[4] A Fuga

O homem responsável por cuidar dos sequestrados, tinha vários fios de cabelo branco misturado com os fios pretos, o que se fazia notar que tinha mais de quarenta anos de idade. Não era muito forte, e não aparentava ter habilidades. O que fazia ele sempre andar colado em sua arma. Ele era chamado de Zóio, pois seus olhos eram um pouco saltados no rosto.

Ele abriu a porta de ferro com dificuldade, pois em uma das mãos segurava uma sacola com duas garrafas de água, e na outra mão, duas embalagens de isopor com comida. Quando a porta estava se abrindo, o homem foi chutado para trás. Sem reação rápida, ele foi pegar a arma descendo a mão na cintura, porém nesse momento, Brayam lhe golpeou algumas vezes, e em seguida o chutou novamente até o ver cair no chão atordoado.

Brayan: Vamos Alisson!

Alisson mesmo apressado, andava devagar por estar com febre e bem abatido. Ele passou perto do homem no chão e pegou a sacola com as garrafas de água antes de seguir Brayan. Os dois correram subindo as escadas de volta, até chegarem a mesma área a aberta, onde eles foram colocados inicialmente.

Brayan: E agora? Para onde?

Alisson puxou o braço de Brayan, o fazendo encostar em seu corpo, e ao mesmo tempo o escondendo, atrás da viga de concreto, no intuito de impedir que ele fosse para o lado direito. Àquela direção, tinha um homem armado rodeando o local.

Brayan sentiu o calor do corpo de Alisson por alguns segundos. Os dois se olharam, de uma forma cooperativa.

Alisson: °Vamos entrar naquele mato ali!°

Brayan: °Entendi.°

Correndo para dentro do matagal, os dois seguiram até que o local foi ficando mais denso em floresta, e árvores altas.

[...]

Alisson: Eu... Estou muito cansado! Não consigo mais andar. Acho que não estão nos seguindo certo? Preciso me sentar um pouco.

Brayan: Acho que não. Você ainda está com febre. O que está sentindo?

Alisson pegou uma das garrafas de água da sacola e deu à Brayan.

Alisson: Um lixo. Ao menos não vou morrer naquele porão horrível.

Brayan: Você não vai morrer! Que bom que pegou a água. Beba tudo, isso vai te ajudar com a febre.

Alisson: Agora só precisamos ser cuidadosos e vamos conseguir voltar para casa.

Brayan: Não estamos em Obakane. Isso ficou bem claro para mim. Vamos procurar uma estrada e pedir carona.

Alisson: Não podemos fazer isso agora. A primeira coisa que eles vão fazer é nos procurar, justamente na estrada. Temos que aguentar firme aqui, ao menos até amanhã a noite.

Brayan: Aguentar firme no meio do mato?

Alisson: Isso mesmo. Não é agradável para mim também. Mas se não formos inteligentes agora. Seremos pegos de novo.

Brayan: Tem razão. Vamos ver se achamos agua por aqui, uma fonte nas pedras, assim podemos encher as garrafas. Você precisa beber mais água, então fique com o restante da minha.

Alisson: Não precisa. Eu estou bem melhor.

Brayan: Ok. Vamos continuar então? {Ele é bem teimoso. Vou guardar o restante de água. Se não encontrarmos, ele precisa beber.}

Alisson: Sim. Vamos.

Novamente caminhando, por uma hora, eles já estavam começando a sentir efeitos do sol, que esquentou toda a floresta. Decididos a parar um pouco para descansar, eles avistaram um rio a frente.

Alisson: Olha! Que ótimo!

Brayan: Sim, tão perfeito que até parece mentira.

Brayan prontamente foi encher as duas garrafas. E quando olhou para o lado, viu Alisson tirando a roupa.

Brayan: {Ele vai nadar?}

Alisson entrou no rio, sem nenhuma peça de roupa.

Brayan: {Ele parece mais alegre.}

Alisson passou a mão no rosto, para limpar do sangue seco. O frescor da água, aliviou o incomodo das dores. E lavo a sujeira de seu corpo.

Alisson: Não quer entrar? A água está ótima.

Brayan sentiu seu rosto esquentar.

Brayan: Não, está gelada de mais para mim.

Alisson: Sabe... Uma vez, a minha avó disse que deveríamos aproveitar tudo que encontrarmos de bom, mesmo nos piores momentos de nossas vidas. Essa água aqui, é a melhor coisa que aconteceu até agora.

Brayan: Sua avó deve ser uma mulher bem otimista.

Alisson: E ela era. Ela teve cinco filhos. Todos eram Alfas como ela. O Mais velho se casou com uma Beta e teve dois filhos Alfas. O Segundo decidiu que não se casaria com ninguém. Ele não sentia atração sexual nem por homens, e nem por mulheres. Ele ganhou uma bolsa de estudos fora do País, e nunca mais voltou. A vovó só via ele nos finais de ano. O Terceiro e Quarto filho, eram terríveis. Eles brigavam muito. Se odiavam porque um sempre queria ser melhor que o outro sabe? Então um dia, o mais novo, o quinto filho, saiu com eles de carro. Eles brigaram e perderam o controle da direção, e no acidente, o irmão caçula faleceu. Minha avó, nunca perdeu o sorriso do rosto, nem nos seus piores momentos.

