Nos dias seguintes à conversa com Matteo, Luiza e Adrian mergulharam no planejamento do casamento. A novidade se espalhou rapidamente, e a pressão para organizar a cerimônia rapidamente aumentou. Ambos estavam ocupados, mas encontraram momentos para discutir detalhes e garantir que tudo estivesse perfeito.
Luiza teve que equilibrar sua rotina intensa na Camorra com as preparações do casamento. As reuniões e decisões no escritório eram muitas, mas a perspectiva de iniciar essa nova fase com Adrian fazia tudo parecer mais suportável. Ela passava suas tardes revisando detalhes com organizadores de eventos e finalizando a lista de convidados, enquanto as noites eram dedicadas a reuniões com a família e a Adrian para garantir que todos os aspectos estivessem em ordem.
Adrian, por sua vez, estava igualmente ocupado, gerenciando os negócios da Ndrangheta e, ao mesmo tempo, coordenando com fornecedores e planejando a logística do casamento. O apoio de sua família, especialmente o entusiasmo de Melissa, ajudou a aliviar parte da pressão. Melissa estava ansiosa para ajudar e fez questão de se envolver nos preparativos, o que trouxe uma sensação de normalidade e alegria ao processo.
Apesar da correria, havia momentos tranquilos que Luiza e Adrian conseguiam compartilhar. Eles se encontravam em pequenos intervalos, aproveitando para jantar juntos ou simplesmente relaxar um pouco. Esses momentos eram preciosos e ajudavam a relembrar o motivo pelo qual estavam fazendo tudo isso — para construir um futuro juntos.
O planejamento estava avançando bem, e a data do casamento estava se aproximando rapidamente. Luiza sentia uma mistura de empolgação e nervosismo, mas, ao olhar para Adrian, sabia que estavam prontos para enfrentar qualquer desafio juntos. A perspectiva de um novo começo e a certeza de estar ao lado de Adrian eram o que mais importava.
### Ponto de Vista de Adrian
Era uma tarde tranquila no escritório de Adrian, um dos raros momentos em que ele finalmente conseguia colocar as coisas em ordem. Os preparativos do casamento estavam quase concluídos, e apesar da correria dos últimos dias, ele se sentia otimista sobre o futuro. Foi então que a porta de seu escritório se abriu abruptamente, e Fernanda Tonmasso entrou, pálida e desesperada, segurando uma caixa nas mãos.
Adrian se levantou rapidamente, sentindo um calafrio na espinha ao ver a expressão no rosto de Fernanda. Ela estava visivelmente em choque, as mãos tremendo enquanto colocava a caixa sobre a mesa dele.
— Adrian... — a voz de Fernanda falhou enquanto ela tentava falar. — É... é meu pai...
Com cautela, Adrian abriu a caixa, o conteúdo revelado em um instante horrível. Dentro, estava a cabeça de Batisti Tonmasso, os olhos mortos encarando o vazio. Ao lado, um bilhete manchado de sangue.
"Para o casal feliz, a guerra entre a Camorra e a Ndrangheta e a Cobra ainda não acabou. Este é apenas um presente de casamento."
A sala ficou em um silêncio mortal, quebrado apenas pelos soluços de Fernanda. Adrian sentiu a raiva e o horror misturarem-se em seu peito. Ele pegou o bilhete, as palavras ainda ressoando em sua mente, e olhou para Fernanda, que agora estava sentada, a cabeça entre as mãos, desolada.
Adrian sabia que esse ato era muito mais do que uma ameaça; era uma declaração de guerra. Mas o que mais o inquietava era a referência à Cobra, o inimigo invisível que vinha se infiltrando em suas vidas e operações.
Decidido a descobrir o que estava acontecendo, Adrian rapidamente acionou seus homens para investigar. Dentro de algumas horas, as informações começaram a chegar. Batisti Tonmasso, até então um respeitado membro do conselho da Ndrangheta, estava secretamente ajudando a Cobra. Traíra sua própria organização, colaborando com o inimigo em troca de promessas de poder e riqueza.
A revelação foi um choque para todos, especialmente para Fernanda, que se via perdida entre o luto pela morte do pai e a traição que ele havia cometido. Para Adrian, isso significava que o perigo estava mais próximo do que ele imaginava, e que qualquer movimento errado poderia colocar tanto a Ndrangheta quanto a Camorra em risco.
