Capítulo 12

Ponto de vista de Allen

O campus estava cheio de estudantes, rindo e conversando enquanto se dirigiam para suas aulas. Eu, no entanto, não conseguia parar de pensar no que havia acontecido. A sensação do controle desaparecendo, a humilhação e, o pior de tudo, a confusão por minha própria resposta. Eu não estava preparado para enfrentar Oliver, mas ao vê-lo à distância, não consegui resistir à necessidade de confrontá-lo.

Eu o vi caminhando sozinho, com a cabeça baixa, como se tentasse passar despercebido. Meu maxilar se fechou ao me lembrar do que ele havia me feito. Duvidei por um momento, meus pensamentos lutando entre a raiva e a incerteza, mas no final, a decisão foi clara. Não podia deixá-lo me ver como alguém fraco.

Acelerei o passo e, sem pensar duas vezes, o agarrei com força pelo braço. Oliver soltou um grito de dor, mas eu não me importei. Arrastei-o para uma área mais isolada. Eu precisava de respostas e precisava delas agora.

- Que diabos há de errado com você? - Rosnei, segurando-o bruscamente, uma vez que estávamos longe o suficiente. Sua expressão de dor e surpresa só alimentava minha raiva.

Oliver olhou para mim com uma mistura de medo e desafio em seus olhos.

- Me solta, você está me machucando.

- Não exagere. - Resmunguei, mas quando soltei seu braço, notei que minha mão estava manchada de sangue. Meu olhar dirigiu-se às mangas de Oliver, onde vi cortes recentes. A culpa se instalou em meu estômago ao ver a evidência de seu sofrimento. - O que é isso? - Perguntei, tentando parecer zangado, mas a culpa transparecia em minhas palavras.

Oliver desviou o olhar, mas não respondeu imediatamente. O silêncio entre nós tornou-se insuportável. Finalmente, ele levantou os olhos, seus olhos cheios de tristeza e resignação.

- Qual é a sua? - Disse ele, sua voz quase um sussurro. - Isso realmente te surpreende? Tudo isso é consequência de suas ações, de sua intimidação, de suas ameaças...

Minhas mãos tremiam levemente enquanto eu tentava processar suas palavras. Eu não queria acreditar que era responsável por sua dor, mas a evidência estava lá, bem diante dos meus olhos. Os cortes em seus braços eram um testemunho silencioso da minha crueldade.

- Eu não sabia que... - Comecei a dizer, mas as palavras ficaram presas na minha garganta. Eu não sabia como me desculpar, não sabia se um pedido de desculpas sequer adiantaria alguma coisa.

Oliver soltou uma risada amarga.

- Claro que você não sabia. Você nunca se importou com como eu me sentia, não é? Você só se importava em manter sua fachada de alfa perfeito, de garoto popular, mas olhe para nós agora, Allen, olhe para mim, você realmente acha que é melhor do que eu?

A culpa me atingiu com força. Eu não conseguia encontrar uma resposta adequada. Todo o meu ser se sentia dividido entre a raiva, a confusão e uma compreensão crescente da minha própria mesquinhez.

- Sinto muito. - Eu finalmente disse, embora soubesse que essas palavras não podiam desfazer o dano que eu havia causado.

Oliver olhou para mim, avaliando minhas palavras.

- Não estou procurando por sua compaixão, apenas entenda que suas ações têm consequências.

Fiquei em silêncio, assimilando o que ele havia dito. Oliver se virou e começou a se afastar, me deixando sozinho com meus pensamentos e um sentimento de culpa que eu não podia ignorar. Eu sabia que tinha muito o que refletir e que, de alguma forma, precisava encontrar uma maneira de me redimir, mas naquele momento, tudo que eu podia fazer era ficar ali, enfrentando a realidade de minhas próprias ações e as cicatrizes que haviam deixado em outra pessoa.

Enquanto eu observava Oliver se afastar, a compreensão me atingiu com força total, minha brincadeira havia saído do controle. Meses de tortura o haviam levado a isso, a um garoto quebrado e à minha própria culpa me devorando por dentro. Eu tinha que fazer algo, mas pela primeira vez na vida, não sabia por onde começar.

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