Eu estava feliz pela nossa noite de núpcias. Minha primeira noite de núpcias para valer. Esperei tanto.
Nenhum de nós dois pronunciou nenhuma palavra no caminho para a mansão de Dante, no bairro de Gold Coast, em Chicago.
Parecia estar se tornando uma tradição abominável para nós.
Ocupei-me observando o trânsito pela janela do passageiro enquanto tentava desesperadamente esconder meu nervosismo crescente. Será possível se sentir animada e com medo ao mesmo tempo?
Dante diminuiu a velocidade à medida que nos aproximávamos de uma mansão marrom clara enorme de três andares. Portões de ferro forjado abriram-se quando Dante apertou um botão no painel e entramos, e então, fomos em direção à garagem dupla. A mansão da minha família não ficava muito longe dali. Era menor que a de Dante, o que já era esperado. O subchefe não poderia ter uma casa maior que a do Capo.
Depois de Dante estacionar perto de uma Mercedes SUV, ele saiu do carro. Deu a volta e abriu a porta para mim, depois, estendeu a mão e me ajudou a sair, o que estava complicado por causa do vestido. Sua mão era quente e firme. Sempre me surpreendia não achar sua pele tão fria quanto sua personalidade.
Ele me soltou assim que fiquei de pé, e quase cheguei a pegar sua mão, mas me detive. Não queria pressioná-lo. Talvez ele só se deixasse descontrair a portas fechadas.
Ele me levou por uma porta lateral no hall de entrada da mansão. O piso e a escadaria eram de madeira maciça escura e um lustre nos lançava um brilho leve. Era estranhamente calmo. Eu sabia que Dante tinha uma empregada e uma cozinheira, que tratava dos assuntos domésticos para ele.
— Dei folga para Zita e Gaby hoje — anunciou com indiferença. Será que ele me decifrava tão facilmente assim?
— Que bom — falei, e logo me retraí pelo tom que isso devia ter soado. Não era como se eu pensasse que iríamos entreter a casa toda com nossos barulhos no quarto, mas preferia ter privacidade total na nossa primeira noite juntos.
Dante foi direto para as escadas, depois, parou com uma mão no corrimão para olhar para mim. Eu parei no meio do salão, mas logo me apressei em ir até ele e o segui escada acima. Meu estômago se contorceu de nervoso.
Era minha segunda noite de núpcias, mas eu era praticamente tão inexperiente quanto há alguns anos, algo que eu esperava de verdade que mudasse esta noite. Antonio e eu nos beijávamos vez ou outra no início do casamento, e ele tocou meus seios por cima da camisola algumas vezes, mas quando ficou claro para mim que isso não era do interesse dele, nós deixamos de lado nossas tentativas inúteis de intimidade.
Eu queria me tornar uma esposa de verdade, uma mulher de verdade, e diferente de Antonio, sabia que Dante era perfeitamente capaz de consumar nosso casamento. Mas esse também era um problema. E se Dante percebesse que eu sou virgem? Será que eu conseguiria esconder isso dele? Talvez se eu pedisse para apagar as luzes, poderia esconder meu desconforto ou culpar o nervosismo por estar com outra pessoa que não fosse Antonio. Mas e se ele sentisse meu hímen? O que eu diria então? Eu deveria ter usado um vibrador para me livrar disso, mas meu lado romântico não queria perder a virgindade com um objeto. Era ridículo!
Meus pensamentos foram interrompidos quando Dante abriu a porta do quarto principal e fez um gesto me convidando para entrar.
Passei por ele, meu vestido de noiva se arrastando levemente com o movimento. Lancei-lhe um breve olhar para avaliar seu humor ao passar, mas, como de costume, sua expressão era indecifrável. A cama king size era de madeira negra com lençóis pretos de cetim.
Por um instante, eu me perguntei se aquele lençol preto estava lá desde a morte da esposa. Um pensamento pior me ocorreu: será esta a mesma cama que ele partilhou com a primeira esposa?
— O banheiro fica naquela porta — informou Dante, acenando em direção à porta de madeira escura à minha direita.
