capítulo 2

Dante me buscou faltando quinze minutos para as 18h, como prometido. Nem um minuto a mais nem a menos. Não esperava que fosse diferente. Meus pais já haviam saído alguns minutos antes.

Como futuro chefe da Outfit, Dante não podia chegar cedo demais à festa.

Ele vestia um terno completo azul marinho com risca de giz azul clara e uma gravata combinando. Congelei por um segundo quando o vi. Meu vestido também era azul marinho. As pessoas pensariam que tínhamos combinado de propósito, mas nada poderia ser feito quanto a isso agora. Eu fiz uma dieta detox rigorosa por três dias para caber no vestido justo de frente única; não iria trocar de roupa. Apesar de a saia longa alcançar minhas panturrilhas, a fenda que chegava às minhas coxas me permitia andar pelas escadas sem muita dificuldade.

O olhar de Dante me analisou rapidamente. — Você está linda, Valentina. — Ele estava sendo educado. Não havia absolutamente nenhum indício de que realmente me achasse atraente.

— Obrigada. — Sorri e dei um passo em direção a ele, que tocou a base das minhas costas, me conduzindo ao seu Porsche preto estacionado ao meio-fio, e se contraiu ao encostar a palma da mão na minha pele nua. Não tinha certeza, mas pensei ter ouvido um suspiro escapar dele e a ideia de que poderia ter sido provocado por mim, juntou com a sensação de seu toque e me deu um arrepio de prazer na espinha. Ele colocou levemente a mão nas minhas costas, e não deu nenhum outro indício de que se surpreendeu com minha nudez parcial enquanto me guiava à porta do passageiro e a abria para mim. Quase tonta por causa da vitória pelo fato de que conseguira uma reação do homem de gelo, entrei no carro. Quando estivermos casados, tentarei isso com mais frequência.

*** Os outros convidados já tinham chegado quando paramos em frente à mansão Scuderi. Poderíamos ter andado se não fosse pelos dez centímetros de neve, a preocupação com a segurança e meus saltos altos. Dante nem se incomodou em conversar sobre qualquer coisa durante o percurso. Ele parecia mesmo distante. Quando colocou a mão nas minhas costas nuas desta vez, não houve nenhuma reação visível.

Ludevica Scuderi abriu a porta para nós. Rocco, seu marido, o atual Consigliere do pai de Dante, pairava atrás dela com as mãos em seus ombros. Ambos sorriram largamente nos conduzindo para dentro, no hall de entrada agradavelmente aquecido. Uma árvore de Natal de dois metros e meio, decorada com bolas vermelhas e prateadas, dominava o espaço.

— Estamos muito contentes que puderam vir — disse Ludevica cordialmente.Rocco apertou a mão de Dante. — Preciso te parabenizar pelo excelente gosto. Sua futura esposa é admirável, Dante.

Era óbvio que eles estavam se esforçando para serem gentis.

Embora fosse desejável que o novo Capo mantivesse o Consigliere de seu antecessor, não era uma tradição, então, Dante poderia nomear um novo Consigliere quando substituísse o pai.

Dante inclinou a cabeça e voltou a colocar a mão em minhas costas.

— Ela é — respondeu simplesmente e só o que eu pude fazer foi sorrir.

Ludevica agarrou minhas mãos. — Ficamos felizes quando descobrimos que Dante te escolheu. Depois de tudo pelo que passaram, é justo que o destino os una.

Não tinha certeza do que dizer sobre isso. Talvez ela estivesse sendo sincera. Difícil dizer. Afinal, eles tentaram casar Gianna com Dante antes.

— Obrigada. É muito gentil da sua parte.

— Entrem. A festa não é aqui no hall — falou Rocco, gesticulando para que fôssemos para a sala de estar. Risos e vozes vinham lá de dentro.

— Aria está muito animada para vê-la novamente — anunciou Ludovica enquanto entrávamos na sala de estar. Não tive tempo de manifestar minha surpresa com a presença de Aria porque, assim que fomos avistados pelo grupo, as pessoas reuniram-se à nossa volta, nos parabenizando pelo noivado e pelo casamento iminente.

Entre apertos de mão, examinei o recinto. Aria estava parada no outro lado da enorme sala, perto de outra árvore de Natal gigante e de seu não menos gigante marido, Luca, que mantinha uma mão possessiva em sua cintura. Não avistei Gianna nem Matteo em lugar nenhum. Se a fofoca que minha mãe contou era verdadeira, os Scuderi estavam preocupados que a filha do meio pudesse provocar uma cena.

Dante mexeu o polegar nas minhas costas e me arrepiei. Meu olhar se voltou para ele, depois para o casal à nossa frente, que eu tinha ignorado completamente porque fiquei olhando para Aria e Luca. Coloquei meu sorriso mais luminoso no rosto e abracei Bibiana.

