Capítulo 17: Noite a Dois

Depois de um tempo, Bianca finalmente conseguiu colocar Helena para jantar,a pequena estava tão cansada após o dia cheio de brincadeiras no parque que mal conseguia manter os olhos abertos enquanto comia. Com um sorriso no rosto, Bianca a ajudou a terminar a refeição e logo levou a menina para o banheiro.

— “Vamos tomar um banho, pequena! Depois, é hora de dormir,” disse Bianca, enquanto Helena já se despedia de seu jantar.

Assim que Helena tomou seu banho, Bianca a vestiu com um pijama macio e a colocou na cama.

— “Boa noite, minha princesa! Sonhe com coisas lindas,” sussurrou Bianca, dando um beijo suave na testa de Helena antes de apagar a luz do quarto.

Com um suspiro de satisfação, ela saiu do quarto, sentindo-se realizada. Cuidar da pequena Helena tinha se tornado uma parte importante da sua vida, e ela amava cada momento.

Ao voltar para a sala, Bianca notou que Otávio estava esperando por ela. Ele estava reclinado no sofá, com uma expressão relaxada, mas seus olhos brilhavam ao vê-la. O ambiente estava suave, iluminado apenas pelas luzes baixas que criavam uma atmosfera acolhedora.

— “Oi, Bia. Finalmente sozinhos,” ele disse com um sorriso, convidando-a a se sentar ao seu lado.

Bianca se acomodou no sofá, seu coração batendo mais rápido. A ideia de passar um tempo a sós com Otávio a deixava nervosa, mas também animada. Eles não tinham muitos momentos assim, e ela sentia que era o momento perfeito para se conectar ainda mais.

— “Sim, finalmente! Estava pensando que nunca conseguimos ter um tempo só para nós,” Bianca respondeu, olhando nos olhos dele.

Otávio se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, e a encarou com intensidade.

— “Eu queria aproveitar essa oportunidade para te agradecer. Você tem sido incrível com a Helena,” (ele disse, seu tom de voz sincero.) “Ela realmente gosta de você.”

Bianca sorriu, um calor se espalhando pelo peito ao ouvir as palavras dele.

— “Eu adoro estar com ela,ela é uma criança maravilhosa.”

— “É verdade,e isso me faz pensar em como você se encaixa na nossa vida,” (Otávio disse, sua voz suave. Ele hesitou por um momento, parecendo ponderar suas próximas palavras) “Eu não quero que você se sinta pressionada, mas… eu sinto que estamos construindo algo especial.”

O coração de Bianca disparou.

— “Eu também sinto isso, Otávio. Só… é tudo novo para mim,você e Helena se tornaram muito importantes na minha vida,” ela respondeu, tentando transmitir a sinceridade de seus sentimentos.

Otávio se aproximou mais, suas mãos tocando levemente as dela. O calor de seu toque a fez sentir uma corrente elétrica passar entre eles.

— “Então, que tal fazermos algo para comemorar essa nova fase?” (ele sugeriu, um sorriso maroto surgindo em seu rosto.) “Um filme ou talvez uma taça de vinho?”

— “Vinho parece ótimo,” Bianca concordou, seu coração acelerando com a ideia de um momento a dois.

Otávio se levantou e foi até a cozinha, rapidamente trazendo duas taças e uma garrafa de vinho. Ele serviu o líquido tinto e voltou para o sofá, se sentando ao lado de Bianca novamente.

— “À nova fase,” ele brindou, levantando a taça.

— “À nova fase,” Bianca repetiu, sorrindo enquanto seus olhos se encontraram. Ela sentiu uma conexão que a deixava animada e nervosa ao mesmo tempo.

Eles tomaram um gole do vinho, e o ambiente ao redor deles parecia aquecer com a intimidade crescente. A conversa fluiu naturalmente, entre risadas e olhares significativos, como se eles já se conhecessem há muito tempo.

A cada momento que passavam juntos, Bianca percebeu que estava cada vez mais atraída por Otávio, e a ideia de construir uma nova vida ao lado dele e de Helena não parecia mais tão assustadora.

Assim, enquanto o vinho era saboreado e os risos preenchiam a sala, o futuro parecia mais brilhante e cheio de possibilidades. A conexão entre eles estava se aprofundando, e ambos estavam começando a perceber que poderiam estar prontos para dar um passo à frente.