Adrian sabia que precisava agir rápido. A aliança que estava construindo com Luiza se tornava ainda mais crucial. O casamento, que seria um símbolo de união e força, agora assumia um novo significado: uma linha de frente na guerra que estava por vir. Olhando para Fernanda, ainda devastada pela perda, Adrian sabia que o tempo de hesitação havia acabado. Era hora de preparar-se para o inevitável confronto com a Cobra e proteger tudo o que ele e Luiza estavam tentando construir.
O escritório de Adrian estava silencioso, com apenas o som suave dos papéis sendo organizados e das respirações pesadas após dias de tensão. Ele tinha acabado de finalizar uma ligação importante sobre o estado da Ndrangheta quando a porta se abriu sem aviso. Fernanda Tonmasso entrou, o rosto ainda marcado pela dor do luto, mas havia algo mais em seu olhar — uma determinação perigosa.
Adrian levantou o olhar, ciente do quanto Fernanda estava fragilizada desde a morte de Batisti. Ele a convidou para se sentar, esperando uma conversa sobre o futuro da organização ou qualquer outra questão relevante. Mas, ao invés disso, Fernanda se aproximou lentamente, a dor em seus olhos substituída por uma expressão de desejo mal disfarçado.
Antes que Adrian pudesse reagir, Fernanda se lançou para a frente, tentando capturar seus lábios em um beijo inesperado. O instinto o fez recuar, e ele segurou-a pelos ombros, afastando-a com firmeza, mas sem brusquidão.
— Fernanda, não — disse Adrian, com voz firme, olhando diretamente nos olhos dela. — Isso não pode acontecer.
Fernanda, perplexa e envergonhada, recuou alguns passos, mas naquele momento, a porta do escritório se abriu novamente. Luiza estava parada ali, os olhos arregalados em choque ao ver a cena diante dela. O coração de Adrian afundou ao perceber o que isso poderia parecer.
Luiza ficou imóvel por um segundo, seu olhar se fixando primeiro em Fernanda, depois em Adrian. O silêncio na sala era ensurdecedor, carregado com uma tensão palpável. Adrian largou os ombros de Fernanda e deu um passo em direção a Luiza.
— Luiza, não é o que parece — começou Adrian, sentindo a urgência de explicar. — Fernanda está abalada, e...
— Eu sei exatamente o que vi, Adrian — respondeu Luiza, interrompendo-o, mas havia um tom de mágoa em sua voz.
Adrian sabia que precisava acalmar a situação antes que as coisas saíssem do controle. Ele se virou para Fernanda, que agora estava visivelmente mortificada, e com um tom controlado, mas firme, disse:
— Fernanda, acho melhor você ir para casa e descansar. Vamos conversar sobre isso depois, mas por agora, é melhor que você vá.
Fernanda hesitou, mas diante da frieza na voz de Adrian e o olhar severo de Luiza, ela assentiu e saiu rapidamente, sem olhar para trás.
Quando a porta se fechou, Adrian se aproximou de Luiza, os olhos suplicando por compreensão.
— Luiza, eu jamais faria algo para te magoar — disse ele, com uma sinceridade crua em sua voz. — Ela estava vulnerável e tentou se apoiar em mim de uma forma que eu nunca permitiria. Eu só quero você, sempre quis. Por favor, acredite em mim.
Luiza manteve o olhar em Adrian por um momento que pareceu uma eternidade, e então, lentamente, soltou um suspiro, abaixando a guarda.
— Eu acredito em você, Adrian. Mas isso... isso não pode acontecer de novo. Se houver mais alguma coisa, eu quero saber, imediatamente.
Adrian assentiu, ciente do peso das palavras dela.
— Prometo, Luiza. Nada, nem ninguém, vai nos separar.
Com isso, a tensão diminuiu, mas a situação deixava claro que, apesar dos perigos externos, as ameaças internas — especialmente aquelas que tocavam no emocional — eram igualmente destrutivas. Adrian sabia que precisaria ser mais cuidadoso e transparente do que nunca.
### Ponto de Vista de Luiza
Luiza entrou no escritório de Adrian com passos firmes, carregando consigo o peso de dias exaustivos e a preocupação constante com as ameaças que pairavam sobre suas cabeças. Ela tinha vindo para discutir estratégias e alinhar os próximos passos, mas a cena que encontrou a deixou sem palavras.