— Como você está? — Sussurrei. Ela me apertou brevemente, depois se afastou com um sorriso forçado. Essa era a única resposta que eu iria conseguir na presença de outras pessoas.

Tommaso, seu marido, que era trinta anos mais velho que ela, gordo e careca, beijou minha mão, o que teria sido aceitável se não fosse pelo seu olhar. Desconfiado era a melhor palavra para descrevê-lo. Os dedos de Dante nas minhas costas tensionaram e eu arrisquei olhar para ele, mas sua expressão era a mesma máscara impassível de sempre. Ele olhou fixamente para Tommaso e o homem saiu rapidamente com Bibiana.

Um garçom carregando uma bandeja de bebidas parou ao nosso lado, Dante pegou uma taça de champanhe para mim e um scotch para si. Agora que a enxurrada de votos de felicidade tinha finalmente diminuído, Luca e Aria cruzaram o salão em nossa direção. O comportamento de Dante mudou tão discretamente quanto o de um tigre sentindo a presença de outro predador em seu território. Ao invés de ficar tenso, ele relaxou, tentando mostrar que não estava preocupado, porém, seu olhar apresentava-se alerta e calculista.Luca e Dante cumprimentaram-se com um aperto de mãos, ambos exibindo um perturbador sorriso cheio de dentes. Ignorando-os, sorri para Aria, verdadeiramente feliz por vê-la novamente. Já fazia meses. Ela parecia bem mais tranquila do que no dia do seu casamento.

— Você está maravilhosa — elogiei enquanto a abraçava. Ela usava um vestido vermelho escuro que contrastava lindamente com seus cabelos loiros e sua pele clara. Não era por acaso que Luca não tirava os olhos dela.

— Você também — retribuiu dando um passo atrás. — Posso ver as costas?

Virei-me.

— Uau! Ela não está maravilhosa?

A pergunta não foi direcionada a Luca e gerou um hiato constrangedor fazendo a tensão disparar. Dante envolveu minha cintura com o braço, olhando friamente para Luca, que segurou a mão de Aria, beijou-a e disse em voz baixa:

— Só tenho olhos para você.

Aria sorriu um pouco envergonhada. — Preciso procurar Gianna, mas adoraria conversar com você mais tarde...

— Tudo bem — respondi, grata por ela e Luca se afastarem.

De todo modo, Aria e eu não conseguiríamos conversar com os homens por perto.

Virei-me para Dante. — Você não gosta dele.

— Não é questão de gostar. É questão de autopreservação e uma dose saudável de desconfiança.

— Esse é o espírito de Natal — falei sem tentar esconder meu sarcasmo.Mais uma vez uma pontada de divertimento fez os cantos da boca de Dante se curvarem, mas logo passou.

— Gostaria de algo para comer?

— Com certeza. — Depois de alguns dias de uma dieta torturante, eu estava faminta. Enquanto passávamos pelas pessoas, percebi que o atual chefe da Outfit não estava presente. — Onde está seu pai?

— Ele não queria roubar a nossa cena. Agora que está praticamente aposentado, ele prefere ficar longe dos olhos do público — disse Dante ironicamente.

— Compreensível. — Esses eventos sociais eram exaustivos.

Tinha que tomar cuidado com o que se diz e o que se faz, ainda mais sendo o chefe. Pelos olhares penetrantes que algumas mulheres me dirigiam, sabia que eu era o assunto favorito delas.

Sabia o que diziam por trás das mãos: “Por que Dante Cavallaro escolheu uma viúva em vez de uma noiva jovem e inocente?”.

Dei uma olhada em seu semblante sem emoções, os ângulos rijos das maçãs de seu rosto, o calculismo e a atenção em seus olhos, e me vi desejando mais uma vez que a resposta para essa pergunta fosse outra coisa que não pura lógica.

O Buffet estava repleto de iguarias italianas. Peguei uma fatia de panetone para mim, já que estava desesperada por algo doce.

Como sempre, o sabor era divino. Eu já fiz algumas vezes, mas nunca ficou tão bom quanto o de Ludevica Scuderi.

— Dante — disse uma agradável voz feminina por trás de nós.

Dante e eu nos viramos ao mesmo tempo. Ines, irmã dele, com quem troquei apenas poucas palavras durante todos os nove anos em que ficamos distanciadas, estava parada à nossa frente. Ela estava grávida, provavelmente no terceiro trimestre, se eu não estivesse enganada. Do outro lado do salão estavam seus gêmeos, um menino e uma menina, ocupados brincando com Fabiano Scuderi, que era da mesma idade que eles. Ines tinha os mesmos cabelos cheios de Dante e trazia a mesma indiferença, mas, assim que seus olhos pousaram em mim, tornaram-se não necessariamente acolhedores, mas amigáveis.

— E Valentina. Que bom te ver.

