"conexões em tempos difíceis

 

Gabi estava deitada na cama do hospital, envolta por um manto de tristeza que parecia tão pesado quanto o ar ao seu redor. O silêncio na sala era pontuado apenas pelo suave e constante bip dos monitores, que pulsavam como os ecos de sua angústia. Com os olhos fechados, ela sentia as lágrimas escorrem pelo rosto, deixando marcas de desespero em seu travesseiro. Os soluços a dominavam, arrastando-a para um abismo onde a dor e a solidão se entrelaçavam, formando um reino obscuro do qual não sabia como escapar.

Sua mente, um labirinto de confusões e lembranças, a levava a refletir sobre tudo o que havia sido e, especialmente, sobre os momentos mais difíceis: as comparações dolorosas com Valentina, a rival que sempre parecia ter a vida perfeita, e Lucas, o ex-namorado que se tornara uma sombra em sua memória. Era como se o passado estivesse se aglomerando ao seu redor, sussurrando palavras de desânimo e insegurança. O peso da responsabilidade por sua mãe, Dona Marcela, internada e cada vez mais frágil, tornava tudo ainda mais insuportável.

Mas, em meio a esse turbilhão emocional, uma porta se abriu lentamente, e a luz do corredor invadiu a sala, trazendo uma brisa inesperada. Matheus entrou, seu semblante iluminado por um sorriso familiar. Vestindo um jaleco branco que contrastava com o ambiente hospitalar, ele se aproximou com a mesma segurança de quando eram crianças, mesmo que agora parecesse quase irreconhecível. Gabi ergueu os olhos, e naquele instante, uma onda de nostalgia a invadiu.

— Olá, jovem! — ele disse, tentando quebrar a tensão que pairava no ar. — Tudo bem? Me chamo Matheus e estou aqui pra verificar o estado de sua mãe.

Gabi hesitou por um momento, um misto de surpresa e alívio a invadindo. Um sorriso triste brotou em seu rosto, iluminando um pouco a escuridão que a cercava.

— Matheus! Quanto tempo! Você está tão diferente! — ela exclamou, suas palavras tingidas de um toque de felicidade entre as lágrimas.

Ele inclinou a cabeça, seus olhos refletindo a preocupação genuína que sempre teve por ela. — E você? O que aconteceu? Eu vi pela janela que você parecia… triste.

O coração de Gabi se apertou ao ouvir a empatia na voz dele. As lembranças da infância retornaram como uma brisa suave, trazendo à tona risadas compartilhadas e segredos sussurrados sob as estrelas. Ela se lembrou de como, um dia, ele sempre esteve ao seu lado, até que a vida os separou.

— Eu… bem, você sabe, as coisas mudaram — ela começou, sua voz embargada e hesitante. — Você foi estudar no exterior e eu… eu me concentrei tanto no meu namoro que acabei te deixando de lado. Eu sinto muito por isso. Eu não quis te abandonar.

Matheus a observou com compreensão, e a saudade do passado preenchia o espaço entre eles. — Eu sempre soube que você estava ocupada, mas me machucou um pouco. Eu sentia falta de você.

As palavras dele eram como um bálsamo que aliviava uma ferida antiga. Gabi baixou a cabeça, o peso da culpa transbordando em lágrimas. — Eu estava tão envolvida com tudo, e agora… agora vejo que deveria ter te valorizado mais.

Matheus se aproximou, envolvendo-a em um abraço caloroso. A familiaridade de seu toque era reconfortante, e Gabi se permitiu chorar em seu peito, sentindo a pressão dos sentimentos ser aliviada por aquele gesto simples. A presença dele parecia desviar as nuvens escuras que a cercavam.

— Está tudo bem, Gabi. O importante é que estamos aqui agora — ele sussurrou, com a voz suave.

Ela olhou para ele, seus olhos agora repletos de emoção. — Como você está se sentindo, realmente? — perguntou Matheus, sua expressão cheia de preocupação.

Gabi hesitou, buscando as palavras em meio ao turbilhão. — Eu não sei. Eu estou tão perdida. A minha mãe está aqui, e eu não sei se devo focar na minha carreira de modelo ou se devo ficar aqui, cuidando dela — admitiu, a voz tremendo.

Matheus assentiu, compreendendo a profundidade da dor que Gabi carregava. — Eu entendo, Gabi. Mas você precisa pensar no que te faz feliz também. E se isso envolve cuidar da sua mãe, então faça isso. Mas não esqueça dos seus sonhos. Você sempre teve tanta paixão e talento.

Gabi se sentiu tocada pela sinceridade nas palavras dele. — Você realmente acha que eu posso fazer isso? — perguntou, a insegurança ainda visível em seu olhar.

— Com certeza. Você é forte, Gabi. E eu vou estar aqui para te apoiar, não importa qual caminho você escolher. Não desista de seus sonhos. Eles são parte de quem você é.

Aquela conversa, cheia de emoções e promessas, fez com que Gabi sentisse que a luz havia retornado à sua vida, mesmo que de forma tênue. Com a conexão renovada entre eles, ela percebeu que, mesmo em meio à dor e à incerteza, havia espaço para esperança e apoio.

E assim, no calor do abraço de Matheus, Gabi começou a vislumbrar um futuro onde os sonhos ainda eram possíveis, onde o amor e a amizade podiam coexistir, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.

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