"a nova jornada

Gabrielly olhava fixamente para a tela do computador. A página de inscrição para o curso de modelagem estava aberta, e o cursor piscava incessantemente, como se implorasse por sua ação. Ela deveria estar entusiasmada com a oportunidade, mas, em vez disso, sentia o conhecido nó no estômago. Seus dedos pairavam sobre o teclado, trêmulos, incapazes de completar o que parecia ser uma tarefa simples.

A mensagem de Larissa ainda estava ali, no celular ao seu lado: “Estou torcendo por você!” Sua amiga de longa data, sempre otimista e destemida, acreditava que Gabrielly tinha tudo o que era preciso para encarar aquele novo desafio. “Se ao menos eu tivesse metade dessa confiança”, pensou. No entanto, Larissa não sabia da batalha interna que Gabrielly enfrentava. Cada decisão parecia um mergulho no desconhecido, com a sombra do fracasso sempre à espreita.

O apartamento ao seu redor estava imerso em silêncio. As paredes, cobertas por fotografias que ela mesma havia tirado ao longo dos anos, refletiam a sua antiga paixão por capturar histórias através de imagens. Havia uma foto em particular que sempre chamava sua atenção — uma de suas férias com Larissa na praia, sorrindo com a brisa bagunçando seus cabelos, livres de preocupações. Era difícil acreditar que aquele brilho nos olhos havia desaparecido, substituído por uma expressão de constante apreensão.

Ela olhou de volta para o computador. O formulário de inscrição estava lá, pronto para ser preenchido, mas a insegurança a prendia como correntes invisíveis. Fazia semanas que ela sabia do curso, e desde o início, sentiu aquela mistura de excitação e medo. A modelagem era uma paixão antiga, mas sempre abafada pela praticidade da vida. Cursar comunicação parecia a escolha sensata na época, algo que garantiria estabilidade, mas, no fundo, nunca foi o que realmente desejava.

“E se não der certo?” — a pergunta ecoava em sua mente repetidamente. Já havia falhado antes, e a dor da decepção ainda era viva. Desde os tempos da faculdade, ela lutava contra o medo de não ser boa o suficiente. Cada conquista parecia vir acompanhada de uma dúvida: "Será que eu mereço isso?"

Ela se levantou da cadeira e foi até a janela. Do outro lado do vidro, as luzes da cidade começavam a acender enquanto o sol se punha no horizonte, tingindo o céu de laranja e púrpura. Era uma cena que sempre a acalmava, lembrando-a de que, apesar de seus medos, o mundo continuava em movimento. Lá fora, as pessoas corriam para pegar seus ônibus, riam em cafés ou voltavam do trabalho, imersas em suas próprias histórias. Gabrielly sabia que também tinha uma história a viver, mas cabia a ela decidir qual seria o próximo capítulo.

Voltou à mesa e pegou o celular mais uma vez, lendo de novo a mensagem de Larissa: "Estou torcendo por você!"

De repente, ela lembrou-se de uma conversa antiga com Larissa, no último ano da faculdade, sobre seguir seus verdadeiros sonhos. Naquela época, Gabrielly confessou seu desejo secreto de trabalhar com moda e modelagem, mas nunca teve coragem de dar esse passo. Larissa, como sempre, a incentivou: "Você não tem nada a perder, Gabi! A vida é curta demais para não ir atrás daquilo que faz o coração bater mais forte."

Ela suspirou profundamente. Quantas oportunidades havia deixado passar por medo? Quantas vezes escolheu o caminho seguro, apenas para se sentir incompleta no final? O emprego atual, embora estável, não preenchia o vazio que crescia dentro dela. Cada dia parecia um repeteco do anterior, e a sensação de estar desperdiçando seu potencial a atormentava.

Mas agora, havia uma nova porta se abrindo, uma chance de se reinventar. A empresa onde trabalhava poderia ser respeitada, e o emprego, confortável, mas o que Gabrielly realmente queria era mais do que isso. Ela desejava algo que a desafiasse, que a fizesse sentir viva novamente, assim como se sentia ao capturar momentos únicos com sua câmera.

Com o coração acelerado, ela voltou a sentar-se. Seus dedos finalmente tocaram o teclado, e lentamente começou a preencher o formulário. Nome, sobrenome, e-mail, telefone... Cada campo preenchido era como um passo a mais em direção ao desconhecido. Quando chegou ao final, seu dedo pairou sobre o botão “enviar”. A mente rodava, questionando se era o momento certo, se ela estava realmente pronta.

Mas então, como um sussurro suave, uma voz interior falou: "Você nunca estará pronta se não tentar."

Sem pensar mais, clicou em "enviar".

O som de confirmação do envio ecoou no silêncio do quarto, e, de repente, Gabrielly sentiu um alívio indescritível. Era como se um peso invisível tivesse sido retirado de seus ombros. Ela sabia que a jornada estava apenas começando, que o caminho seria cheio de desafios, inseguranças e momentos de incerteza. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ela sentia-se dona de sua própria história.

Gabrielly sorriu. Tinha tomado a decisão. Agora, tudo estava nas mãos do destino, e, independentemente do que viesse a seguir, ela sabia que o primeiro passo havia sido dado.

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Mara

Mara

Esse trecho transmite uma sensação de tensão emocional de forma sutil, através de uma narrativa calma, mas carregada de significado. A descrição do ambiente, com o sol filtrando-se pelas cortinas e o café esquecido, cria uma atmosfera de introspecção, refletindo o estado mental de Gabrielly. A oferta de emprego surge como uma oportunidade que sempre foi desejada, mas que também evoca medo, incerteza e a possibilidade de uma grande transformação. É um ótimo ponto de partida para explorar o conflito interno da personagem entre o desejo de mudança e o conforto da familiaridade.

parabéns autora ⚘️✨️

2024-10-17

6

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