Capítulo 4

POV Oliver

O dia seguinte transcorreu numa espécie de névoa ansiosa. Tentava concentrar-me nas aulas, mas a tensão do encontro com o Allen não me saía da cabeça. À medida que o dia avançava, sentia-me como se estivesse a andar na corda bamba, temendo o momento em que tudo desabaria.

Caminhava por um dos corredores da universidade, esperando passar despercebido na multidão de estudantes que se moviam ao meu redor. No entanto, quando pensava que poderia ter um momento de paz, senti uma mão firme agarrar meu braço com força.

Meu coração deu um salto quando me virei e vi o Allen, a sua expressão decidida e os seus olhos brilhando com uma mistura de desafio e algo mais que não consegui identificar. Tentei soltar-me, mas ele era muito forte. Antes que pudesse protestar, o Allen começou a arrastar-me pelo corredor.

— O que estás a fazer? — consegui perguntar, a minha voz pouco mais que um sussurro, enquanto tentava manter a calma.

Ele levou-me para um local mais afastado do campus, longe dos olhares curiosos dos outros estudantes. Finalmente, ele largou-me, mas não se afastou. Consegui sentir a tensão no ar enquanto ele me olhava fixamente, como se estivesse a tentar decidir o que fazer comigo.

— Sabes? — disse o Allen por fim, quebrando o silêncio. — É curioso como algumas pessoas tentam ser algo que não são, como se um simples comprimido pudesse mudar quem são realmente.

O seu comentário atingiu-me como uma bofetada. Senti um nó na garganta enquanto tentava manter a compostura. Sabia que ele se referia aos inibidores que tomava para esconder a minha verdadeira natureza, mas não entendia por que é que isso lhe interessava tanto.

— O que queres, Allen? — perguntei, a minha voz tremendo ligeiramente. Precisava de respostas, precisava de saber o que ele planeava fazer com a informação que tinha sobre mim.

O Allen olhou para mim durante um longo momento, a sua expressão indecifrável.

— Ainda não pensei nisso. — disse ele finalmente, com um sorriso torto. — Mas podias começar por fazer o meu relatório, sabes, aquele que nos pediram.

O meu coração afundou-se. O relatório era longo e complicado, algo que exigia tempo e um esforço considerável. O Allen sabia disso, e era claro que estava a usá-lo como forma de exercer controlo sobre mim.

— Não penso fazê-lo. — disse, tentando parecer firme.

O Allen arqueou uma sobrancelha, o seu sorriso aumentou.

— Sabias que, embora por fora pareçam mais alfas, por dentro não são muito diferentes de um ómega? — disse ele, a sua voz tingida de escárnio. — Pergunto-me como reagiria um sigma ao ser subjugado pelas feromonas de um alfa dominante. Entrarias em cio no meio da universidade, ficando em vergonha e deixando que todos soubessem que és um sigma?

Senti uma onda de pânico perante as suas palavras. A ideia de perder o controlo em público e revelar o meu segredo era aterradora. O escárnio na sua voz e a ameaça implícita eram demasiado claras.

— Está bem… — disse, rangendo os dentes, a minha voz tremendo com uma mistura de raiva e medo. — Eu faço o relatório.

O Allen assentiu, satisfeito.

— Perfeito, e certifica-te de que está perfeito. Não irias querer que este pequeno segredo se tornasse do conhecimento público, pois não?

Assenti em silêncio, sentindo-me encurralado.

— E não te iludas, Oliver. — acrescentou o Allen com um sorriso sarcástico. — Provavelmente, todos sentirão nojo de ti quando souberem que és um sigma, uma aberração.

O seu comentário ecoou na minha mente, enchendo-me de uma sensação de desespero e medo pelo que o futuro me reservava.

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