para ter minha filha por perto, eu me sentia tão realizado em saber que ela amava a minha fazenda, a minha vida e queria viver comigo, tudo o contrário do que a mãe dela queria para a vida. Eu não era bobo de não saber que Ana também tinha interesses em vir para cá, mas ela fazia questão de dizer que esse era o lugar que ela queria morar para o resto da vida e isso eu sentia verdade na minha filha. Eu sempre soube que ela tinha sentimentos pelo Miguel, só não imaginava que era há muito tempo e que era recíproco da parte del

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