Capítulo 7

Rapidamente, passou um mês e eu estava me acostumando com a vida que tinha naquela casa, a maior parte do meu tempo passava ao lado de Hedone, ela era uma menina muito extrovertida, amável e que amava a natureza, sempre que podíamos saíamos para o quintal dos fundos da mansão.

Mas precisamente naquele dia, Eros chegou irritado em casa, enquanto Hedone e eu estávamos brincando de estátua na sala, ela tropeçou em seu pai e ele a segurou pelos ombros e gritando disse:

-Merda, você não lembra que é proibido correr dentro de casa?

Hedone, com os olhos lacrimejantes disse:

-Pe... perdão, papai.

-Pra que diabos pede perdão se não vai cumprir as regras.

-Papai...

-Vá para o seu quarto agora.

Quando vi Hedone assim tão triste correndo para o seu quarto, gritei:

-Que diabos você tem?

-Não se meta, você não é ninguém.

-Sou quem cuida da sua filha e quem está atento a ela o dia todo, porque você, no último mês, não colocou nem um pé no quarto dela, também não me perguntou como ela está, nem se preocupou em ir vê-la.

-Você não tem direito de dizer nada, porque você é apenas um funcionário a mais nesta casa.

-É verdade, sou um funcionário, no entanto, este funcionário se preocupa mais com a sua filha do que você, que é o pai dela.

-É verdade, eu sou o pai e, por isso, posso fazer o que eu quiser.

-Que maldito você é, agora entendo porque a mãe de Hedone foi embora, eu teria feito quase o mesmo, a única coisa que mudaria é que teria levado Hedone comigo.

-Não ouse falar dela, você não conhece as circunstâncias do que aconteceu.

-É verdade, não sei nada sobre isso, mas sua atitude e a forma como trata os outros me dão uma ideia do porquê ela te deixou.

-Não me provoque, porque você não sabe como sou quando estou irritado.

-Estou farto do seu maldito jeito de agir, então é melhor que seja bom com sua filha, porque para falar a verdade logo vou perder a paciência.

-Pobre empregado está me ameaçando, ha, isso nunca aconteceu comigo, você realmente tem coragem.

Assim que disse isso, aproximei-me dele o suficiente para que nossas respirações se misturassem e olhando nos olhos dele disse:

-Posso ser um simples empregado, mas ao longo do último mês descobri que sua filha tem depressão e crises de ansiedade e tudo é culpa sua, um adulto imaturo e irresponsável que só se preocupa com o trabalho e esquece completamente da sua filha, sinceramente acho que você não merece ser pai.

-Olha, olha, já cansei.

Eros me segurou pelos ombros e me agarrou fortemente dizendo:

-Minha paciência acabou, eu te suportei só porque minha filha gostava de você como babá, mas prefiro suas birras a ter um maldito inútil e intrometido.

-O que você vai fazer, me demitir? Faça, não me importa, a única coisa que me doeria ao ser demitido é deixar essa menininha pequena aos cuidados de um inútil, menos homem e péssimo pai.

-Sou homem o suficiente para dobrar outro do mesmo sexo e fazê-lo cumprir minhas ordens, não importa o que seja.

-Quando digo menos homem, não me refiro à sua falta de poder, mas à sua falta de responsabilidade.

-Saia da minha casa.

-Bem, eu irei, mas antes tenho que dizer mais uma coisa.

-O que?

-Sua filha me disse que sua mãe a odiava e evitava por causa sua e que odiava tanto que só de vê-lo lhe provocava nojo e que não era só raiva que ela sentia por você, mas também por ela mesma, e tudo graças ao que você fez a ela.

Ao ouvir isso, ele me empurrou contra a parede e gritou:

-Se você quer saber o que fiz a ela para que você também me odeie, mas desta vez de verdade?

-Você não se atreveria.

-Teste-me, acho que seria capaz de fazer um filho em você também.

Eu o cuspi, dei-lhe um chute na virilha e disse:

-Primeiro eu te mato.

Após o chute, consegui me soltar de seu agarro e corri para o quarto de Hedone, lá a encontrei encolhida em um canto abraçando um urso de pelúcia enquanto chorava.

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