— Ines — falei sorrindo. — Você está radiante.

Ela tocou a barriga. — Obrigada. É um desafio encontrar um bom vestido que caiba com essa barriga. Quem sabe você não poderia me ajudar a achar um para o seu casamento?

— Eu adoraria. E se não se importar, ficaria encantada se você pudesse ir comigo quando eu for à procura do meu vestido de noiva.

Ela arregalou seus olhos azuis. — Você ainda não escolheu um?

Eu dei de ombros. Claro que eu ainda tinha o do casamento anterior, mas não tinha a intenção de usá-lo outra vez. Significaria má sorte.

— Ainda não, mas vou atrás de um na semana que vem, então, se você estiver livre...

— Pode contar comigo — aceitou ela. Seus olhos tornaram-se bem mais calorosos. Ela parecia ter bem menos que trinta e dois e, mesmo estando grávida, não tinha ganhado um grama de peso.

Imaginei como ela conseguia. Talvez fosse a genética.

Definitivamente eu não tinha tido essa bênção. Sem o detox esporádico de um dia ou uma semana, e os exercícios regulares, eu ganharia peso sem piscar.— Maravilha. — De canto de olho, vi Dante nos observando com um leve interesse. Esperava que estivesse feliz por sua irmã e eu estarmos nos dando bem. Sabia que sua falecida esposa e Ines eram amigas. Frequentemente as via rindo juntas em eventos sociais.

— Onde está seu marido? — Dante acabou perguntando.

— Ah, Pietro foi lá fora com Rocco Scuderi para fumar. Não queriam incomodar você nem sua futura esposa.

Um músculo no rosto de Dante se mexeu.

— Você pode ir encontrá-los, se tiver algo a tratar — falei rapidamente. — Ficarei bem sozinha. Devo falar com Aria. Quer ir comigo, Ines?

Ines balançou a cabeça com os olhos nos gêmeos, que discutiam acaloradamente.

— Preciso parar aquilo ou teremos lágrimas e narizes quebrados. — Ela sorriu brevemente, depois, se apressou em direção às crianças briguentas.

Dante ainda não tinha saído do meu lado. — Tem certeza?

— Tenho.

Ele assentiu. — Não vou demorar. — Observei-o ir em direção à porta do terraço e desaparecer do lado de fora. Agora que ele tinha saído, eu pude perceber várias mulheres voltando a atenção para mim mais explicitamente. Precisava achar rápido Aria ou Bibiana, antes que uma delas me envolvesse numa conversa constrangedora. Eu me movi por entre os outros convidados, dispensando apenas um breve sorriso. Acabei encontrando Aria e Bibiana num canto calmo do salão de entrada.

— Vocês estão aí — falei, sem tentar esconder meu alívio.— O que houve? — Perguntou Aria franzindo a testa.

— Parece que todos estão falando sobre mim e Dante. Diga que estou imaginando coisas.

Bibiana balançou a cabeça. — Não está. A maioria das viúvas não tem a mesma sorte que você.

— Eu sei, mas mesmo assim... Gostaria que não se comportassem tão chocados com meu noivado.

— Vai passar — afirmou Aria, depois fez uma careta. — Logo Gianna vai estar de volta ao primeiro lugar das fofocas do dia.

— Sinto muito. Soube que teve um escândalo na festa de noivado de Gianna.

Aria assentiu. — Pois é. Gianna não conseguiu esconder sua relutância em se casar.

— É por isso que Matteo Vitiello não está aqui? — Perguntou Bibiana. Eu também me perguntava a mesma coisa, mas não quis ser intrometida.

— Não. Desde a morte de Salvatore Vitiello, Matteo é o segundo no comando e tem que ficar em Nova York quando Luca não está. — Procurei pelo mesmo sinal de nervosismo em seu rosto que ouvi em sua voz, mas ela aprendeu a esconder suas emoções.

Será que Luca estava com problemas em Nova York? Ele era novo para ser Capo. Talvez alguns grupos em Nova York estivessem tentando um motim. Algum tempo atrás talvez Aria tivesse me contado, mas agora que eu era a noiva do futuro Chefe da Outfit de Chicago, ela precisava tomar cuidado com o que deixava escapar.

Talvez estivessem tentando trabalhar juntos, mas definitivamente Nova York e Chicago não eram amigas.— Faz sentido — falei. Bibiana me lançou um olhar. Ela também deve ter captado a tensão nas palavras de Aria.

Aria arregalou seus olhos azuis. — Você ainda não me mostrou seu anel de noivado!

Estendi a mão.

— É lindo! — Exclamou Aria.

— É mesmo. Dante escolheu para mim. — Meu segundo anel de noivado, e a segunda vez que não era um sinal de amor. — Por quanto tempo ficará em Chicago? Vai ter tempo para um café?

