A Minha Segunda Chance de Ser Modelo
A notícia me atingiu como um relâmpago. Uma segunda chance. Era raro uma agência de modelos oferecer uma nova oportunidade após um desastre como o da minha primeira entrevista. Mas lá estava ela, uma mensagem no meu celular, me convidando para tentar novamente. O medo começou a tomar conta antes mesmo de eu processar a novidade. Eu mal acreditava que estavam dispostos a me ver outra vez.
Enquanto meus dedos tremiam sobre o telefone, uma voz ressoava na minha mente: E se eu estragar tudo de novo? Dessa vez, a dúvida veio mais forte do que nunca, e minha primeira reação foi buscar conforto. Antes de pensar em qualquer outra pessoa, disquei o número de Larissa, minha melhor amiga e a pessoa que sabia como me levantar quando o mundo parecia estar desabando.
— Oi, Gabi! O que foi? Você tá com a voz estranha — disse Larissa, com seu típico tom de alerta.
— Lari, eles... me chamaram de novo — eu mal consegui formar a frase completa. — A agência quer que eu faça outra entrevista.
Houve uma breve pausa do outro lado da linha, como se ela estivesse processando a informação. Mas, ao contrário de mim, ela não hesitou.
— Isso é ótimo! — Larissa exclamou. — Por que você está parecendo que viu um fantasma?
— E se eu fracassar outra vez? — perguntei, sentindo minha voz vacilar.
— E se você não fracassar? — rebateu ela, com uma firmeza que sempre me surpreendia. — Gabi, você é linda, talentosa e está mais do que preparada. Isso é o destino te dando outra chance, amiga. Não dá para desperdiçar!
Ela tinha razão. Eu sabia que ela tinha. Mas o medo de passar pela humilhação novamente ainda era real, esmagador. Larissa, percebendo minha hesitação, tomou o controle da situação.
— Olha, eu tô indo aí. Não sai de casa, me espera! — disse ela, sem me dar a chance de responder.
Cerca de vinte minutos depois, a campainha tocou, e lá estava Larissa, com um café em uma mão e um saco de roupas na outra. Ela entrou como uma tempestade de energia positiva, agindo como se nada pudesse nos deter.
— Certo, hoje a gente vai te preparar para essa entrevista como se fosse uma missão de vida ou morte — disse ela, despejando o conteúdo do saco sobre minha cama. — Você vai entrar lá e mostrar quem você realmente é.
Ela começou a desfilar peças de roupas, separando algumas que ela sabia que me fariam sentir poderosa. Ao mesmo tempo, conversávamos sobre tudo o que deu errado na primeira entrevista. A insegurança, o nervosismo, o bloqueio mental. Larissa ouviu cada detalhe com paciência, mas quando eu terminei, ela soltou:
— Gabi, você não tem que ser perfeita, sabe disso, né? Eles não estão procurando perfeição. Eles estão procurando autenticidade, alguém que brilha por ser quem é. Na primeira vez, você tentou se encaixar em algo que não é você. Agora, é a sua vez de ser real.
As palavras dela me atingiram com força. Eu estava tentando tanto agradar aos outros, tentando ser a pessoa que eu achava que eles queriam, que esqueci de quem eu realmente sou.
— Você tem razão — admiti, sentindo o nó no estômago se soltar um pouco.
— Claro que tenho. E mais, você não precisa provar nada para ninguém além de si mesma. Se essa oportunidade está aqui de novo, é porque você merece. Agora, vamos focar em você. Vamos garantir que, quando você entrar naquela sala, vai ser a Gabi que eu conheço. A Gabi que é confiante, forte e talentosa.
Passamos o resto da tarde ensaiando respostas, experimentando roupas, e rindo para aliviar o nervosismo. Larissa estava ao meu lado o tempo todo, me lembrando que eu tinha tudo o que precisava para conquistar aquela vaga. Ela me contou histórias hilárias sobre seus próprios fracassos no trabalho, sempre destacando que erros são oportunidades disfarçadas para aprendermos e crescermos.
Na manhã da entrevista, o nervosismo estava lá, claro, mas eu me sentia diferente. Larissa me ajudou a me vestir, e eu me olhei no espelho, surpresa. O reflexo me devolveu uma mulher confiante, pronta para enfrentar o mundo. Não era só a roupa — era a postura, a energia que eu emanava. Estava mais preparada do que nunca.
— Vai lá e arrasa, Gabi — disse Larissa, me abraçando forte na porta. — E lembra, não importa o que aconteça, você já está vencendo por estar aqui de novo.
Quando entrei no prédio da agência, cada passo parecia mais leve do que o anterior. A sala de entrevistas era a mesma, as mesmas paredes frias e os jurados com seus olhares críticos. Mas dessa vez, eu estava preparada.
Os jurados me observaram enquanto eu entrava, e eu os cumprimentei com um sorriso sincero. Começaram as perguntas, e, à medida que a conversa avançava, algo dentro de mim mudou. O nervosismo não desapareceu completamente, mas foi controlado por uma calma inesperada. Eu estava sendo eu mesma, sem tentar impressionar. Respondi com honestidade, mostrando quem eu era, sem medo de parecer vulnerável.
Quando a entrevista terminou, saí daquela sala sem olhar para trás, com a sensação de que havia feito o melhor possível. Lá fora, Larissa estava esperando com o rosto ansioso.
— E aí? Como foi? — ela perguntou, segurando minha mão.
— Eu acho que... fui bem — respondi, e um sorriso surgiu no meu rosto. — Não sei o resultado ainda, mas eu dei o meu melhor.
Larissa me puxou para um abraço forte.
— Você conseguiu. E, mesmo que não seja dessa vez, você já provou para si mesma que é capaz.
Naquele momento, percebi que a verdadeira vitória não era ser selecionada pela agência, mas ter tido a coragem de tentar novamente. E, pela primeira vez em muito tempo, senti que podia enfrentar qualquer coisa.
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Atualizado até capítulo 44
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