A atmosfera do sofá estava confortável, e o vinho fluía, contribuindo para o clima de descontração entre Bianca e Otávio. Eles riam e conversavam sobre trivialidades, o que fazia com que o tempo parecesse voar.

No entanto, enquanto as taças eram preenchidas e esvaziadas, Bianca começou a sentir os efeitos da bebida. Para Otávio, que já estava se divertindo com a conversa leve e agradável, não demorou muito para que ele percebesse que algo não estava certo.

— “Você está bem, Bia?” ele perguntou, sua voz demonstrando preocupação ao notar que os olhos dela estavam mais brilhantes e o sorriso mais largo do que o normal.

— “Estou ótima!”( Bianca respondeu, sua voz um pouco mais alta e animada.) “Só estou me divertindo!”

Ele riu, mas logo se deu conta de que a leveza na conversa havia dado lugar a um tom mais sério. Bianca começou a falar de seus sonhos e aspirações, mas logo seus pensamentos tomaram um rumo inesperado.

— “Sabe, Otávio,” (ela começou, seu olhar perdido no vazio.) “Eu sempre sonhei em ter uma família... uma família feliz, como a sua.”

Otávio franziu a testa, sentindo um aperto no peito.

— “Você vai ter isso, Bia,você e a Helena, já são uma família,” ele disse, tentando reconfortá-la.

Mas Bianca parecia longe, imersa em suas próprias lembranças.

— “Eu... eu não sei,eu só me lembro de como era bom quando meus pais estavam vivos. Eu tinha tudo,depois... tudo acabou.” As lágrimas começaram a rolar por seu rosto, e a expressão de alegria foi rapidamente substituída por tristeza profunda.

— “Bianca, não precisa falar sobre isso se não quiser,” Otávio disse, preocupado. Ele se inclinou mais perto, tentando confortá-la.

— “Não, eu preciso! Eu perdi tudo quando meus pais morreram. Eu estava tão sozinha,” (Bianca continuou, a voz embargada. )“Ninguém sabia o que eu estava passando. Fui abandonada e tive que me virar sozinha.”

Otávio a ouviu em silêncio, seu coração apertando à medida que ela falava. Ele queria estender a mão e confortá-la, mas sabia que precisava deixá-la desabafar.

— “Eu não tive apoio,ninguém para me ajudar... só a solidão,se a Clara não tivesse me ajudado não sei o que teria sido de mim,” (Bianca prosseguiu, limpando as lágrimas com a mão. )“E agora, quando estou aqui com você e Helena, eu tenho medo de perder isso também,tenho medo de que você me deixe também.”

A confissão a fez chorar ainda mais, e Otávio não pôde mais suportar vê-la daquela forma. Ele se aproximou, envolvendo-a em um abraço apertado, sentindo o peso de sua dor.

— “Bianca, você nunca vai ficar sozinha de novo,eu estou aqui,estou aqui por você e por Helena,” ele sussurrou, tentando passar toda a sinceridade que sentia.

Ela se afundou em seu abraço, buscando conforto e segurança nas palavras dele.

— “Obrigada, Otávio,eu só… eu só queria ser forte, mas às vezes é tão difícil.”

— “É normal sentir-se assim. Todos temos nossos momentos difíceis. E você não precisa ser forte o tempo todo. Eu estou aqui para isso,” ele respondeu, acariciando suas costas, permitindo que ela desabasse.

Com o passar do tempo, os soluços de Bianca foram diminuindo, mas as palavras ainda ecoavam na mente de Otávio. Ele a observou, percebendo não apenas a fragilidade dela, mas também a coragem em se abrir.

— “Vamos fazer uma coisa,”( ele disse, quando ela começou a se acalmar. )“Se você quiser, podemos fazer isso juntos. Construir uma nova família, um novo começo, onde ninguém se sinta sozinho.”

Bianca ergueu a cabeça e o encarou, os olhos ainda úmidos, mas agora com uma centelha de esperança.

— “Você acha que isso é possível?”

— “Sim, eu acredito que sim,” (ele afirmou, segurando seu olhar. )“Vamos dar um passo de cada vez,você não precisa carregar tudo sozinha.”

O coração de Bianca se aqueceu com as palavras dele, e por um momento, ela se sentiu leve novamente, como se um novo começo estivesse se formando diante deles.

