Capítulo 11

POV Allen

Acordei com uma sensação de vertigem e dor espalhando-se por todo o meu corpo. No início, achei que tivesse sido um sonho ruim, algo demasiado real para ser apenas um pesadelo, mas quando tentei me mover, a dor nos meus pulsos e tornozelos me fez gemer involuntariamente.

Confuso, olhei ao redor, esperando encontrar algum sinal de que tudo tinha sido uma alucinação, porém, quando meus olhos encontraram as marcas vermelhas e roxas nos meus pulsos e tornozelos, a realidade me atingiu com força. Não tinha sido um sonho, tudo o que aconteceu era real.

O pânico começou a se instalar enquanto minha mente revisava os eventos da noite anterior. A imagem de Oliver, a corda ao redor do meu pescoço, a câmera, tudo se encaixava em seu lugar, formando uma verdade aterrorizante e inevitável.

Levantei-me lentamente, sentindo a ardência em meu corpo a cada movimento. Percebi que estava completamente nu. Meu coração batia forte enquanto tentava assimilar o que tinha acontecido.

Meu olhar foi automaticamente para a escrivaninha e vi um bilhete. Peguei-o com mãos trêmulas e o li.

As palavras escritas naquela nota me encheram de uma mistura de raiva e desespero. Oliver tinha acertado em cheio, e agora tinha uma arma poderosa contra mim. Nunca imaginei que ele pudesse ser capaz de algo assim, mas claramente o tinha subestimado.

Levantei da cama com dificuldade, sentindo cada hematoma e arranhão em minha pele. Cada passo em direção ao banheiro era uma dolorosa confirmação do que tinha acontecido. Enquanto me olhava no espelho, os olhos que me devolviam o olhar não eram os do alfa confiante e arrogante que todos conheciam, eram os de alguém humilhado, derrotado.

De repente me dei conta e fui atingido por aquele aroma inconfundível, o aroma de Oliver. Estava impregnado no quarto, envolvendo-me, lembrando-me da humilhação da noite anterior. No início, pensei que fosse um lembrete do nojo e desprezo que sentia por ele e sua casta.

No entanto, enquanto me movia pelo quarto, notei algo que me desconcertou profundamente. Meu corpo, em vez de reagir com repulsa, respondia de uma maneira completamente diferente. Uma sensação de calor começava a acumular-se em meu abdômen, e antes que pudesse impedi-lo, senti uma ereção se formando.

Não podia acreditar no que estava acontecendo. Era como se meu corpo traísse cada pensamento e emoção que eu tinha sobre Oliver e os sigmas. Engoli em seco com dificuldade, sentindo o desejo se misturar com a confusão e a raiva.

Tentei me afastar do aroma, abrir uma janela para deixar entrar ar fresco, mas não conseguia escapar da sensação que me dominava. Minha mente estava em guerra com meu corpo, lutando para reconciliar o que eu sentia com o que pensava.

-Isso não pode estar acontecendo...- Murmurei para mim mesmo, mas a ereção persistia, implacável, lembrando-me de que havia algo em Oliver, algo em seu aroma, que me afetava de uma maneira que não conseguia compreender nem aceitar.

Deixei-me cair na beira da cama, tentando controlar minha respiração e acalmar meus pensamentos. Não podia permitir que Oliver tivesse mais poder sobre mim, não só emocionalmente mas também fisicamente. Precisava de uma solução, e a precisava rápido.

Enquanto minha mente corria buscando uma saída, uma estratégia, percebi que isso era mais complicado do que tinha imaginado. Oliver não só tinha encontrado uma maneira de me humilhar, mas de alguma forma, tinha conseguido que meu próprio corpo se voltasse contra mim.

Entrei no banheiro para tomar um banho, e ao sentir a água quente do chuveiro cair sobre minha pele, me esforcei para relaxar, deixando que o vapor envolvesse meu corpo e acalmasse meus pensamentos. Fechei os olhos, tentando afastar as imagens da noite anterior, mas era impossível. Tudo o que podia pensar era em Oliver, na forma como ele me havia submetido e no fato de que meu corpo tinha reagido dessa maneira.

Enquanto lavava cada canto do meu corpo, tomei um momento para aliviar a ereção que ainda persistia. Fiz isso com uma mistura de urgência e frustração, querendo me livrar de qualquer traço físico do que tinha acontecido. Senti uma onda de alívio, mas também de vergonha, sabendo que a situação era completamente diferente de qualquer outra que tinha experimentado.

Uma vez fora do chuveiro, vesti-me com cuidado. Optei por uma camiseta de mangas compridas e gola alta, assegurando-me de que nenhuma marca das cordas fosse visível. A mera ideia de que alguém pudesse ver essas marcas e pensar que eu gostava de BDSM ou que desfrutava ser dominado me enchia de asco.

Olhei-me no espelho, vendo no reflexo um rapaz alfa que, pela primeira vez em muito tempo, se sentia vulnerável. Não podia permitir que isso se mostrasse, não podia deixar que alguém suspeitasse do que tinha acontecido.

Saí do meu quarto com a determinação de retomar o controle da minha vida. Não importava o que Oliver tinha feito ou como ele me tinha feito sentir, não ia deixar que isso definisse meu futuro. Caminhei pelo corredor com a cabeça erguida, fingindo uma confiança que não sentia completamente.

As aulas de segunda-feira me esperavam e, embora minha mente ainda girasse em torno dos eventos do final de semana, eu tinha que me concentrar. Cada passo que dava, cada olhar que evitava, era um lembrete da batalha interna que estava travando. Oliver tinha desafiado tudo o que eu acreditava saber sobre mim mesmo e agora tinha que descobrir como enfrentar esse novo conhecimento sem me perder no processo.

Enquanto atravessava o campus, cumprimentava meus amigos com o mesmo sorriso confiante de sempre, mas por dentro, me preparava para uma semana que sabia que seria mais difícil do que qualquer outra. Tinha que manter a fachada, tinha que seguir em frente, embora o aroma de Oliver e a lembrança do seu toque estivessem gravados em minha mente.

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