Capítulo 19

Logo após concordarmos, fui para o quarto e assim que entrei vi o pacote sobre a cama, aproximei-me, abri a sacola e olhei dentro, vi roupas listradas o que me pareceu estranho e interessante, retirei o que havia dentro da sacola e, ao estendê-la, percebi que era um pijama com cauda e orelhas, era um pijama de tigre ao ver soltei uma gargalhada que certamente a maioria das pessoas dentro de casa teria ouvido, achei bastante interessante que ele tivesse tais gostos, no entanto, achei fofo e bastante carinhoso então tirei a roupa e troquei-me, quando já estava pronto desci as escadas e me dirigi à sala de jantar. Já estando lá percebi que Hedone tinha um pijama de unicórnio e Eros de pantera, os três parecíamos saídos de um zoológico, nos víamos bastante estranhos, mas ao mesmo tempo fofos, a situação tornou-se agradável e divertida em questão de segundos, de um momento a outro Eros sacou uma máquina de bolhas e começou a agitá-la de um lado para o outro no alto, Hedone ao ver as bolhas começou a pular para tentar estourá-las, ela estava feliz, ela corria e pulava muito feliz, depois eu me juntei ao jogo e depois o fez Eros após deixar o mordomo com a máquina, enquanto todos tentávamos estourar as bolhas, nos divertimos por um pouco mais de meia hora até que Hedone cansou-se e nos disse:

-mamãe, papai, foi muito divertido, mas estou com fome.

Eros e eu nos olhamos, depois sorrimos e dirigimos nosso olhar a Hedone e lhe dissemos:

- está bem, vamos parar de brincar e comer primeiro já que amanhã teremos o dia todo para nós e poderemos fazer o que quisermos.

Os olhos de Hedone se iluminaram e depois disse:

-papai, mamãe, vocês estão falando sério?

Eros sorriu e disse:

-sim, prometo a ambos que amanhã e o resto da semana estaremos juntos e faremos muitas coisas divertidas.

Hedone nos abraçou e depois foi muito feliz para a mesa, juntos jantamos e desfrutamos do momento em família, assim que terminamos de comer Hedone subiu para seu quarto enquanto nós ficamos conversando por um tempo, Eros iniciou a conversa dizendo:

- gostaria de saber mais sobre você.

- o que gostaria de saber?

- você voltou a me tratar por você.

- desculpe, o que você gostaria de saber?

- Conte-me sobre sua família.

- fui abandonado em um orfanato muito jovem, por isso não conheci minha mãe ou meu pai muito bem, o único que sei deles é o pouco que me lembro e não são memórias agradáveis, meus pais tinham muitos filhos e nos negligenciavam, por isso, no final, tiveram que se desfazer de vários de nós.

- então, depois de chegar ao orfanato, ninguém te adotou?

- não, sempre fiquei no orfanato, minha vida lá foi um pouco dura, mas não tão ruim a dizer a verdade, tive amigos e não me senti tão só, embora esses amigos me traíram, os momentos que vivi com eles foram gratificantes e bastante felizes.

- e depois de sair do orfanato, o que você fez?

- estive trabalhando em tempo parcial, geralmente tinha mais de três empregos, não tinha tempo nem energia para nada.

- sua vida foi bastante dura, não é?

- há pessoas que estão em situações piores que eu; no entanto, acho que o que me aconteceu foi triste e me marcou e por isso é que não confio em ninguém nem acredito no amor.

- mas mesmo assim você está aqui ao meu lado.

- Hedone mudou um pouco o meu pensar.

- Você acha que em algum momento será capaz de abrir seu coração para mim?

- talvez eu fizesse isso se seus sentimentos fossem sinceros e reais mas não são.

- A que você se refere?

- você sabe bem que esse amor que sente por mim é apenas produto da sua flecha.

- minhas flechas servem para revelar os sentimentos ocultos de uma pessoa e fazer com que esta se declare sem medo, mas não cria esses sentimentos, apenas os traz à tona.

- certamente você está mentindo.

- não, eu não estou, estou dizendo a verdade absoluta.

- Eros, você está seguro de que antes de eu te cravar aquela flecha já tinha sentimentos de amor por mim?

- Estou seguro de que desde o primeiro momento em que te vi algo me chamou a atenção e fez com que eu prestasse especial atenção em você.