— “Obrigada por ser tão compreensivo, Otávio,”( ela disse, sentindo uma nova conexão se formar entre eles.) “Eu vou tentar me abrir mais, eu prometo.”

Aquela noite, entre risos e lágrimas, eles estabeleceram uma base sólida, um compromisso de cuidar um do outro e de enfrentar o futuro juntos. E assim, mesmo com os desafios que ainda viriam, ambos sabiam que não estariam sozinhos nessa jornada.

Após o momento emotivo, Otávio decidiu que era melhor ajudar Bianca a se recuperar da bebedeira. Ele a conduziu até o banheiro, determinado a fazer com que ela se sentisse melhor.

— “Vamos, você precisa de água e um banho frio para tirar esse álcool do seu organismo,” disse ele, enquanto abria a torneira e a água fresca começou a escorrer.

Bianca olhou para ele, ainda um pouco atordoada, mas com um sorriso brincalhão nos lábios.

— “Você vai me deixar sozinha aqui, certo?” questionou, puxando-o para dentro do banheiro.

Otávio hesitou.

— “Bia, não sei se é uma boa ideia…” Mas a forma como ela o olhava, com aquele brilho nos olhos, o deixou sem palavras. Em um impulso, ele acabou entrando com ela, ambos ainda vestidos.

A água fria começou a escorrer sobre eles, e a sensação do líquido gelado em sua pele fez Bianca rir.

— “Isso está ajudando!” Ela disse, enquanto os dois se espremiam sob o jato.

Otávio riu, sentindo o peso da situação se dissipar.

— “Só não vamos exagerar, ok? Lembre-se que eu preciso me controlar aqui” Ele respondeu, tentando manter o tom de brincadeira. Mas, à medida que a água escorria, ele se sentiu mais relaxado, quase como se aquele banho fosse um recomeço.

Depois de alguns minutos, eles saíram do chuveiro, e Otávio ajudou Bianca a se enxugar. Ele notou como ela estava um pouco mais sóbria, mas ainda vulnerável.

— “Agora, é hora de você se trocar e descansar,” ele disse, enquanto ela se vestia.

— “E você? O que vai fazer?” Bianca perguntou, um pouco preocupada.

— “Vou te colocar na cama, e depois vou sair para preparar algo para comermos,” respondeu ele.

Com um gesto carinhoso, Otávio a ajudou a se acomodar na cama. Quando ele começou a se afastar, ouviu a voz de Bianca chamá-lo.

— “Otávio, espera!” (ela exclamou, a ansiedade em seu tom era palpável.) “Você pode… dormir comigo esta noite?”

Ele parou, seu coração acelerando. Estava dividido entre a vontade de confortá-la e a consciência do que isso poderia significar.

— “Bia, eu…” ele começou, mas não conseguia encontrar as palavras. A expressão dela era tão sincera, tão necessitada, que ele não conseguiu dizer não.

Finalmente, com um suspiro resignado, ele se trocou rapidamente, trocando a camisa molhada por uma camiseta mais confortável e se deitando ao lado dela. A sensação de ter Bianca perto de si era ao mesmo tempo reconfortante e desafiadora.

Bianca se virou para ele, seus olhos brilhando na luz suave do quarto.

— “Obrigada por estar aqui,” ela sussurrou, antes de se aconchegar mais perto, buscando calor e segurança.

— “Eu estou aqui por você, sempre,” ele respondeu, envolvendo-a com um braço, sentindo seu corpo relaxar ao toque dele.

Conforme a noite avançava, eles conversaram em sussurros, compartilhando histórias e sonhos, ambos percebendo que aquele momento era diferente de tudo o que já tinham vivido antes. Otávio se sentia à vontade ao lado dela, como se finalmente estivesse se permitindo abrir seu coração.

Eventualmente, a conversa se transformou em um silêncio confortável, enquanto eles se acomodavam, e a sensação de segurança e tranquilidade os envolveu. Otávio sabia que estava em um território delicado, mas naquela noite, tudo o que importava era que estavam juntos, enfrentando as incertezas do futuro um ao lado do outro.

Naquela madrugada, enquanto Bianca dormia tranquilamente em seus braços, Otávio finalmente sentiu que a vida estava começando a tomar um novo rumo, um que ele não poderia ter imaginado antes, mas que agora desejava mais do que qualquer coisa.

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