Hesitei. Será que queria que eu tomasse um banho? Ele fechou a porta do quarto e começou a tirar a gravata. Será que ele queria me despir? Ele foi até a janela e olhou para fora, virado de costas para mim. Entendi a indireta. Decepcionada, entrei no banheiro de mármore. Era de mármore negro, acho que talvez Dante só gostasse de preto mesmo. Fui a passos largos até a janela que tinha a mesma vista do quarto, me perguntando se Dante via a mesma coisa que eu: o lago turbulento, as nuvens escuras salpicando o céu azul noturno e a lua cheia esmaecida; ou será que ele estaria distante, perdido nas lembranças? O pensamento me deixou desconfortável; me afastei da janela, começando a me despir antes de tomar um banho rápido. Já havia depilado minhas pernas me preparando para o casamento como mandava a tradição, então, não precisava mais fazer isso. Depois de me enxugar, vesti a camisola de seda cor de ameixa que comprei para a ocasião e escovei meus cabelos. Meu estômago contorceu novamente por causa do nervoso e da expectativa. Levei um tempinho para me preparar, para parecer totalmente com a mulher experiente que eu deveria ser; depois, voltei ao quarto. Dante não havia se mexido do lugar onde estava na janela. Permiti-me um momento para admirá-lo em seu terno preto. Estava com as mãos nos bolsos, um homem forte e sofisticado, intocável. Um homem de gelo, frio, insensível, controlado.
Limpei a garganta de nervoso e ele se virou para mim. Seus frios olhos azuis analisaram meu corpo rapidamente, mas sua expressão não mudou, não havia nenhuma fagulha de desejo. Não havia nada. Ele poderia muito bem ter sido esculpido em pedra.
Antonio pelo menos elogiou como eu estava bonita vestida de noiva.
Ele até me beijou, tentou fingir que poderia me desejar, porém, acabou se tornando óbvio bem rápido que aquele beijo não promoveu nenhuma alteração nele.
Mas o que impedia Dante? Murchei por dentro com a reação dele. Eu sabia que muitos homens me consideravam agradável ao olhar e nenhum deles me viu tão pouco vestida, mas Dante não parecia estar interessado em mim. Eu sabia que sua esposa não parecia nem um pouco comigo. Enquanto eu sou alta e morena, ela era pequenina com os cabelos castanho-claros.
— Você pode se deitar. Vou tomar um banho — falou. Seu olhar se alterou por um tempo ínfimo, mas ele logo entrou no banheiro e fechou a porta.
Tentando conter minha frustração, fui para a cama e me enfiei debaixo das cobertas. Em relação a Antonio, eu sabia que ele não reagiria ao meu corpo do jeito que eu gostaria, mas pensei que com Dante seria diferente. Quem sabe ele não precisasse de um tempo para organizar seus pensamentos... O dia não devia ter sido fácil para ele hoje. Ele amou a esposa e casar de novo deve ter sido bem complicado. Talvez ele precisasse de um banho para se preparar psicologicamente para a noite de núpcias.
O banho demorou demais e minhas pálpebras começaram a pesar. Tentei lutar contra o cansaço, mas em algum momento acabei pegando no sono porque despertei no susto quando a cama afundou. Meus olhos correram para o lado onde Dante se deitava.
Ele estava com o peito nu e eu não quis nada além de passar minhas mãos pela sua pele levemente bronzeada, sua barriga durinha e seu peitoral. Ele pousou os olhos frios em mim. Era impossível saber no que ele pensava. Será que ele me procuraria agora?
Deitei de costas, esperando que ele fizesse alguma coisa, nervosa, ansiosa e apavorada. Tive que me impedir de dar o primeiro passo. Seria muito atrevimento.
— Meu dia começa cedo amanhã — disse ele simplesmente, depois, apagou a luz e virou para o outro lado.
Que bom que a escuridão escondeu meu espanto e minha decepção. Esperei por mais alguns minutos para ver se ele mudava de ideia, exigia seu direito, mas nada. Ele estava deitado ao meu lado quieto e imóvel, com as costas a poucos centímetros do meu braço.
Fui tomada pela dor e virei para o outro lado, dando as costas para ele. Dante gostava de mulheres, então, por que ele não queria dormir comigo? O que tinha de errado comigo para depois de duas noites de núpcias ainda estar tão intocada quanto a neve virgem?
Não sei se conseguiria passar por isso de novo. Queria experimentar a luxúria, queria ser desejada. Sempre soube que tentar seduzir Antonio era uma batalha perdida, mas pelo menos precisava tentar com Dante. Mesmo que ele ainda amasse a esposa, ele era homem, tinha desejos, e eu era perfeitamente capaz de dar o que ele precisava, ao menos fisicamente, mesmo que ele mantivesse seus sentimentos trancados.
Fiquei ouvindo sua respiração tranquila. Embora não estivéssemos nos tocando, podia sentir o calor irradiando dele. Ele não era um homem de gelo. Tinha que ter um jeito de tirar essa máscara.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Daires Alves
nossa que decepção em Dante kkk..
Valentina tá com fogo kkkk..
2024-03-20
2
XandeLili Cáffaro
falhooouuu aff😳
2024-03-19
0
Maria Izabel
Eitaaa que o fogo apagou kkkk ou melhor não acendeu tenha paciência Valentina o seu primeiro dia vai chegar 💓♥️♥️😍😍❤️
2024-03-18
6