CAPÍTULO 10

O dia da festa de Brand se aproximava, mas para mim, era apenas mais um dia comum. Eu não dava a mínima para aquela celebração ou para qualquer coisa que estivesse relacionada a ela.

No entanto, Elias parecia estar determinado a mudar minha opinião. Sua insistência em me convencer a ir à festa era tão persistente que ele começou a aparecer na cafeteria todos os dias. Pedindo sempre a mesma coisa: um café amargo e uma rosquinha.

Eu o observava de longe, perguntando-me o que ele estava tentando provar. Será que ele achava que um café e uma rosquinha seriam suficientes para me convencer a participar de uma festa que eu não tinha interesse em frequentar?

Cada vez que o via ali, sentado em sua habitual mesa no canto da cafeteria, uma sensação de desconforto se instalava em meu peito. Eu não queria ter nada a ver com ele, e muito menos com aquela festa. Mas ele parecia determinado a me fazer mudar de ideia, mesmo que isso significasse invadir meu espaço pessoal todos os dias.

— Acho que vou considerar colocar laxante em seu café, para ver se me livro de você — eu servi seu pedido com um sorriso falso, tentando disfarçar a irritação que sua presença constante causava.

Elias não pareceu se abalar com minha tentativa de provocação. Ele simplesmente pegou a xícara, dando um gole na bebida antes de responder.

— Eu viria da mesma forma, Serena. Mas, deixe-me te perguntar algo. Você já checou seu celular hoje?

Arqueei uma sobrancelha, desconfiada de sua pergunta.

— Não, por quê? É mais um convite idiota? Eu já disse que não vou.

Ele apenas deu de ombros, tomando outro gole de seu café antes de responder.

— Veja e se surpreenderá.

Ao ler a mensagem, meu coração disparou em meu peito. Era uma mensagem que eu nunca esperava receber. Meus olhos correram pelas palavras novamente, certificando-me de que não estava entendendo errado.

"Cara Sra. Lightwood,

Entramos em contato para informá-la sobre sua posição em nosso processo seletivo.

Segue a lista dos selecionados para a primeira chamada da graduação em Matemática."

Uma onda de choque percorreu meu corpo enquanto eu lia aquelas palavras uma e outra vez. Era como se eu estivesse sonhando. Eu tinha aplicado para a faculdade de Matemática há meses atrás, mas nunca imaginei que realmente seria selecionada. Era a oportunidade que eu sempre desejei, mas nunca ousei acreditar que fosse possível.

Olhei para Elias, meu rosto uma mistura de choque e incredulidade. Ele apenas sorriu, como se já soubesse o que estava acontecendo. Era como se ele tivesse planejado tudo desde o início.

— Você viu? — ele perguntou, sua voz suave com uma pitada de triunfo.

Eu não conseguia encontrar palavras para responder. Minha mente estava girando com a realidade do que acabara de acontecer. Eu finalmente tinha a chance de seguir meus sonhos, de escapar da monotonia da cafeteria e buscar uma vida melhor para mim mesma.

Com um suspiro tremido, finalmente encontrei minha voz.

— Sim, eu vi. E eu não sei como reagir à isso. Eu... Eu não sei o que dizer.

Elias apenas sorriu, seus olhos brilhando com uma mistura de orgulho e satisfação.

— Você merece, Serena. Você merece tudo de bom que o mundo tem a oferecer.

Porém, uma dúvida surgiu, acumulando-se com todas as outras que já preenchiam minha mente.

— Espera, como você ficou sabendo disso? — perguntei, minha voz carregada de curiosidade e confusão.

Elias deu de ombros, um sorriso misterioso brincando em seus lábios.

— Tenho meus métodos — respondeu enigmaticamente.

Eu franzi a testa, tentando entender o que ele queria dizer com aquilo. Como ele poderia ter acesso a informações tão pessoais sobre mim?

— Como você sabe tudo sobre mim? — minha pergunta saiu quase como um sussurro, carregada de perplexidade.

