A Primeira Jogada

Ana não teve tempo para descansar. O dia seguinte começou com uma sensação de pesadelo perpétuo, e a preparação para a nova fase de sua missão se tornou uma prioridade urgente. Após o ataque encenado, seu telefone vibrou incessantemente com mensagens de Enzo, que já estava pronto para seguir com a próxima etapa do plano.

O primeiro contato que Ana fez foi com Vittorio, que havia providenciado um encontro com um especialista em disfarces. Ele a levou a um pequeno estúdio no centro da cidade, escondido entre lojas e cafés comuns. O estúdio era pequeno, mas estava repleto de materiais para maquiagem, perucas e roupas que pareciam retiradas de uma loja de trajes de época.

— Precisamos garantir que você passe despercebida — Vittorio explicou enquanto entravam no estúdio. — Montelli não pode saber que você é uma espiã. O objetivo é ganhar a confiança dele e se infiltrar em seu círculo.

Ana observou o especialista trabalhar, aplicando camadas de maquiagem que transformaram completamente seu rosto. A mudança era impressionante. As características que antes pareciam familiares agora estavam cobertas por uma nova identidade. Ela era uma mulher diferente, com cabelos loiros e um tom de pele mais claro, uma tentativa de criar uma aparência de vulnerabilidade que Montelli pudesse considerar uma vantagem para sua causa.

— Agora, vamos para o próximo passo — Vittorio disse, depois de dar os últimos retoques no disfarce. — Tenho um contato em um clube noturno onde Montelli costuma passar suas noites. Ele estará lá esta noite. É o seu momento para agir.

Ana acenou com a cabeça, sentindo a tensão aumentar. O clube, chamado Eclipse, era conhecido por sua atmosfera sofisticada e seus frequentadores de alto perfil. Era o tipo de lugar onde Montelli se sentia à vontade, rodeado por pessoas que podiam ajudá-lo a avançar em seus planos de poder.

Quando a noite chegou, Ana se encontrou em frente ao Eclipse, vestida com um elegante vestido de noite e um casaco de pele que a ajudava a completar sua nova identidade. O disfarce estava perfeito, mas a ansiedade ainda a consumia. Ela sabia que qualquer deslize poderia comprometer toda a missão.

O interior do clube era um espetáculo de luzes e música alta. Os sons do jazz e do ritmo suave misturavam-se com o barulho de conversas e risadas. Ana tentou manter a compostura enquanto entrava, seu olhar atento ao redor em busca de qualquer sinal de Montelli.

Ela se dirigiu ao bar e pediu uma bebida, tentando parecer casual enquanto examinava o ambiente. Os olhos de Ana se moviam constantemente, observando as pessoas ao redor. Então, viu Montelli. Ele estava sentado em uma mesa privada, cercado por alguns de seus associados mais próximos. A confiança e o poder em sua postura eram evidentes, e ele parecia estar no centro da atenção.

Ana respirou fundo e caminhou até a mesa, seus passos calculados e seu olhar fixo em Montelli. Havia uma chance de que a abordagem direta fosse a melhor estratégia. Ela se aproximou com um sorriso tímido, tentando parecer insegura, mas determinada.

— Senhor Montelli? — Ana começou, sua voz um pouco hesitante, como se estivesse nervosa com a aproximação.

Montelli ergueu o olhar, avaliando-a com interesse. Seus olhos eram frios e calculistas, mas havia uma curiosidade genuína.

— Sim, sou eu. E você é? — Ele respondeu, a voz envolta em um tom suave, mas que transmitia autoridade.

— Meu nome é Sofia — Ana disse, forçando um sorriso. — Ouvi falar muito sobre você e, bem, eu... precisava falar com você. É algo importante.

Montelli fez um gesto para que ela se sentasse, seu olhar permanecendo atento. Ele parecia intrigado, mas também cauteloso. Ana sentou-se, sentindo o peso da situação aumentar. A conversa precisava ser convincente.

— O que poderia ser tão importante para que você venha me procurar? — Montelli perguntou, seus olhos nunca deixando os dela.

Ana hesitou por um momento, mas lembrou-se do que Enzo havia dito. O objetivo era criar uma narrativa de traição. Ela precisava convencer Montelli de que tinha uma razão legítima para buscar sua ajuda.

— Eu... eu tive um desentendimento com Enzo, e agora me sinto... traída por ele. — Ela forçou a voz a tremular levemente, criando uma aparência de vulnerabilidade. — Achei que, se alguém pudesse me ajudar, seria alguém como você.

Montelli observou-a atentamente, seu interesse claramente despertado. A forma como Ana estava manipulando sua história parecia estar funcionando.

— E o que exatamente você espera de mim? — Ele perguntou, sua expressão agora mais relaxada.

Ana se inclinou um pouco para frente, mantendo o olhar fixo em Montelli.

— Eu sei que Enzo está envolvido em uma série de operações e negócios que ele não deveria. Eu tenho informações que poderiam ser úteis para você, e estou disposta a compartilhá-las, mas preciso de proteção. Enzo não vai parar por nada para me silenciar.

Montelli parecia ponderar suas palavras. Ele levou um gole de sua bebida antes de responder.

— Você está me dizendo que tem informações valiosas sobre Enzo, e está disposta a trocar isso por proteção? — Ele perguntou, a voz carregada de uma mistura de ceticismo e interesse. — Por que eu deveria acreditar em você?

Ana percebeu que o momento de convencer Montelli estava se aproximando. Ela precisava mostrar que estava desesperada e que suas informações eram reais. Puxou um pequeno pendrive de sua bolsa e o colocou sobre a mesa.

— Aqui estão alguns documentos e comunicações que consegui recuperar — ela disse, tentando parecer o mais convincente possível. — Isso pode provar que estou falando a verdade. Mas, para garantir a minha segurança, preciso saber que posso confiar em você.

Montelli pegou o pendrive, examinando-o com cuidado. Ele parecia satisfeito com a prova apresentada, mas ainda estava longe de se comprometer completamente. Ana percebeu que tinha apenas alguns minutos para fazer o próximo movimento.

— Deixe-me analisar isso — Montelli disse finalmente. — E, enquanto isso, mantenha-se perto. Eu gosto de saber com quem estou lidando.

Ana acenou com a cabeça, um misto de alívio e nervosismo percorrendo seu corpo. Ela havia dado o primeiro passo na direção certa, mas sabia que a jornada estava apenas começando. Montelli estava interessado, mas ainda não totalmente convencido. A verdadeira prova de sua lealdade e sua habilidade em manipular a situação viria em breve.

Ao longo da noite, Ana ficou observando e aguardando, tentando se entrosar com os associados de Montelli e demonstrar que estava alinhada com seus interesses. A tensão era palpável. Cada interação com Montelli e seu grupo era uma chance de solidificar sua posição, mas também uma oportunidade de estragar tudo se não tivesse cuidado.

Quando a noite terminou, Ana sentiu uma mistura de exaustão e realização. Montelli parecia ter aceitado sua presença, mas ainda não havia se comprometido completamente com a oferta de ajuda. Ela sabia que o próximo passo seria crucial para consolidar sua posição e garantir que pudesse se infiltrar ainda mais na operação de Montelli.

Ao voltar para seu apartamento, Ana refletiu sobre o dia. O caminho à frente era perigoso e cheio de desafios, mas ela havia dado o primeiro passo no jogo mortal que Enzo havia colocado à sua frente. Sua vida estava em jogo, mas agora, mais do que nunca, ela sabia que tinha que permanecer atenta e manipuladora, se quisesse garantir a segurança de Guilherme e encontrar uma maneira de escapar dessa teia de intriga e traição.

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