Parada na porta, ela viu Fernanda Tonmasso se afastando de Adrian, o constrangimento evidente em seu rosto. O choque inicial a paralisou, o coração batendo forte no peito enquanto tentava processar o que estava acontecendo. As mãos de Adrian ainda estavam levantadas, como se ele tivesse acabado de afastar Fernanda, mas o olhar que ele dirigiu a Luiza foi carregado de urgência, quase desespero.
Ela sentiu uma mistura de emoções turbulentas — raiva, mágoa, e, acima de tudo, traição. Por um momento, o ar pareceu faltar, e Luiza precisou se segurar para não deixar transparecer o quanto aquilo a abalou. Não era apenas a proximidade física entre os dois que a incomodava, mas o medo de que Adrian pudesse estar escondendo algo dela.
Quando ele começou a falar, tentando explicar, Luiza ouviu as palavras, mas seu coração estava fechado, temendo o pior. No entanto, à medida que ele continuava, havia uma sinceridade em sua voz que começou a romper a barreira que ela instintivamente levantara.
— Eu sei exatamente o que vi, Adrian — ela respondeu, tentando manter a calma, mas sentindo a dor transparecer em seu tom.
Ela observou quando Adrian pediu para que Fernanda saísse, aliviada por ver que ele estava claramente tomando uma posição ao lado dela, mas ainda assim, a desconfiança persistia. Quando finalmente ficaram sozinhos, a urgência nos olhos de Adrian a tocou de uma forma que ela não esperava. Luiza queria acreditar nele, queria confiar, mas não podia ignorar o que havia visto.
Quando ele a assegurou de sua lealdade, de que nada nem ninguém os separaria, ela percebeu que não havia apenas desespero em suas palavras, mas também um amor profundo e um medo de perdê-la.
Luiza sentiu o peso de sua própria desconfiança se dissipar um pouco, e com um suspiro, deixou que a barreira entre eles caísse, pelo menos um pouco. Ainda assim, a mágoa estava ali, latente, e ela sabia que teria que ser cuidadosa daqui para frente.
— Eu acredito em você, Adrian — disse ela, finalmente, tentando encontrar um equilíbrio entre o que sentia e o que sabia ser o certo. — Mas precisamos ser transparentes um com o outro. Se algo assim acontecer de novo, eu quero saber, sem rodeios.
Adrian prometeu, e Luiza decidiu aceitar sua palavra, pelo menos por agora. Ela sabia que as coisas entre eles seriam testadas de muitas formas, e não poderia se dar ao luxo de deixar que a insegurança corroesse o que tinham. No entanto, ao deixar o escritório de Adrian, uma sombra de preocupação permanecia, lembrando-a de que, no mundo em que viviam, confiar podia ser tanto uma força quanto uma vulnerabilidade.
Depois de sair do escritório de Adrian, Luiza sentia seu coração ainda acelerado, uma mistura de alívio e inquietação. Ao caminhar pelo corredor, ela tentou organizar seus pensamentos, sabendo que não poderia deixar que aquela cena a abalasse mais do que já havia abalado. A aliança com Adrian era crucial, tanto para a Camorra quanto para a Ndrangheta, mas, além disso, ela sabia que os sentimentos entre eles haviam crescido mais do que o esperado.
No entanto, a imagem de Fernanda se aproximando de Adrian e a sensação de traição ainda pesavam em sua mente. Mesmo depois das palavras de Adrian, Luiza sentia uma desconfiança que não conseguia afastar completamente. Quando ele mandou uma mensagem pedindo para se encontrarem mais tarde, Luiza hesitou. Ela precisava de espaço para pensar, para processar tudo que estava acontecendo.
Em vez de aceitar o convite, Luiza decidiu que precisava de algo mais imediato e físico para lidar com sua frustração e raiva. Ela enviou uma mensagem rápida para Mari e Raffa, pedindo que se encontrassem no galpão para um treino. O treino intenso era a única coisa que realmente conseguia ajudá-la a colocar os pensamentos em ordem.
Quando chegou ao galpão, Luiza sentiu a familiaridade do ambiente começar a aliviar a tensão. Ela se alongou, esperando Mari e Raffa, e a cada movimento, a raiva e a mágoa que sentia começaram a se dissipar. Ela precisava dessa liberação, precisava lembrar a si mesma de quem era e do que era capaz.
Durante o treino, Luiza se entregou completamente aos movimentos, lutando com uma determinação feroz. O suor escorria por sua pele, cada golpe e esquiva ajudando a liberar as emoções reprimidas. Mari e Raffa, percebendo o humor sombrio de Luiza, não fizeram perguntas, mas seguiram o ritmo intenso que ela ditava.