Elias me encarou por um momento, seus olhos profundos e penetrantes.

— Essa é a função de um anjo da guarda, né? — disse ele, com um tom leve, mas com uma seriedade subjacente que enviou arrepios pela minha espinha.

Aquelas palavras ecoaram em minha mente, deixando-me atordoada. Um anjo da guarda? Aquilo era apenas uma brincadeira, certo? Ou Elias estava insinuando algo mais profundo? Eu não sabia o que pensar, mas uma coisa era certa: Elias sabia muito sobre mim.

Enquanto eu tentava processar o que acabara de ser revelado, Elias permanecia ali, observando-me com um olhar compreensivo. Era como se ele soubesse exatamente o turbilhão de emoções que se agitava dentro de mim naquele momento.

— Desculpe se te peguei de surpresa com essa revelação — disse ele, sua voz suave e reconfortante. — Eu só queria te mostrar que você não está sozinha, Serena. Eu estarei sempre aqui para te apoiar, não importa o que aconteça.

Eu dei uma risada incrédula, achando a ideia absurda.

— Você?! Meu anjo da guarda? Haha, não esqueço que foi você o culpado por isso — apontei para minha perna ainda engessada, lembrando-me do incidente na cafeteria. — Você e sua irmã.

— Pois então, duvide! — Elias respondeu, desafiador — Saber onde você mora, seu trabalho e número de telefone não é suficiente? Ok! Vamos lá. Você adora massa, especialmente aquele macarrão com molho de tomate que sua avó costumava fazer aos domingos. — Sua voz era calma e tranquilizadora, como se estivesse lembrando de momentos felizes. — Seu suco favorito é de laranja, mas você também não dispensa um bom suco de uva. Quanto à sua série preferida, é "Vikings", você sempre diz que é sua terapia depois de um dia difícil. E seu livro favorito é "O Retorno do Rei", você o releu tantas vezes que perdeu a conta.

Fiquei sem palavras diante da precisão de suas observações. Como ele podia saber tantos detalhes sobre mim?

— E quanto aos seus pais... — Elias continuou, seu tom ficando um pouco mais sério. — Eles eram pessoas incríveis, eu sei. Você os ama muito e sente muito a falta deles. A maneira como eles partiram foi... difícil para você. Mas você é forte, Serena. Você sobreviveu a isso, e eu estou aqui para ajudá-la a seguir em frente.

Suas palavras trouxeram à tona uma enxurrada de emoções que eu tinha tentado reprimir por tanto tempo. Era estranho ouvir alguém falar sobre meus pais com tanta empatia e compreensão, como se realmente os conhecesse.

— Como você sabe disso tudo? — perguntei, minha voz vacilante com a mistura de surpresa e curiosidade.

Elias apenas sorriu, seus olhos transmitindo uma calma reconfortante.

— Alguns segredos são melhores guardados assim, Serena. Mas saiba que estou aqui para você, sempre.

Elias assentiu, ainda com aquele sorriso enigmático nos lábios.

— A festa de Brand pode ser uma boa oportunidade para você relaxar um pouco, se divertir e conhecer novas pessoas. Além disso, você merece um momento de descontração depois de tudo o que passou.

Sua sugestão me fez hesitar. Eu não tinha vontade alguma de sair de casa naquela noite, muito menos para uma festa cheia de desconhecidos. No entanto, uma parte de mim reconhecia a necessidade de tentar algo novo, de sair da minha zona de conforto, mesmo que apenas por uma noite.

— Talvez eu deva considerar — murmurei, mais para mim mesma do que para Elias.

Ele assentiu novamente, parecendo satisfeito com minha resposta.

— Não se preocupe, estarei por perto para garantir que nada de ruim aconteça. Você pode confiar em mim, Serena. Vai ser legal. E ah, Angeline vai estar lá também.

Senti um leve sorriso se formar em meus lábios diante da promessa de proteção de Elias. Talvez, só talvez, a festa de Brand não fosse tão ruim assim.

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