Brayan: Nossa! Que terrível. Eu lamento.

Alisson: Obrigada, porque esse ultimo filho que faleceu, era o meu pai. Um Alfa totalmente diferente dos outros. Extremamente calmo e gentil. Ele gostava de coisas intelectuais e delicadas ao mesmo tempo. Ele também era mestre na paciência. Ele conheceu a minha mãe em um jogo de xadrez. Mas ela faleceu quando eu nasci.

Brayan: Que triste. Então você nunca conheceu sua mãe?

Alisson: Não. Nem por fotos. Ela odiava tirar fotos.

Brayan: Então a sua vó te criou? Depois que o seu pai faleceu?

Alisson: Não. O meu tio, o Terceiro filho, chamado Amadeu, quiz me criar para compensar a culpa que sentia em matar o meu pai.

Brayan: Ele foi bom para você?

Alisson: Ele teve boas intenções. Mas, era muito rude, grosseiro e violento. Ele não gostava do fato de eu ter nascido Ômega; Mas, mesmo assim, foi o único que não virou a cara para mim.

Brayan: Seus parentes ignoravam você?

Alisson: Sim. Foi quase como uma maldição ter nascido um Omega na familia.

Brayan: E quem era a pessoa que poderia pagar seu resgate? Esse seu tio?

Alisson: Não. Se meu tio souber disso, ele vem aqui e mata todos esses homens.

Brayan: Então a gente já deveria ter chamado ele.

Alisson: Meu tio é um chefe de uma gangue. Quando eu digo violento, nada do que você pensar vai chegar perto. Ele parece um demônio. A sorte que eu tenho, é que ele gosta mesmo de mim.

Alisson saiu da água.

Brayan: {Ele sai assim? Tranquilo, sem vergonha alguma? Ele... Nossa! Como ele é bonito!}

Alisson: Eu vou voltar para ele depois disso tudo. Nunca devia ter saído de lá. Ultimamente, a minha vida tá uma merda! E começou antes de eu ser sequestrado. Mas chega de falar de mim. Fala um pouco sobre você!

Brayan: Eu... Eu sou médico farmacêutico...

Alisson: Isso eu já sei.

Brayan: Eu trabalho criando remédios, soros e outras coisas.

Alisson: Supressores?

Brayan: Sim, também.

Alisson: Que interessante.

Brayan: O meu pai já é falecido também. Moro com a minha mãe e tenho dois irmãos mais novos, que são Alfas e... Também são meio estranhos.

Alisson riu

Alisson: É sempre assim. Os Alfas são extremos. Eu sou o único Ômega da minha família. Então, imagina o quanto conheço de comportamento Alfa.

Brayan: Deve ser. Mas a minha mãe, é Ômega. E ela é a pessoa mais forte que eu conheço. Coloca qualquer Alfa no chinelo.

Alisson: Hmm, É mesmo. Você comentou sobre a sua mãe. E eu quero mesmo conhecer a sua mãe. Preciso muito de uma pessoa Ômega assim, para me espelhar. Quem sabe me fazer mudar a minha opinião sobre isso. Posso conhecer sua mãe?

Brayan: Você... pode conhecer a minha família toda se quiser.

Alisson: É legal. Porque nós estamos criando uma ligação aqui. Nunca vamos esquecer dessa situação, não é?

Brayan: Si...sim. Bem, acho melhor você se vestir logo.

Alisson: É mesmo.

Brayan: Então... É só porque a febre, e ficar assim na friagem, não é bom. °Caramba! Como pode ser tão bonito!?°

Alisson: O que disse? Fala mais alto.

Brayan: Você... parece um ator. É bem o meu tipo, ah! Eu... Eu quis dizer o tipo de filme que eu curto.

Alisson: Filmes para Adultos? Acha que eu pareço um ator de safadeza?

Brayan: Não! Não.... Não foi o que eu disse. (⁠~⁠_⁠~⁠;⁠)

Alisson: É, vamos para o segundo dia fora de casa. Temos que procurar um lugar para dormir... Talvez ali!

Alisson apontou um grande tronco de árvore.

Brayan: Ali?

Alisson: Sim, vem.

Alisson pegou um galho, e começou a raspa lo no chão.

Brayan: O que você está fazendo?

Alisson: Limpando o chão. Vamos dormir encostados nesse tronco, porque ele vai servir como um bloqueio de vento, e também nos proteger. Não podemos acender uma fogueira, se não chamaríamos a atenção dos bandidos.

Brayan: Fogueira? Como assim?

Alisson: Você nunca acampou?

Brayan: Não.

Alisson: Nem assistiu àqueles reality de sobrevivência?

Brayan: Também não.

Alisson: Então, só faz o que eu mandar.

Brayan sorriu.

Brayan: Como quiser.

Após limparem um canto colado no tronco, os dois se deitaram.

[...]

Ao cair da noite, o frio dominou a floresta.

Alisson não demorou muito para começou a tremer.