Depois de horas de treino, Luiza finalmente parou, respirando pesadamente, mas sentindo-se um pouco mais em paz. Ela sabia que ainda teria que lidar com seus sentimentos em relação a Adrian, mas por agora, se sentia mais centrada. A raiva e a desconfiança ainda estavam lá, mas menos intensas, e ela sabia que, com o tempo, conseguiria lidar com isso.
Quando saiu do galpão, Luiza decidiu que teria uma conversa séria com Adrian, mas não naquela noite. Ela precisava de mais tempo para pensar, para decidir como queria abordar a situação. Por enquanto, se concentraria em suas responsabilidades e em proteger sua posição. Nada, nem mesmo seus sentimentos conflitantes, a desviariam do caminho que estava trilhando.
Com essa determinação renovada, Luiza dirigiu-se para casa, decidida a não deixar que nada abalasse sua força. Ela sabia que o caminho à frente seria difícil, mas estava pronta para enfrentar qualquer desafio que surgisse.
Com o passar dos dias, a falta de comunicação entre Luiza e Adrian só aumentava a tensão que já pairava no ar. Ambos estavam completamente absorvidos em suas responsabilidades, focados nas ameaças crescentes da Cobra, que parecia se mover com uma precisão assustadora, sempre um passo à frente.
Luiza, agora mais do que nunca, sentia o peso da liderança. Na última reunião com suas aliadas, Mari e Raffa, ela percebeu que a situação era ainda mais complicada do que imaginava. Enquanto discutiam os últimos movimentos da Cobra e os relatórios de operações fracassadas, algo começou a emergir, uma desconfiança que se instalou em sua mente como uma sombra persistente.
“Como a Cobra poderia estar tão bem informada?” Luiza questionava a si mesma e suas aliadas. Era evidente que as informações privilegiadas da Ndrangheta tinham sido exploradas pela Cobra, mas isso não explicava completamente a precisão com que a organização rival estava atacando a Camorra.
Enquanto Mari revisava um dos relatórios com Luiza, algo chamou sua atenção. Pequenos detalhes, quase imperceptíveis, indicavam que os passos da Camorra também estavam sendo antecipados. Ordens que só um círculo restrito deveria conhecer estavam sendo interceptadas. Operações de baixo perfil que não deveriam ter sido descobertas tinham sido sabotadas antes mesmo de serem iniciadas. A princípio, Mari pensou ser coincidência, mas ao discutir com Raffa, as três chegaram à mesma conclusão perturbadora: havia um traidor dentro da Camorra.
A descoberta caiu como uma bomba, e Luiza sentiu um frio na espinha. Se a Cobra tinha um infiltrado dentro de sua organização, isso significava que ninguém podia ser completamente confiável. A situação era mais grave do que ela havia imaginado. A paranoia começou a se espalhar, e Luiza sabia que precisaria agir rápido, mas com extremo cuidado.
O peso dessa nova suspeita apertou o nó em seu estômago. Ela precisaria rever suas estratégias, reforçar as medidas de segurança e, mais importante, identificar o traidor antes que fosse tarde demais. O problema era que, com a Cobra sempre à espreita, confiar em alguém, até mesmo nas pessoas mais próximas, era um risco.
Além disso, sem contato recente com Adrian, a incerteza se intensificava. Seria ele capaz de lidar com a crise na Ndrangheta e ainda manter a confiança que tinham estabelecido? Ou pior, e se o traidor dentro da Ndrangheta estivesse jogando um jogo duplo, interferindo tanto na Ndrangheta quanto na Camorra?
As próximas semanas seriam cruciais. Luiza não poderia permitir que esse possível infiltrado minasse sua liderança ou, pior, entregasse sua organização nas mãos da Cobra. Determinada a resolver a situação, ela planejou medidas de contenção e começou a estudar todos os seus aliados com um olhar mais atento, buscando qualquer indício de traição. Ela sabia que, para sobreviver, precisaria ser mais astuta do que nunca.
Cada passo seria dado com precisão cirúrgica, e, desta vez, ela estava decidida a não deixar pedra sobre pedra até que o traidor fosse exposto.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Angel Caldas
O traidor da camorra, acho que é o Xavier e desconfio que o pai dele é o cobra ou a tal Fernanda!
2024-11-20
1
karvalho Heloiza😍
vixxxiiii tá complicado
2024-10-17
1