- não sei porque você faz isso, cada vez me confundo mais...

- eu faço porque te amo e quero transmitir meus sentimentos, quero que você saiba o que sinto por você.

-...

Eros acariciou meu rosto, eu sentia seu toque suave e quente, ele me fazia sentir em paz, então fechei os olhos e no momento menos esperado senti algo em meus lábios, então abri os olhos e vi Eros me beijando, no início tentei afastá-lo, mas após alguns segundos cedi ao desejo e o beijo se intensificou, do nada já não estava sentado, estava em pé sendo sustentado por Eros, ele estava segurando minha cintura, pela primeira vez senti Eros nervoso, suas mãos tremiam enquanto me sustentavam, depois começamos a caminhar sem nos soltarmos um do outro, Eros começou a mover sua mão da minha cintura para minha perna e depois para minha cabeça, após um tempo chegamos às escadas, assim que Eros sentiu o primeiro degrau, me levantou, eu me agarrei em seu pescoço e minhas pernas rodearam sua cintura, Eros continuou me beijando enquanto subia os degraus, quando chegamos ao corredor, tentei descer, mas Eros não me deixou, ele me levou ao quarto e depois me deixou suavemente na cama, já estando lá Eros começou a tirar minha roupa, ele movia suas mãos de um lado para o outro, tocando cada parte do meu corpo, ao senti-lo, eu fiz o mesmo e comecei a explorar o corpo de Eros, minhas mãos pareciam ter mente própria, toquei todo seu corpo e senti cada músculo, quanto mais nos tocávamos mais nos excitávamos, Eros começou a gemer assim que toquei sua parte baixa, o que me pareceu muito bonito e sexy, então me concentrei naquele lugar, de um momento para outro Eros e eu já não tínhamos camisa, quando estávamos para despir nossa parte inferior, o celular de Eros tocou, ele o ignorou, mas o celular continuava tocando, então já cansado do som toquei seu ombro e disse:

-Eros, pode ser da empresa, melhor atender.

Enquanto me beijava o corpo disse:

-mm, mas não quero.

-então desligue, esse som está me incomodando.

-está bem.

Eros pegou o telefone e assim que viu o nome no telefone, levantou-se e disse:

- atenderei esta chamada.

-está bem.

Ele foi até a varanda que havia no quarto, fechou a porta e começou a falar, assim que vi sua expressão, algo dentro de mim disse que eu devia ouvir o que ele dizia, pode ter sido indiscreto e intrometido, após lutar contra minha decisão levantei-me, dei alguns passos e me aproximei da porta da varanda, então suavemente a abri um pouco e fiquei perto dela, de um momento para outro ouvi que ele disse:

- Dias atrás eu te disse que parasse de procurar aquele e agora me liga dizendo que o encontrou e que além disso falou com você e quer voltar.

então ele franzuiu a testa e gritou irritado:

- merda, como se atreve esse cara a querer voltar e você está demitido, isso é o que acontece por não seguir minhas ordens.

Depois a pessoa do outro lado do telefone disse algo e ele ficou ainda mais irritado e com um grito que poderia perfeitamente ter sido ouvido por todos disse:

- Diga ao maldito de Potos que nem se atreva a colocar um pé nesta casa, é verdade que o amei, mas foi só uma ilusão produto dessa maldita flecha, essa flecha brincou com minha mente e me fez acreditar que o queria.

Assim que ouvi isso me irritei e entristeci ao mesmo tempo, nunca pensei que pudesse me entristecer ao ouvir algo que era óbvio, após aquela decepção, percebi que ele e eu éramos uns completos idiotas, ele por negar o fato de que a flecha é que está fazendo ele sentir algo por mim e eu porque acreditei em suas palavras por um momento e por ser intrometido e ouvir o que não devia, depois fui para a cama, peguei minhas roupas, vesti-me e fui para meu antigo quarto que agora só tinha uma cama sem cobertas, mas a dizer a verdade era melhor dormir ali e compartilhar a cama com o homem que estava me fazendo duvidar e que além disso poderia quebrar meu coração se eu chegasse a sucumbir ao desejo e aqueles sentimentos indescritíveis me faziam sentir temeroso de ser vulnerável.

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