Capítulo 18

Assim que cheguei em casa, decidi não acordar a Hedone, já que estava profundamente dormida e realmente exausta devido ao dia agitado. Então, delicadamente a peguei nos braços e a tirei do carro, depois me dirigi à entrada principal. Os seguranças, ao verem que eu carregava a menina nos braços, ajudaram-me a abrir a porta. Antes de entrar, desejava desesperadamente que Eros estivesse nos esperando, mas assim que passei para o interior da casa percebi que não havia ninguém. Naquele momento, soube que Eros tinha voltado a ser o homem frio e amargurado que era antes.

Soltei um suspiro e subi as escadas, uma a uma, pensando no quão horríveis seriam nossas vidas de agora em diante, se Eros havia mesmo voltado a ser como era. Quando cheguei ao quarto da Hedone, abri a porta como pude e, ao entrar, percebi que Eros estava na cama da Hedone, profundamente dormido, o que me pareceu realmente estranho, pois não era típico dele.

Ao ver quão terno ele parecia, tentei não acordá-lo. Então, entrei silenciosamente no quarto e coloquei a Hedone na cama, perto de Eros. Depois, fiquei perto da cama, vigiando o sono de Hedone e de Eros.

De repente, o sono me venceu e acabei adormecendo. Mais tarde, quando acordei, percebi que Eros estava ao meu lado. Assim que abri os olhos, Eros colocou seu dedo indicador na minha bochecha e depois me disse:

- Por que não dormiu na cama conosco?

Eu me levantei do sofá, peguei a mão de Eros e o tirei do quarto, e então disse:

- Por que você fala tão alto, sabendo que Hedone estava dormindo? E, respondendo à sua pergunta, não fui para a cama porque não queria acordá-los.

- Acho que teria sido melhor se você tivesse subido para a cama, pois se ficar no sofá depois seu pescoço ou outra parte do corpo vai doer.

- Talvez na próxima vez eu faça isso.

- Melhor na próxima vez me acorde e vamos juntos para o nosso quarto.

- Hahaha, parece que você não está de mau humor.

-...

- Eros, posso te fazer uma pergunta?

- Sim, diga.

- Alguém te ligou hoje?

- Sim.

- Posso saber quem foi?

-...

- Se você se sente desconfortável, não precisa me contar.

Ele olhou para a esquerda e depois tomou um fôlego e me disse:

- Foi minha ex-namorada que me ligou. Ela queria que voltássemos e também me disse que Potos, que é a mãe da Hedone, tinha estado perguntando por mim.

- Você sabe por que essa pessoa queria saber sobre você?

- Não, não sei. O único que sei é que disse a ela que o nosso já é passado e que agora eu tenho uma família, então não queria que ela voltasse a me incomodar nunca mais.

- Você fez o certo. Se não quer alguém na sua vida, é melhor tirá-lo pela raiz e deixar claro. Se não te escutam, faça algo mais drástico.

- Sim, estava pensando no que fazer se a mãe da Hedone voltar.

- Se precisar de ajuda, sempre poderá contar comigo.

- O que aconteceu?

- Por que a pergunta?

- Por que você está falando de modo tão educado comigo, além de me tratar por tu e até agora não me insultou?

- Talvez seja porque você mudou.

- Bem, que bom que mudei porque agora me sinto muito mais à vontade com você. Adoro sentir que você está me aceitando.

- Quando foi que eu disse que estou te aceitando?

- Você não disse, mas sinto pela maneira como me trata e como fala comigo. Isso me faz pensar que está começando a me aceitar.

- Como você pode dizer isso quando apenas uns poucos dias se passaram desde que começou a nos tratar mais intimamente?

- É verdade, isso estava tentando fazer, mas hoje sua atitude foi bastante ruim com Hedone e comigo. Vi que estava sendo frio e distante, temi que voltasse a ser o seu antigo eu.

- Prometo que não voltarei a ser a pessoa que você conheceu.

- Isso espero, porque no momento em que fizer isso, irei embora com a sua filha.

- Quer dizer, nossa filha.

- Você tem certeza de que quer que eu seja uma figura materna para sua filha?

- Sim, tenho certeza. Acho que você será um ótimo exemplo para ela, além de ser notório que você a ama e ela também te ama. Você a fez muito feliz e pelo que vi, ela fez o mesmo por você. Se nos tornarmos uma família, acredito que poderemos ser felizes juntos.

- Então, você faz tudo isso por ela.

- Não, também faço por mim. Na verdade, gosto muito de você; desde que te vi, você chamou minha atenção. Você é tão forte, gentil e honesto. Amo tudo em você. Quero estar ao seu lado, quero te fazer feliz e te dar tudo o que desejar. Você é a luz da minha vida.

- Você é muito romântico.

- Sou, mas só por você.

- Não acredito.

- É verdade. Só a você quero beijar e só a você desejo, mas também só por você sou capaz de me conter e aprender a ser pai, esposo e parceiro de vida.

- Entendo o fato de você estar aprendendo a ser pai, mas...

- Sei a pergunta que tem em mente e te digo que apesar de não estarmos casados, estamos convivendo e parecemos um casal, então também vou aprender a conviver contigo, ajudar-te e entender-te.

- De certa maneira, você tem razão.

- Sim. Que tal se formos dormir?

- Primeiro, devemos dar algo para comer a Hedone, também nós comer algo e prepará-la para dormir.

- Vai ao quarto, sobre a cama te deixei um presente.

- Presente?

- Sim, é um novo pijama. Troque-se e te esperamos no jantar, eu vou acordar a Hedone e ajudá-la a se trocar. Depois, irei com ela até abaixo e te esperaremos.

- Está bem.

- Mas certifique-se de vestir o meu presente.

- Está bem.

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