— Iremos embora amanhã de manhã. Luca quer voltar a Nova York. Mas viremos uns dias antes para o seu casamento, então, poderemos tomar um café, a menos que você esteja muito ocupada...

— Não, não será uma grande festa, então, terei tempo para te encontrar para um café. Ligue para mim quando tiver mais detalhes.

— Vou ligar.

— E você, Bibiana? Tem tempo para uma visita amanhã? Nós também não conversamos há um tempo.

Bibiana mordeu o lábio. — Acho que posso. Agora que você é praticamente a esposa do Chefe, Tommaso dificilmente será contra.

— Isso mesmo — concordei e virei-me novamente para Aria.

— Cadê Luca?

Aria olhou em volta. — Ele queria conversar com meus pais sobre o casamento de Matteo e Gianna. Está demorando mais que o esperado.

Será que iriam cancelar o noivado? Seria a fofoca do ano.

Independente do quão relutante Gianna estivesse, não conseguia imaginar que assumiriam esse risco.Dante apareceu no batente da porta da sala de estar com os olhos fixos em mim.

— Acho que preciso ir — anunciei. Abracei Aria e Bibiana antes de ir até Dante. Parei na frente dele. — Estamos indo?

Dante parecia bastante nervoso. — Sim. Mas se quiser ficar, pode voltar com seus pais.

Isso levaria a mais fofocas. Não dava para aparecer numa festa com seu noivo e ir embora sem ele.

— Acho que não seria sensato.

A expressão de Dante foi de compreensão.

— Claro.

*** Dentro do carro, perguntei:

— Está tudo bem? — Agora que tínhamos um compromisso, pensei que não havia problema em perguntar.

Seus dedos apertaram o volante.

— Os russos estão dando mais dor de cabeça que o normal, e o fato de Salvatore Vitiello morrer neste momento crítico e Nova York ter que lidar com um novo Capo certamente não ajuda.

Encarei-o, surpresa. Quando perguntei, não esperava uma resposta tão detalhada. A maioria dos homens não gosta de falar sobre negócios com suas esposas, e eu ainda nem era casada com Dante.

Dante olhou para mim.

— Você parece surpresa.

— Estou — admiti. — Obrigada por me responder honestamente.— Acho que honestidade é o segredo para que um casamento dê certo.

— Não nos casamentos que eu conheço — falei ironicamente.

Dante inclinou a cabeça. — Verdade.

— Quer dizer que você não considera Luca um bom Capo?

— Ele é um bom Capo, ou será quando eliminar seus adversários.

Disse de maneira analítica. Como se eliminar não significasse matar outras pessoas porque causam desconforto ou correspondem a um risco para o poder de alguém.

— É o que você irá fazer quando se tornar o Chefe da Outfit?

— Se for necessário, sim, mas venho provando meu direito à liderança pelos últimos anos. Sou consideravelmente mais velho que Luca.

E ainda assim o Chefe mais jovem na história da Organização.

As pessoas também o testariam.

Dante estacionou em frente à casa dos meus pais. Desligou o motor, desceu e deu a volta pela frente do carro antes de abrir a porta para mim. Segurei na mão dele e me levantei, deixando nossos corpos tão próximos por um instante que teria sido fácil beijá-lo. Então, ele deu um passo para trás, reestabelecendo a distância adequada entre nós dois antes de me levar até a porta.

Virei para olhá-lo.

— Nunca te vi com um guarda-costas. Não é perigoso sair sem nenhum?

Dante sorriu sombriamente. — Estou armado, e se alguém quiser me pegar de surpresa, que tente.

— Você é o melhor atirador da Outfit.— Um dos melhores.

— Que bom, acho que posso me sentir segura.

Era para ter sido uma piada, mas Dante pareceu profundamente sério.

— Você está salva.

Hesitei. Ele não ia tentar me beijar? Daqui a quatro semanas estaremos casados. Não era como se precisássemos ficar afastados um do outro pelo bem da decência. Quando ficou claro que Dante não daria o primeiro passo, cheguei mais perto dele e beijei sua bochecha. Nem me atrevi a olhar seu rosto, em vez disso, abri a porta, entrei e deixei que ela se fechasse atrás de mim.

Esperei uns segundos antes de espiar pela janela ao lado da porta.

O carro de Dante se afastou. Eu me perguntei por que ele não tinha tentado me beijar. Será que era por ainda não sermos casados?

Talvez ele pensasse que não era apropriado que ficássemos tão fisicamente próximos antes do casamento. Ou, quem sabe, ele ainda fosse apaixonado pela esposa? Eu nem olhei para a mão dele para ver se tinha tirado sua antiga aliança. Será que foi por isso que as pessoas ficaram falando de mim hoje?

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Comments

Ione barbosa

Ione barbosa

vc precisa ir fazendo as mudanças com delicadeza e astúcia

2024-01-23

9

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