Gabrielly se sentou na beira da cama, os olhos perdidos na figura frágil de sua mãe, respirando de forma lenta e pesada. O quarto estava silencioso, exceto pelo som constante dos aparelhos médicos. A quietude pesava sobre seus ombros, trazendo uma sensação de sufocamento. Com um suspiro profundo, ela baixou a cabeça, permitindo que as lembranças invadissem sua mente. Tentou afastá-las, mas era inútil.
Ela lembrou do dia que tudo começou a ruir. Valentina, com seu ar confiante e sua beleza estonteante, tinha se aproximado com um sorriso que parecia sincero, quase fraternal. “Eu vou ser sua melhor amiga para sempre, Gabi. Nunca vou te machucar, nem te magoar. Eu sempre estarei aqui por você.” A voz de Valentina soava doce como mel, e naquele momento, Gabrielly acreditou. Valentina a abraçou, apertando-a com força, e até deu um beijo no rosto dela. Na época, o gesto foi acolhedor, algo que aquecia o coração. Agora, anos depois, aquela lembrança parecia uma mentira cruel, um teatro cuidadosamente montado.
Como eu não percebi?, Gabrielly se perguntava enquanto as lágrimas ardiam em seus olhos. Ela sentia o peso da traição como uma faca cravada fundo em seu peito, uma dor que nunca desaparecia por completo.
E então, havia Lucas. Aquele que, no passado, foi sua âncora. Ela se lembrava da maneira como ele a olhava, como se ela fosse a única pessoa no mundo que importava. Sentados juntos no pátio da escola, ele segurava suas mãos com um cuidado que fazia seu coração disparar. “Eu jamais ficaria com alguém como Valentina,” ele disse com firmeza, os olhos castanhos fixos nos dela. A brisa suave do fim de tarde balançava os cabelos de Gabrielly, e ela acreditava em cada palavra. Ele era diferente, ele a amava de verdade — ou assim ela pensava.
No presente, a realidade era esmagadora. Ela tinha visto os dois, Lucas e Valentina, de mãos dadas, seus olhares cúmplices como se o passado não tivesse importância, como se tudo entre eles fosse natural, como se nunca houvesse Gabrielly no caminho. Era como se ela nunca tivesse existido na vida de Lucas.
Ela apertou as mãos no colo, tentando conter o tremor que subia por seus braços. Como isso pôde acontecer? As memórias a envolviam com tanta força que parecia que ela estava revivendo tudo, cada palavra, cada promessa. Ela não tinha superado Lucas. Não completamente. E ver Valentina ao lado dele, com aquele sorriso vitorioso, rasgava o coração de Gabrielly mais uma vez.
Por mais que tentasse, ela não conseguia se livrar do sentimento de fracasso. Não era só sobre perder Lucas, era sobre perder a confiança nas pessoas, sobre ver Valentina, que um dia jurou ser sua amiga, transformar-se em sua maior inimiga. E Lucas, que prometera nunca trair sua confiança, agora estava ao lado dela, compartilhando uma vida.
De repente, a dor era insuportável. Gabrielly sentiu um nó se formar em sua garganta, o peso das lágrimas que se recusavam a cair. Era como se estivesse presa entre o passado e o presente, incapaz de avançar. Ela fechou os olhos e deixou que as lembranças a consumissem, cada cena, cada palavra ecoando em sua mente, até que a realidade à sua volta se tornasse distante.
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Atualizado até capítulo 44
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